Não se pode analisar o desempenho da economia brasileira, de forma isolada, sem considerar o contexto dos fatos internacionais.
Em 2020, no ápice da pandemia da covid-19, aqui e no mundo, a economia brasileira teve um crescimento negativo, qual seja (-) 3,3 % em seu PIB (Produto Interno Bruto). Mediamente, as principais economias do mundo experimentaram um desempenho pior e caíram mais que o Brasil.
Em 2021, com a pandemia mais sob controle globalmente, a nossa economia cresceu 4,6 %, bem mais que a média mundial e gerou cerca de três milhões de empregos com carteira assinada.
Em 2022, comparativamente com 2021, portanto, sobre uma base maior, o nosso crescimento ficou em 2,9 %, com a geração de dois milhões de empregos formais. Crescemos mais que a Europa, Reino Unido, Japão, Estados Unidos e um pouco menos que a China, que cresceu 3,0 %.
Uma análise devida no Estudo de economia é a comparação entre o crescimento econômico de um País e o crescimento da sua população, em igual período. O resultado nos dará o desempenho do crescimento per capita do PIB do país e, se descontarmos a depreciação, chegaremos à renda nacional e a per capita. Em nosso caso, nos últimos três anos tivemos um saldo de crescimento da economia de cerca de 4,2 % e, nominalmente, um crescimento populacional de aproximadamente 2,4 %, também nominal, portanto, um aumento de 1,8 %, já descontados o crescimento da população, qual seja, tivemos um desenvolvimento econômico no período.
Para este ano, temos previsões de instituições financeiras e analistas econômicos de um crescimento econômico que varia em 0,2 % a 1,0 %.
Um empecilho interno está caracterizado no elevado nível dos juros praticados no mercado financeiro, quase que impeditivo para financiar os investimentos empresariais, além de menor oferta de crédito no mercado.
Há, principalmente no mercado financeiro, uma preocupação com o elevado nível de inadimplência de empresas e pessoas físicas.
Outro fato relevante se refere à tendência da política econômica do Governo, em relação ao déficit público e ao aumento da dívida mobiliária do Setor Público, ou seja, da dívida interna em relação ao PIB.
Os juros altos, que travam a economia, somente cairão se o Governo apresentar resultados favoráveis nas contas públicas. Até aqui, os números não favorecem a queda dos juros.
Ainda, contra a queda dos juros, tivemos uma inflação, medida pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor - Amplo), de 0,55 % em janeiro e 0,76 % em fevereiro e, em março, temos uma tendência de inflação próxima dos números acima, qual seja, nada positivo para o país.
Até o momento, o governo anunciou muitos propósitos importantes, porém poucas ações efetivas.
Messias Mercadante de Castro é professor de economia, membro do Conselho de Administração da DAE S/A e consultor de empresa.
Comentários
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VIVALDO JOSE BRETERNITZ 08/03/2023Bela a análise, como de costume.