Opinião

Domingo de Ramos, propício a reflexões

02/04/2023 | Tempo de leitura: 3 min

O Domingo de Ramos, hoje, inicia a Semana Santa, relembrando e celebrando a entrada triunfal de Jesus Cristo em Jerusalém, poucos dias antes de sofrer a Paixão, Morte e Ressurreição. Chama-se assim  porque o povo cortou ramos de árvores, ramagens e folhas de palmeiras para cobrir o chão onde  passava, aclamando-O "Rei dos Judeus", "Hosana ao Filho de Davi", "Salve o Messias"... Dessa forma, despertou nos sacerdotes e mestres da lei da época, muita inveja, desconfiança, medo de perderem o poder. Começa então uma trama para condená-lo à morte por crucificação, o que efetivamente ocorreu com o apoio do mesmo público que o exaltou. Circunstância típica da fraqueza humana.

E atualmente, na maioria dos países, prevalecem ideologias voltadas exclusivamente para o desenvolvimento econômico, provocando uma busca por poder e dinheiro por milhares de pessoas que quando alcançam seus objetivos, são mais respeitados do que aqueles que procuram por uma convivência fraterna, igualitária e solidária. "TER é mais importante do que SER" parece ser a motivação consolidada nos dias de hoje e para se atingir esse fim, não interessam mais os meios.

Deixam-se de lado aspectos morais, éticos e religiosos, sendo que o bem jurídico de maior proteção - a vida – transformou-se em algo descartável, quase que desprovido de qualquer valor. A mera imagem de que o sucesso é vital, passou a dominar a mídia, não importando o que se faz para obtê-lo. Em busca de celebridade, abandona-se a moral, mata-se a cultura e vale até concessões sexuais. Esse quadro criou uma sociedade injusta e excludente. As desigualdades sociais são cada vez mais gritantes e o egoísmo desenfreado acaba por direcionar ações, atitudes e até gestões políticas, que substituem interesse social por aspirações individuais de seus titulares.

Aproveitemos este Domingo de Ramos para avaliarmos nossas posturas. Verificarmos se estamos mais voltados para nós mesmos, fechados num individualismo muito grande ao invés de espelharmos respeito e afeição ao próximo. Procuremos vivenciar os propósitos da Justiça e da colaboração por um mundo melhor, onde o Direito realmente se revele no perfeito órgão regulador da ordem social.

Precisamos, através de atitudes concretas, modificar o nebuloso quadro pintado pela insensatez humana e escudar-nos em Jesus, que morreu para nos salvar e ressuscitou, para nos redimir. Portanto vivemos nestes dias Santos, um privilegiado tempo de encontro com Deus; época de pararmos e fazermos uma revisão de vida, de aprofundarmos a nossa história pessoal e compará-la à própria história de Cristo - momento de destacarmos o ato supremo de Amor. Seus ritos cheios de beleza, de encantamento litúrgico e de mistério, são comemorativos de ocorrências que têm muito a ver com as esperanças e angústias dos dias em que vivemos.

Reiteramos, ilustrativamente, trecho de artigo de autoria de Maria Helena Brito Izzo, psicóloga clínica e terapeuta familiar, publicada na revista "Família Cristã":- "Crescer não é só ter sucesso, poder e dinheiro. Na hora da morte, ninguém leva os bens consigo. Leva as vivências, as emoções e sentimentos que cultivou. Diante dessa realidade, as pessoas devem refletir, quando precisam sair de uma crise, para redescobrir os princípios, os valores, os sentimentos e os sonhos."

O importante é vivermos algo novo a cada dia para não cairmos numa triste rotina. É difícil, mas não impossível. Busquemos a paz de espírito e tenhamos muita esperança. Já se disse que a vida é uma dádiva e cada instante é uma benção de Deus.

JOÃO CARLOS JOSÉ MARTINELLI é advogado, jornalista, escritor, professor universitário e ex-presidente das Academias Jundiaienses de Letras e de Letras Jurídicas (martinelliadv@hotmail.com)

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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