Opinião

A modernidade cibernética e seus problemas

24/03/2023 | Tempo de leitura: 3 min

A história da humanidade comprova que eras se sucedem em ciclos, alternando-se períodos de predominância da razão ou emoção, da ciência ou fé, das luzes ou trevas, e todas suas mudanças são traumáticas, pois promovem rupturas.

Até pouco tempo a sociedade mundial vivia de maneira totalmente diferente do modo como vivemos atualmente, principalmente com referência à tecnologia.

Cartas manuscritas ou datilografadas, mimiógrafo, fax, cheque, telefone público com uso de fichas, antena de televisão, fita cassete e de vídeo, CD, DVD e outros itens ficaram no passado não tão remoto e são praticamente desconhecidos dos mais jovens.

Todas as funcionalidades que esses produtos e serviços proporcionavam não desapareceram, foram substituídos por novas e melhores mercadorias. É a evolução.

Vivemos na Era Digital. O produto final dos referidos objetos é hoje consumido de outra forma, na maioria das vezes sem sua presença física.

Obviamente isso traz facilidades, principalmente pela enorme quantidade de material a que a sociedade tem acesso, além de possibilitar seu consumo praticamente em qualquer lugar, sem necessidade de se ter máquinas, instrumentos ou objetos que ocupam espaço.

No entanto, todo invento e modernidade que agregue progresso sempre é explorada por uma parte da sociedade para prática de atividades ilícitas.

Hoje se acessa de tudo pela internet, até mesmo pelo celular, aparelho que é um segundo "ser" no atual modo de viver. Através dele compra-se comida, música, vídeo, arte, faz-se compra no supermercado, contrata-se serviços das mais diversas naturezas, opera-se conta bancária. Até o amor é conquistado pelos cliques do teclado de um computador.

Fato é que criminosos tiram proveito disso, e suas condutas caracterizam crimes de variadas naturezas, lesando pessoas e empresas, deixando marcas negativas pra muita gente.

Da mesma forma que cientistas desenvolvem um produto e o colocam no mercado para ser consumido pela população de bem, especialistas em assuntos digitais exploram as falhas dos sistemas e se aproveitam disso, sempre com intuito de obter lucro financeiro.

Por mais que bancos, redes sociais e aplicativos de uma forma geral tentem se aperfeiçoar a todo tempo, procurando blindar seus usuários, ao mesmo tempo "hackers" e golpistas interagem com os consumidores - não importa qual seja o produto ou serviço - e buscam vantagens ilícitas.

Cabe, nesse ponto, lembrar que a segurança, incluindo o aspecto da tecnologia, é dever do Estado e das empresas prestadoras de serviços, mas para o consumidor é um direito e também um dever. Iscas são jogadas a todo instante pelos "cyber" criminosos, cabendo ao cidadão de bem avaliar as propostas, a fim de minimizar a chance de se tornar uma vítima.

Portanto, ao comprar um produto, sempre desconfie se a oferta for muito tentadora. Analise o histórico do vendedor. Não acredite em promessas de lucro fácil. Não forneça senhas ou dados pessoais. Utilize os canais oficiais das empresas e sites antes de fechar um negócio. Desconfie da loira bonita ou do moreno alto que te mandou uma mensagem, uma fotografia ou uma proposta tentadora. Na verdade, nunca se sabe quem está do outro lado da tela.

Cabe aqui o velho ditado: se o milagre é grande, o santo desconfia.

Marcel Fehr é Delegado de Polícia do estado de São Paulo.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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