Opinião

Síndrome da Mulher Maravilha

06/05/2023 | Tempo de leitura: 3 min

A Mulher Maravilha foi um dos grandes ícones da cultura pop do gênero feminino e inspirou meninas e mulheres de todas as idades. Entretanto, para simples mulheres mortais e normais, como eu, que precisam desempenhar múltiplas tarefas, essa sobrecarga de responsabilidades pode levar as mulheres à exaustão física e mental. Isso é a chamada "Síndrome da Mulher Maravilha".

Entendam que isso não é um termo relacionado à saúde, nem é considerado uma doença, apenas um conjunto de sintomas que podem aparecer de diversos problemas sem uma origem especifica, mas tem sido usada para explicar o comportamento destas mulheres que querem ser super-heroínas, ou melhor, que não têm escolha, apenas tem que dar conta de tudo no seu dia, acatando diversas tarefas, mas que estão cansadas mentalmente e não imaginam o preço que podem pagar por assumir este papel.

Os sintomas da Síndrome da Mulher Maravilha são semelhantes aos do estresse. Mesmo porque a mulher já está estressada, as vezes até agressiva, sempre cansada, com dores musculares e de cabeça, pois está sempre correndo e tentando fazer todas as coisas que lhe são atribuídas, mas nem sempre conseguindo cumprir tudo o que era necessário.

Neste momento da história da humanidade é muito comum ter esse tipo de mulher à nossa volta. Porém é preciso tomar cuidado para que não haja consequências fisiológicas destas sobrecargas físicas e mentais abalando a saúde com problemas cardiorrespiratórios e metabólicos, que podem resultar em problemas de ganho de peso, por exemplo, que podem comprometer ainda mais uma mulher já sobrecarregada, afetando também o lado psicológico, a autoestima, por conta da insatisfação com a estética do seu corpo, pode abalar o social, a qualidade de vida e, principalmente, a sua saúde física e emocional.

O acúmulo de tarefas ao longo do dia leva a consequências fisiológicas extremamente graves, como alterações dos hormônios do estresse, que tem influência direta no acúmulo de gordura e também no aumento de doenças cardiovasculares, como hipertensão arterial.

A sobrecarga também acaba dificultando o sono e a mulher, sem energia, acaba comendo demais, já que o corpo não conseguiu o que precisava através do descanso, não teve um reparo físico e mental e para se acalmar e já acorda cansada e irritada, com mais um longo dia pela frente, sem energia e sem alegria, sem tempo para cuidar de si mesma.

Pois bem, se colocar no fim da fila das prioridades tem um alto preço para a saúde e pode exacerbar o estresse, a ansiedade, dificuldades para relaxar, exaustão, tensão, depressão, falta de concentração e foco, ganho de peso, dores, inflamações, cefaleias, impaciência, irritabilidade, burn-out, hipertensão, diabetes etc. O sentimento de culpa é bem prevalente, assim como a síndrome da pressa, compulsões e distúrbios alimentares, além de uma forte tendência a se doar demais para qualquer mínima tarefa. Segundo Freud, "somos feitos de carne, mas temos que viver como se fôssemos de ferro".

Não há problema em ser uma guerreira em certos momentos, mas é preciso também momentos de descanso físico e mental, é preciso pedir ajuda e tentar se reorganizar na rotina. Que não damos conta de tudo, isso é um fato. Como otimizar nosso tempo para não perder nossa saúde? Eis a questão.

É importante reverter a Síndrome da Mulher Maravilha, é possível e necessário, exigirá mudanças não só no pensamento, mas em tudo que está ao redor. Somos seres humanos imperfeitos, erramos e devemos aprender com nossos erros. A heroína não existe e está tudo bem em não dar conta de tudo, priorize o que é mais importante. Muita saúde a todos.

Liciana Rossi é educadora física (licianarossi@terra.com.br)

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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