25 DE DEZEMBRO

Festa ou dia comum? Como é o Natal na religião islâmica

Por Rafaela Silva Ferreira |
| Tempo de leitura: 3 min
Daniel Tegon Polli
Os muçulmanos comemoram apenas o Eid El Fatr e o Eid Al Adha
Os muçulmanos comemoram apenas o Eid El Fatr e o Eid Al Adha

Cerca de 2 bilhões de pessoas em todo o mundo celebram o Natal em 25 de dezembro, e pelo menos 200 milhões de pessoas comemoram o nascimento de Jesus Cristo em 7 de janeiro [caso das Igrejas Ortodoxas]. Mas também há milhões de pessoas que optam por não celebrar o Natal. Sendo assim, comemorar a data não faz parte das festividades islâmicas. Para os muçulmanos, Jesus não é o filho de Deus, mas sim um profeta; e eles não comemoram o aniversário de profetas.

Há vários motivos para a não comemoração. Um deles tem a ver com o Profeta Muhammad (Maomé), a maior figura do islamismo. Segundo a história, ele viveu na Arábia Saudita entre 571 e 632. Em outras palavras, ele viveu muitos séculos depois de Jesus Cristo. Por isso, símbolos como presépio e árvore de Natal não são usados pelos muçulmanos, assim como não há troca de presentes.

Além da relação com o nascimento do profeta Maomé, os muçulmanos não comemoram o Natal porque, todos os anos, comemoram o Ramadã, onde se acredita que o profeta recebeu a revelação da parte de Alá. O início do Ramadã é baseado no calendário lunar e os religiosos fazem jejum durante 29 dias, entre o nascer e o pôr-do-sol.

O mulçumano e praticante da religião islâmica, Fauze Hassan Ayoub, 39 anos, aceitou conversar com o Jornal de Jundiaí e explicou o que o Natal representa para sua religião. "Para os mulçumanos, essa data não é celebrada porque não acreditamos que Jesus tenha sido filho de Deus." Segundo Fauze, a crença se consolida porque não sabem, de fato, a data em que Jesus tenha nascido e acreditam que ele apenas foi enviado como um profeta portando uma mensagem a ser passada.

No entanto, em relação à celebração do Natal por parte de outras crenças, os muçulmanos mantêm uma linha de respeito, apesar de a data não ser considerada sagrada para o seu credo. "É uma data normal para nós, porém, respeitamos o dia. É como se fosse um feriado," explica Fauze. Ele explica que existem apenas duas datas comemoradas pelos mulçumanos: o fim do Ramadã (Eid El Fatr) e o Eid Al Adha (conhecido como Grande Festa ou Festa do Sacrifício). Fauze explica como esta última funciona. "A data representa o momento quando foi determinado por Deus que Abraão sacrificasse seu filho para testar sua obediência, mas, no lugar do filho, Deus colocou um carneiro."

Mohamed Fatah Salah Rasherashe tem 24 anos e, como seguidor da religião islâmica, conta que sua família não costuma fazer nenhuma comemoração no dia 25 de dezembro. Porém, sendo naturalizado no Brasil, ele sempre passa a data acompanhado de algum amigo. "Entendo a importância da época e sempre me sinto honrado em poder participar, mesmo não sendo uma festa do meu credo." O jovem também elogia a culinária natalina, de forma bem humorada. "A comida é muito boa, não tem como negar!" Mohamed completa citando que o mês inteiro do Ramadã é bem importante, principalmente por conta do Jejum Islâmico. Ou seja, se abster de comida, bebida e até de um simples copo d'água. Ele também não deixou de citar a refeição do fim de jejum. "No final tem muita comida também. É delicioso!"

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