É melhor ter paz do que ter razão

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Querido leitor, quantas vezes por dia nos sentimos frustrados?

Ou porque aconteceu o que não queríamos ou porque não aconteceu o que queríamos.

Estamos sempre buscando nossa própria satisfação, senão ficamos tristes e infelizes, ou pior, com raiva.

Dentro de nós tem um "eu" que quer tudo do seu próprio jeito .

Temos que fazer o que ele quer, mesmo que discordemos.

Esse "eu" no budismo é a mente autocentrada  chamada de auto-apreço que pensa "eu sou importante é minha felicidade é importante" enquanto negligencia a felicidade dos outros.

No livro "Oito Passos para a Felicidade", de Gueshe Kelsang Gyatso diz:

"É o nosso auto-apreço que nos faz sentir que a nossa felicidade e liberdade são mais importantes que as de qualquer outra pessoa, que nossos desejos e sentimentos contam mais é que nossa vida e experiência são mais interessantes."

Devido ao nosso auto-apreço ficamos perturbados quando somos criticados ou insultados, mas não sentimos o mesmo quando um estranho é criticado e podemos, até mesmo, nos sentir felizes quando alguém que não gostamos é criticado. Quando sentimos dor, achamos que a coisa mais importante do mundo é interrompê-la o mais rapidamente possível, mas somos muito mais pacientes quando alguém está com dor. Estamos tão familiarizados com o auto-apreço que achamos difícil imaginar a vida sem ele - para nós o auto-apreço é tão natural quanto respirar.

No entanto, se verificarmos com nossa sabedoria, veremos que o auto-apreço é uma mente totalmente equivocada, sem base alguma na realidade, não existe absolutamente nenhuma razão válida para pensar que somos mais importantes do que os outros.

Contemplando essas palavras percebemos esse padrão mental em nós mesmos, quantas vezes discutimos coisas bobas como o caminho mais curto ou damos importância para coisas completamente sem importância, como a cor mais bonita ou o time melhor, música, até o gosto do café etc.

Achamos que somos refinados e temos uma ideia sublime sobre nós mesmos, mas isto não garante o que os outros pensam de nós.

Exultantes quando vencemos, nos achamos o máximo, mas isto não nos dá nenhum prêmio, nem reconhecimento, nem mesmo fama.

Que tristeza quando percebemos que mesmo todo esforço que fizemos para agradar alguém não deu em nada.

Pense bem, é muito melhor não criar nenhuma expectativa em relação a nada. Ter uma reflexão sobre o assunto te trás clareza e elementos para sua própria convicção.

Não precisa achar que todo mundo  tem que ter a mesma posição, nem se gabar de ser melhor.

Vamos deixar o tempo dizer, afinal tudo sempre vem à tona, quer queira ou não.

Ter razão não significa ser infalível, tudo sempre está em mudança, não tem problema nenhum não proclamar quando se acerta, esquece.

Dentro de nós tem um demônio; ele é essa mente de auto-apreço, criador de todo sofrimento.

O egoísmo ou auto-apreço é o responsável por todo engano que cometemos.

Cultivar a paz é o caminho perfeito, você se sente bem quando acerta, é desafiado a pensar mais quando erra, de qualquer maneira é vantajoso, mas só pra você.

Gen Kelsang Chime é professora residente do centro budista Kadampa em Jundiaí (kelsang.chime.br@gmail.com)

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