Opinião

No compasso da vida

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Querido leitor: nossa vida vai passando rapidamente. Horas, dias, meses e anos voam.

Nossos cabelos vão se embranquecendo, nossa pele se enruga, nossa voz fica mais grossa e nossa memória fica cada vez mais curta.

Começamos a pensar no que passou e gastamos muita energia achando que se fosse diferente teríamos sido mais felizes.

Temos uma ideia que precisa ser abandonada: a de que as coisas deveriam ser diferentes do que são.

Nunca prestamos atenção no que está ocorrendo hoje, no momento atual. Nosso descontentamento busca justificativas nas coisas externas, pessoas e lugares. Se fossem diferentes seríamos mais felizes.

O fato é que, se continuarmos pensando assim, vamos desperdiçar nossa vida no descompasso, sempre no antes ou no depois, daqui a cinco anos ou dez.

O momento atual, na verdade, é único. Não podemos pará-lo. Ele está mudando o tempo todo muito dinamicamente e essa impermanência nos ensina que nada é para sempre, tudo vai rapidamente passar e está passando sem nos darmos conta de perceber o que está acontecendo agora.

Essa forma de não estar no presente nos faz frustrados sempre, e não é difícil pensarmos "eu era feliz e não sabia".

Estar no descompasso é estar atrasado em perceber que nossa vida é maravilhosa. Que temos o hoje para sermos um amigo melhor, um filho melhor, um pai, uma mãe melhor.

Ser melhor é ter qualidades humanas melhores como honestidade e generosidade, ter conduta baseada em respeito pelos outros e consideração.

Tudo, porém, precisa vir do senso de vergonha, onde pelo menos por educação paramos de cometer ações inadequadas por motivo que interessa a nós mesmos.

O senso de vergonha nos torna bons cidadãos. Não dá para esperar o mundo melhor: temos que construí-lo. Se ficamos esperando tudo estar organizado para depois nos acalmarmos nunca chegará esse momento.

O hoje pode ser percebido e mudado. O ontem, não. Agora é a hora de tomar a decisão de ser melhor.

Todos vão agradecer, já que ninguém aguenta mais mediocridades, nem hipocrisia.

Nossos filhos e netos estão nos assistindo: eles precisam perceber que podem ser boas pessoas.

Como podemos desejar um mundo melhor se não formos pessoas boas que tem bondade?

No hoje está o nosso poder. Agora, pensar no que está acontecendo ao nosso redor, decidindo como reagir calmamente, escolhendo que tipo de atitude tomar é nossa responsabilidade.

Não depende de quão rico ou estudado ou esperto você seja. Qualquer um de nós pode ser melhor: desejar ser melhor já é muito poderoso.

Quando nos tornamos pessoas melhores, somos mais felizes: nossa mente calma cria relações mais harmoniosas, ficamos mais satisfeitos com o que temos e ajudamos os outros nas suas dificuldades diárias.

Quantos benefícios teremos! isso pode começar agora.

Vamos entrar no compasso do ritmo certo.

Gen Kelsang Chime é professora no Centro Budista Kadampa Vajrayogini em Jundiaí (kelsang.chime.br@gmail.com)

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