O termo "Síndrome do Pescoço Tecnológico" é recente e se caracteriza pelas dores e alterações musculoesqueléticas que afetam o pescoço e, às vezes, se estendem para os braços e mãos. É sabido que quanto maior é a inclinação da cabeça para frente, maior é a carga na coluna vertebral, principalmente na região cervical.

Ao fletir a cabeça para a frente, consequentemente, a coluna cervical traz mais pressão à parte anterior dos discos intervertebrais, o que pode gerar danos a essas estruturas. Nossa coluna não é completamente reta, existem três curvaturas fisiológicas que facilitam o seu bom funcionamento e a dissipação das cargas. Ao fletir a cabeça, perdemos a lordose fisiológica, e se por muito tempo, até mesmo anos, poderá haver uma inversão da curvatura, ou seja, uma cifose cervical, o que acarretará em muitos problemas e dores.

Ler uma simples mensagem no celular, por exemplo, inclinando a cabeça para baixo e para frente, pode aumentar em até cinco vezes o peso que a cabeça exerce sobre a coluna, acredita? Para termos uma ideia, em uma posição correta (coluna cervical neutra), o peso da cabeça sobre a coluna é de cerca de 5kg. Com uma flexão cervical de 15 graus esse peso aumenta para cerca de 12kg. Essa carga aumenta para 18kg a 30 graus, 23kg a 45 graus e 28 kg a 60 graus. É muita carga para tão pequenas estruturas suportarem.

O importante é eliminar a causa da dor, ou seja, a má postura. Isso porque a dor leva a uma postura reflexa de proteção, que leva novamente à dor, e assim por diante. É como se estivesse dentro de um círculo vicioso: má postura - stress - contratura muscular - dor - postura antálgica.

A principal recomendação é que o usuário levante o aparelho até a altura de seus olhos. Assim, ele direciona o olhar para a tela do celular, sem a necessidade de baixar a cabeça ou curvar a coluna, alterando suas curvaturas fisiológicas.

Embora a posição pareça desconfortável a princípio, é recomendável que a pessoas se acostumem a essa nova postura e evite ficar muitas horas seguidas numa mesma posição. Portanto não se esqueça, evite o uso excessivo do celular em posição de flexão da cervical; faça pausas frequentes, evitando posturas estáticas prolongadas; faça alongamentos e exercícios de mobilidade ao longo do dia; posicione o aparelho na altura dos olhos, com a posição neutra da coluna cervical e se utilizar muito aplicativo de mensagens no trabalho, experimente instalá-lo no seu computador com o monitor na altura dos olhos.

Existe uma grande preocupação de como será essa evolução no futuro, pois a grande maioria das crianças e adolescentes já convive diariamente e constantemente com smartphones e tablets em posições não fisiológicas. É importante pensar a respeito disso. Muita saúde a todos.

Liciana Rossi é educadora física (licianarossi@terra.com.br)