Opinião

A guerra termina em 2023?

30/05/2023 | Tempo de leitura: 3 min

Semana passada, completou um ano do início do conflito com a invasão da Rússia na Ucrânia em razão de condicionantes históricos e geográficos, que, não tenho dúvida, têm potencial para ocasionar um grande conflito mundial. A tensão entre os dois países se intensificou nos últimos 30 anos, motivada pela aproximação da Ucrânia do Ocidente e também por causa do desrespeito da soberania ucraniana por parte da Rússia. Assim, vejo claramente que a Rússia invadiu a Ucrânia com o propósito de combater a aproximação ucraniana com as potências ocidentais e ainda manter sua zona de influência na porção oriental do território europeu.

A guerra entre Rússia e Ucrânia tem desdobramentos relevantes, com extensas perdas econômicas e a reorganização dos protagonistas internacionais, sem falar das milhares de mortes, demonstrando pouco caso com as vítimas, que se diga de passagem, não pediram pela guerra, sem contar com os milhões de refugiados, que perderam tudo, desde os seus bens pessoais até a dignidade, diante da humilhação e fragilidade que se encontram.

A Rússia declarou claramente que a sua intensão com a guerra é "desmilitarizar e desnazificar" a Ucrânia, e não ocupá-la pela força. Entretanto, não é isso que se vê, pelo contrário, a Rússia usa do seu poderio militar para intimidar e conquistar os territórios ucranianos e assim garantir que o ocidente não se torne uma ameaça à sua soberania, além de manter a sua colocação internacional como superpotência.

A bem da verdade, a Rússia desconfiava, mas não esperava que a Ucrânia fosse contar com um apoio tão incisivo de outras grandes potências, como Estados Unidos e França, dentre outras. Porém, o fornecimento de armas e suporte financeiro é, sem sombra de dúvidas, o que mantém a Ucrânia viva e atuante nessa guerra.

Ninguém é criança aqui, para não notar que essa guerra já é a precursora de um conflito entre o ocidente e a Rússia aliada à China, como se as grandes potências estivessem se estudando para aprender como cada adversário se comporta no conflito, bem como que tipos de armas têm disponível para a batalha.

Para termos ideia, ontem, nas primeiras horas da madrugada, a Rússia lançou uma nova onda de ataques à capital Kiev, utilizando drones e mísseis de cruzeiro. E segundo o chefe da administração militar de Kiev, Serhii Popko, mais de 40 mísseis foram derrubados pela Ucrânia, marcando o 15º ataque noturno à Capital apenas no mês de maio.

O que tudo indica, é que esse ataque de ontem tenha ocorrido como uma espécie de represália russa após a Ucrânia anunciar recentemente a aquisição de mísseis Patriot, fabricados pelos Estados Unidos. A intensidade dos ataques russos foi renovada, com o objetivo dominar áreas militares ucranianas, no sentido de evitar uma assertiva da Ucrânia, o que não seria nada bom para a Rússia.

Nesse contexto, está claro que o conflito não terminará em 2023 e terá mais protagonismo dos EUA, de um lado, e da China, de outro. Indo direto ao ponto, é pouco provável que a guerra na Ucrânia, que já completou um ano, termine em 2023, segundo as principais análises e previsões.

José Roberto Charone é advogado (charoneadvogados.com.br)

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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