Opinião

A necessária prudência na gestão pública

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A vida vai nos mostrando a assertividade do ditado popular de que "a prudência e caldo de galinha" não fazem mal a ninguém.

O presidente, Luiz Inácio Lula da Silva, há aproximadamente 30/40 dias atrás, em uma reunião ministerial, colocou, com propriedade diante dos trinta e sete ministérios, que nenhum ministro deveria divulgar ideias, planos ou projetos, antes de consensá-los com a Casa Civil, de forma a evitar reações inoportunas na economia e na sociedade; foi uma ação prudente e necessária.

O que vem ocorrendo no país, todavia, é que o presidente da República, de forma imprudente, faz pronunciamentos impetuosos, como as críticas ao presidente do Banco Central do Brasil, acerca da taxa básica de juros - a Selic, atualmente, em 13,75% ao ano, enfatizando que essa taxa prejudica a evolução dos investimentos e da atividade econômica no país, sem, entretanto, na época, apresentar um Plano Fiscal para o Orçamento Público e medidas reais que indicassem uma queda da inflação.

O presidente fala e ministros reverberam, às vezes sem consistência.

Uma medida que poderá provocar atraso em obras de maior importância para o país, o "marco do lançamento básico" que foi aprovado em 2020 pelo Congresso Nacional e que vinha progredindo na instalação de água e esgoto, tratados, em municípios brasileiros, em um programa de "concessões" à iniciativa privada de Capital Nacional prioritariamente e, também ao capital estrangeiro, foi modificada, voltando a prioridade para as empresas estatais, dos Estados brasileiros que, ao longo dos últimos cinquenta anos, não foram capazes de instalar essa infraestrutura, fundamental para a saúde pública; educação para as crianças e jovens e, em suma, para a qualidade de vida e o desenvolvimento socioeconômico do povo brasileiro e do país.

Agora, em Pequim, o presidente enfatizou que não entende o porquê de quase 100% das transações internacionais serem denominadas em "dólar". Xi Jinping trabalha para que o comércio com o Brasil seja denominado nas respectivas moedas: Yuan e Real.

Em sequência, Dilma Rousseff, quando de sua posse como presidente do Banco de Desenvolvimento do Brics (ideia formulada pelo Economista - Chefe da Goldman Sachs, Jim O'Neil), que reúne grupo de países emergentes de grande relevância para a economia mundial, formado por: Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, enfatizou a necessidade da "criação de uma moeda do Brics", para lastrear as transações entre esses países.

Trata-se de uma proposta sem nenhum fundamento econômico. A nossa moeda, o "Real", não é uma moeda de "curso internacional", assim como a "Rúpia" da Índia e a "Rand" da África do Sul.

Quanto ao "Rublo" da Rússia, não é aceito junto aos Estados Unidos, Europa, Canadá, Reino Unido e Japão, portanto, são moedas sem liquidez internacional. Qualquer superávit comercial de um desses países gerará reservas em suas respectivas moedas, que somente poderão ser usadas nos comércios com os mesmos países ou em países do Brics. Uma insensatez. Será que ela pensou em moedas digitais?

A China e o Brasil as possuem, os demais membros ainda não.

Messias Mercadante de Castro é professor de economia, membro do Conselho de Administração da DAE S/A e consultor de empresas (pavesicastro@bol.com.br)

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