As transações econômicas entre o Brasil e a China atingiram, em 2022, cerca de US$ 150 bilhões, contando a corrente de Comércio Exterior: exportações e importações.
O País Asiático, que tem a segunda maior economia do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos, com um PIB (Produto Interno Bruto) da ordem de US$ 26 trilhões; a China, com aproximadamente US$ 21 trilhões, é, atualmente, a maior parceira comercial do Brasil.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva viajará para a China ainda na primeira quinzena deste mês, oportunidade para assinar relevantes acordos comerciais com Xi Jinping, como no agronegócio; cooperação e intercâmbio em tecnologias de semicondutores, 5G, 6G e as próximas gerações de redes móveis, inteligência artificial e células fotovoltáicas.
Subjacentemente, no planejamento estratégico da China, considerando a disputa pelo poder geoeconômico e a guerra fria com os Estados Unidos, o País já assinou acordos com várias Nações, para que as suas transações econômicas sejam denominadas em suas respectivas moedas e não mais referenciadas em "dólar". Com o Brasil, há, em princípio, a data de primeiro de julho próximo para o início da prática desse acordo, com o registro e a monetização das transações em Yuans e reais, respectivamente.
A ideia de Pequim é a criação de uma empresa de "clearing" que fará a conversão e liquidez das respectivas moedas.
A China não é só, na atualidade, o maior parceiro comercial do Brasil, mas vem se tornando, anualmente, também um dos maiores investidores estrangeiros na formação bruta de capital fixo (investimentos diretos dos estrangeiros), no segmento da infraestrutura nacional.
Voltando às transações em Yuans, o objetivo de Pequim é a de provocar a perda da hegemonia do dólar, como padrão de referência nas exportações e importações no mundo e, gradativamente, a introdução de sua moeda como divisa global.
O importante livro de Stephen S. Cohen e J. Bradford Delong, professores de economia da Universidade da Califórnia, em Berkeley, Estados Unidos, intitulado: "O Fim da Influência" (Editora Évora), aborda "como fica o mundo quando o dinheiro muda de mãos".
A China vem trabalhando nessa direção, acumulando reservas internacionais superdimensionadas, buscando a hegemonia do Yuans.
Esse posicionamento também ocorreu no passado, sob o sistema de Bretton Woods (criação do FMI - Fundo Monetário Internacional e do Banco Mundial), quando os países da Europa Ocidental acumularam excedentes de exportação, objetivando a preservação do valor real de suas moedas, contra uma eventual depreciação do dólar.
Com uma dívida de US$ 31,0 trilhões, e um déficit em transações correntes com o resto do mundo, projetado para este ano, da ordem de US$ 1,4 trilhão, os Estados Unidos, "poderão perder (gradativamente) a influência", que é ainda predominante no mundo.
Messias Mercadante de Castro é professor de economia e membro do Conselho de Administração da DAE S/A.