Carta a quem faz meu coração acelerar

08/12/2022 | Tempo de leitura: 3 min

Tem memórias que tem um lugar especial em nosso coração. Eu me lembro da primeira excursão da escola, fomos ao zoológico municipal. Eu conhecia o zoológico bem, de tanto ir com meu pai aos domingos ver o leão, a girafa e comer algodão doce.

Mas aquele dia foi diferente, era com os colegas do colégio, iriamos andar todos juntos de ônibus, cantar músicas e fazer algazarra. Levar o sanduÍche de atum da minha mãe na lancheira e brincar de esconde-esconde depois do piquenique.

Me lembro que a semana inteira fiquei empolgado esperando a sexta do passeio, escolhi minha bermuda preferida, uma que era azul e branca com o desenho do Sonic, meu tênis preto All Star e minha meia do Flash, mais aleatório impossível. Quem coloca o Flash e o Sonic no mesmo look? Faltou o meu boné do papa-léguas, mas esse eu havia perdido no sítio do meu avô um ano antes correndo pelo pasto.

Acho que já deu pra perceber que eu gostava de personagens que correm. Desde criança a adrenalina da velocidade e do vento na cara mexiam comigo.

Enquanto eu separava as roupas que queria usar, minha mãe não queria deixar que eu fosse vestido assim, mas meu pai a convenceu de que era meu dia, que eu não precisava estar na moda, precisava estar feliz.

Hoje quando lembro desses momentos acho incrível como meus pais eram um a balança do outro, onde equilibravam razão e emoção e assim eu cresci vendo que habilidades somadas a desejos em comum, porém nos trazer resultados incríveis.

No dia do passeio eu acordei às cinco da manhã e não consegui mais dormir, fiquei inquieto na cama esperando o soar do despertado.

Desse dia lembro dos mínimos detalhes, desde as músicas que cantamos no ônibus, os lugares que me escondi enquanto brincávamos e até do leão dormindo na jaula ignorando toda a empolgação dos garotos do quarto ano.

Alguns anos depois eu li o livro do Antoine de Saint-Exupéry, O Pequeno Príncipe e um trecho me marcou muito quando ele fala: Se tu vens, por exemplo, às quatro da tarde, desde as três eu começarei a ser feliz. Quanto mais a hora for chegando, mais eu me sentirei feliz. Às quatro horas, então, estarei inquieto e agitado: descobrirei o preço da felicidade! Mas se tu vens a qualquer momento, nunca saberei a hora de preparar o coração...

Hoje depois de grande, e alguns anos passados, confesso que ainda tenho um exemplar do livro em minha estante, é uma forma de manter algumas lembranças da infância.

Mas a vida, sabe como ninguém girar a roleta do acaso, e foi em um desses giros que eu conheci você.

Nosso primeiro contato foi uma troca de olhares, ou apenas os meus perdidos na imensidão dos seus, quem sabe? Nossa primeira dança, eu me perdi nos seus movimentos, nas suas curvas... E no nosso primeiro beijo eu perdi a noção do tempo, e escolhi que em seus braços eu queria me aninhar, não tinha outro lugar que eu queria estar.

Quando nosso encontro se aproxima meu coração acelera, na esperança que o tempo acelere junto, mas que desacelere na sua companhia. Com você os momentos são tão especiais e únicos que sinto que falta tempo pra tudo que meu coração quer viver contigo.

E entre sorrisos, brincadeiras e danças eu já decidi que não importa o ritmo, me importa você.

Jefferson Ribeiro é escritor e cronista (jeffribeiroescritor@gmail.com)

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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