DERRUBADAS

Cinco pessoas do Fepasa podem perder as casas

Ontem (5), a demolição de duas casas foi impedida pela mobilização de moradores, mas há o temor de que haja nova investida

Por Nathália Sousa | 06/06/2023 | Tempo de leitura: 2 min

Reprodução

Um trator esteve no local para derrubar os dois barracos, nos quais há cinco pessoas morando atualmente
Um trator esteve no local para derrubar os dois barracos, nos quais há cinco pessoas morando atualmente

Ontem (5), duas casas do Jardim Fepasa tiveram a demolição impedida pelos próprios moradores e vizinhos do bairro. A ação, feita pela empresa que é proprietária do terreno, foi acompanhada pela Fundação Municipal de Ação Social (Fumas). Nas duas casas, há cinco moradores, um senhor em uma, que vive sozinho, e uma família de mãe e três filhos na outra.

A mãe é Jessica Aparecida de Moraes, de 30 anos, dos quais, 15 ela viveu no local. Mãe de dois adolescentes de 14 e 13 anos e de uma criança de 4 anos, ela conta que foi pega de surpresa. "Me reclamaram agora, do nada. Se falassem antes, não acontecia isso. Aqui é matagal, limpei tudo, tirei entulho e fiz um cômodo. Ninguém falou nada e depois de uns meses fiz outro cômodo. Agora tenho seis cômodos e não tem como eu perder tudo e ir para a rua com meus filhos."

"Foi por causa de mim que não passaram a máquina na minha casa e eu não fui para a rua com meus filhos neste frio. Apareceram do nada e disseram que eu tinha 10 dias para sair daqui. Se eles falassem antes, quando eu estava construindo, eu saía", conta a mãe, que sustenta a casa pegando materiais recicláveis.

Como solução, ela deveria construir um cômodo no quintal de alguém do bairro. "Não posso fazer um cômodo só e jogar minhas coisas que conquistei no lixo. Meus filhos estudam, têm que tomar banho, comer. Como fico com eles em só um cômodo para dormir?"

AÇÃO

Assim que soube que o maquinário estava no bairro, Michel Teza, que há quatro anos é líder comunitário no Jardim Fepasa, correu para dar apoio. "Semana passada a moradora me procurou e disse que iam derrubar a casa dela na segunda. Quando cheguei lá hoje (ontem), tinha uma máquina, um trator."

De acordo com Michel, eles não tinham documentos em mãos, mas alegavam ter autorização para derrubar as duas casas em questão. "Eles sugeriram para as famílias se retirarem e construírem os barracos em outra área, que tem um plano de reurbanização, mas não tinham nenhum documento mostrando isso."

ACOMPANHAMENTO

A Fumas acompanhou a ação e informa que apenas deu apoio à ação realizada pelo proprietário da área onde as famílias construíram ocupações irregulares. A Fundação destaca que nenhuma moradia, mesmo que irregular, foi derrubada. Houve apenas a limpeza de parte do terreno. A empresa proprietária da área fará a construção de um muro dentro de terreno dela, que faz divisa com o terreno do Jardim Fepasa, atualmente em fase de regularização.

Ainda de acordo com a Fumas, em relação ao auxílio-moradia, a Fundação informa que nenhuma das famílias identificadas se enquadra nos critérios atuais do programa para recebimento deste benefício.

O JJ entrou em contato com a empresa proprietária do terreno, mas não teve retorno até o fechamento desta edição. Assim que haja resposta, ela será incluída na versão on-line da matéria.

Os barracos estão em uma área mais afastada, ao lado de um matagal
Os barracos estão em uma área mais afastada, ao lado de um matagal

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