Pensei no revestir-se do presépio a partir de uma colocação do escritor irlandês, crítico literário, ensaísta e teólogo Clive Staples Lewis (1898-1963), conhecido por seus trabalhos envolvendo a apologia cristã, no livro “O assunto do Céu”. Escreveu ele: “Entre as suas preces, certamente haverá o Pai Nosso. As duas primeiras palavras são ‘Pai Nosso’. Você vê agora o que essas palavras significam? Elas significam que você está, francamente, assumindo o papel de um filho de Deus. Para ser mais direto, você está se vestindo de Cristo. (...) Agora, no momento em que você se dá conta do ‘Olhe eu aqui, me vestindo de Cristo’, é bem provável que, naquele mesmo instante, enxergue alguma maneira de tornar aquele faz de conta em menos fingimento e mais realidade.”
“Pai Nosso...” Revestir-se de Cristo com o propósito de viver o Natal. Vieram de Nazaré, a caminho de Belém, Maria e José para o recenseamento. Viajaram pelas estradas montanhosas, com agruras, e Maria no final da gravidez. Por certo, José, em suas possibilidades materiais poucas, mas na força maior, porque se deixava guiar por Deus, preocupado em oferecer a ela a comodidade que não encontraram. Após a viagem cansativa, em caminhos de terra, com um burrinho como meio de transporte disponível, apenas um estábulo para dormir. Bem ali nasceu o Menino.
Reflito sobre as vivências de Natal de Maria. O Reino dos Céus começa com o seu “fiat” e ela não perdeu nem uma parcela de Deus em sua vida. Tudo em Maria era fazer a vontade de Deus. Ela permitiu que Deus realizasse o que quisesse. No episódio de Caná da Galileia, ao faltar vinho na festa de casamento, não pediu ao Filho que transformasse a água em vinho, apenas apresentou a necessidade no local. Atenta, na quietude, aos acenos do Altíssimo. E se não tivesse em silêncio, não teria ouvido a voz do Anjo Gabriel. As reflexões e as propostas de atitude não me deixam indiferente, mesmo que deseje.
Sinto-me convidada a três posturas neste tempo de preparação para o Natal: dizer “faça-se” nos acontecimentos que o Senhor me coloca no dia a dia, mesmo que doam; estar alerta aos sinais de Deus e servir a Nossa Senhora, oferecendo o seu Jesus nos meus caminhos, na certeza de que ela cuida de mim.
Se Deus me conceder a graça do sim na unidade de amor com a Virgem Maria, minha alma cantará com ela, com doçura e júbilo, na Noite Santa: “Glória a Deus nas alturas...”
Um Natal abençoado, gente querida!
Maria Cristina Castilho de Andrade é professora e cronista