
Em Jundiaí, há aproximadamente 250 pessoas em situação de rua, ou seja, que não possuem um teto. Para quem anda pela cidade, a percepção é de que haja mais gente, mas muitas dessas pessoas estão apenas de passagem pela cidade ou fazem uso de drogas, mas têm uma residência. Um dado que corrobora isso é a quantidade de recâmbios feitos pela prefeitura no ano passado, 1.404. Isso mostra que muita gente pelas ruas de Jundiaí não é da cidade.
De acordo com o diretor do Departamento de Proteção Social Especial da Unidade de Gestão de Assistência e Desenvolvimento Social (Ugads), Luiz Guilherme Fuschini Camargo, a pessoa só é considerada em situação de rua quando, de fato, não tem teto. "Calculamos cerca de 250 pessoas em situação de rua. Tem a percepção de mais, porque, por exemplo, em distribuição de alimento, há pessoas que recebem alimento, mas não estão em situação de rua, como pessoas que moram em pensões no Centro ou vêm de outra cidade e acabem se alimentando. Não é possível definir que todas as pessoas que recebem alimento no Centro estão em situação de rua. Para estar em situação de rua, a pessoa precisa dormir na rua. Tem gente que tem uma dependência química e fica na rua, mas tem um teto, tem família."
De modo geral, porém, houve aumento do número de pessoas em situação de rua em todo o país nos últimos anos. "Antes, 95%, até 98% das pessoas em situação de rua eram homens. O homem tem tendência maior a um rompimento, que promove essa situação. A mulher nesse contexto tem mais o vínculo familiar e em situação de rua está absurdamente desprotegida. Mas tem aumentado o número de mulheres, mesmo considerando a proporção. Se a gente olhar o que vem acontecendo, de acordo com o Ipea, de 2011 a 2021, o crescimento da população foi de 11% e da população em situação de rua foi de 211%. O cálculo é que haja de 280 mil a 290 mil pessoas, especialmente em cidades com mais de 100 mil habitantes", perfil no qual Jundiaí se enquadra.
"Ano passado, realizamos 1.404 recâmbios, que é a concessão de passagens para as pessoas regressarem às cidades de origem, então tem muita gente que está em trânsito. Jundiaí é a porta de entrada do interior paulista do ponto de vista modal, é o fim da linha da CPTM. Por isso a importância do aumento da abordagem. Sempre que tem recâmbio, fazemos contato com a família de origem", explica Camargo.
FRIO
Com a queda das temperaturas, entra em ação a Operação Noites Frias, que amplia a busca-ativa a pessoas em situação de rua e distribui agasalhos. Houve em Jundiaí ampliação da abordagem social e agora são três equipes trabalhando 24 horas por dia. "O principal propósito é a preservação da vida."
"Se está 'friozinho', a recusa é de cerca de 60% e 40% vão para o abrigo. Quando o frio se intensifica, é mais fácil a oferta, aumenta o aceite. E além de proteger do frio, o acolhimento tem essa questão do indivíduo ter novamente um teto", lembra o diretor.