Em crianças, a respiração bucal pode causar problemas ortodônticos, deformidades faciais, até mesmo crescimento deficiente. A maioria das pessoas desenvolve a respiração bucal quando criança, preparando o cenário perfeito para problemas a longo prazo. Os profissionais de saúde estimam que entre 10% e 25% das crianças respiram pela boca. Estudos mostram que algumas crianças com respiração bucal desenvolvem problemas de comportamento semelhantes aos encontrados em crianças com transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH).

Os especialistas concordam que respirar pelo nariz tem muito mais benefícios do que respirar pela boca. Nossos narizes processam o ar de maneira diferente de nossas bocas. Essas diferenças são a maneira de nosso corpo nos manter seguros e saudáveis. Quando inspiramos pelo nariz, ele controla a temperatura do ar, filtra toxinas, umidifica o ar e estimula o olfato. Porém, pode ser absolutamente necessário respirar pela boca durante os exercícios intensos ou se estiver com o nariz entupido por congestão, resfriado ou alergias. A respiração bucal temporária pode ajudar a levar o ar aos pulmões mais rapidamente nessas situações.

Segundo James Nestor, autor do Best Seller "Respire: a nova ciência de uma arte perdida", assim como nossa inspiração nos amplifica, nossa expiração nos acalma. Podemos usar esse simples fato com grande efeito. Quando a inspiração é mais longa do que a expiração, o coração acelera; quando a expiração é mais longa, ela diminui. "Se você está estressado no trabalho", explica Nestor, "a coisa mais fácil que você pode fazer com a respiração é exalar mais do que inalar". E utilizando o nariz para respirar você acaba treinando a musculatura que está enfraquecida e acostumada a não trabalhar.

A respiração é fundamental para a vida, assim como a luz do sol. Para otimizar a respiração é necessário ter consciência dela. Há uma forma muito barata de melhorar questões respiratórias: através de exercícios respiratórios. Desta forma será capaz mobilizar o diafragma, principal músculo respiratório, reprogramar o sistema nervoso e alcançar respirações profundas e restauradoras.

Reconhecer o seu padrão respiratório já é um começo, caso você sinta-se sem energia, acorde cansado, tenha lesões constantes e imunidade baixa. Sugiro uma avaliação do seu otorrinolaringologista, ele pode identificar os padrões da respiração bucal e encaminhá-lo para o tratamento correto. A apnéia do sono deve ser tratada, assim como problemas ortodônticos, alergias, tudo aquilo que o impeça de respirar livremente, até mesmo tratamentos com fonoaudiologistas, dependendo do caso, pode melhorar muito sua qualidade de vida. Avalie sua respiração e dos seus familiares e não ouse deixar de pedir ajuda. Respirar é viver. Muita saúde a todos.

Liciana Rossi é educadora física (licianarossi@terra.com.br)