Vivemos, nesses últimos anos, mudanças drásticas na política mundial. Isso refletiu em nosso país e, de forma inevitável, na nossa cidade.
Embora pareça difícil, os relacionamentos agora estremecidos entre amigos e familiares que acreditam em lados opostos serão, em sua maioria, refeitos. O tempo é o senhor da razão e creio que muito do que estamos vivendo agora não vai se manter.
Sim, eu sou um grande otimista. Acredito que a grande maioria das pessoas não vai se deixar contaminar pelo ranço da eleição.
Porém, no mundo político, não creio que isso acontecerá. Muitas rupturas aconteceram e muita coisa mudou. O que antes era sólido e inexpugnável se tornou frágil. O que parecia óbvio se transformou em questionável, e vice-versa.
O maior exemplo disso é o Partido da Social Democracia Brasileira, o PSDB. Grande player local, que por anos e anos deu as cartas em nossa Jundiaí, parece à mercê de novos atores e ideologias que não necessariamente representam a identidade do grupo. Os candidatos locais da sigla não ganharam nada, mesmo contando com campanhas nababescas.
Que nossa cidade é conservadora, não há dúvidas. Que uma parcela é reacionária, é fato (basta olhar para os portões do Tiro de Guerra). O interessante é sentir que uma boa parcela da classe política, que não se enquadra nesse grupo mas recebia seus votos, agora tem candidatos.
Um nome se destaca: Antonio Carlos Albino (PL). Eleito presidente da Câmara de Vereadores à revelia, já que o grupo governista desejava que o vereador Márcio Pentecostes de Sousa (PP) fosse o edil escolhido para sentar na cadeira mais importante do poder legislativo local. Foi uma mudança de ares. Mesmo compondo com a situação, Albino sempre esteve longe de ser a escolha ideal do grupo hegemônico do PSDB (justamente pelo discurso reacionário). Porém, o triunfo de sua reeleição em 2020 (foi o vereador mais votado da cidade) e a incrível votação de 2022 (quase 50 mil votos, fazendo frente ao escolhido pelo PSDB, o ótimo Faouaz Taha, competente presidente da Câmara nos últimos dois anos) dão a ele cacife.
Mesmo assim, Albino, porém, está longe de ser unanimidade: ele está e representa o bolsonarismo local, que teve muitos votos na cidade, mas que pode ser confundido, acima de tudo, com antipetismo.
Sabemos que muitos dos eleitores de Jair Messias para presidente votaram nele não porque gostam de seu estilo, mas porque não queriam Lula na presidência. Uma vez que o governo do PT conseguir mostrar a que veio de forma positiva, esse jogo numérico pode mudar.
Ora, classicamente Jundiaí tem 30% de eleitores de direita, 20% de esquerda, 30% flutuando entre esses dois espectros e 20% de abstenções. Pode mudar um pouco aqui, flutuar um pouco acolá, mas é aproximadamente isso.
Junte-se a isso um PSDB fraturado, com pessoas que concordam com uma aliança com o bolonarismo (como fez Rodrigo Garcia de forma incondicional), com pessoas que pregam neutralidade e um terceiro grupo que acredita que é importante lutar pela democracia, participando da ideia de Frente Ampla que é desejo do atual governo federal.
Com esse cenário, teremos nas eleições de 2024 uma série de surpresas e de novas correntes surgindo. Novos atores.
Porém, é importante lembrar que aqueles que semeiam o vento da discórdia, do golpismo e da violência em seus discursos e ações colherão tempestade.
Será tempo de choro e ranger de dentes.
Samuel Vidilli é cientista social (svidilli@gmail.com)
Comentários
1 Comentários
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Arthur 08/12/2022Caro amigo, o PT e o descondenado tiveram 15 anos para mostrar mudança e o rumo que o país tomou foi catastrófico, só quem viveu sabe e por isso que está tão polarizado, Quanto as amizades, estão sendo sim desfeitas até porquê as pessoas estão enxergando que é melhor ter cidadãos a sua volta que somem e não subtraiam, Jundiaí é uma cidade muito boa em relação as demais, tem seus problemas sim pois, está crescendo em ritmo acelerado e descoordenado, só que sua população batalha e luta para que os filhos (as) tenham a melhor educação, não é atoa que foi considerada uma das melhores cidades para se viver, vamos fazer um comparativo com cidades do grande ABC onde reinam os imperadores petistas para entendermos que o PT não é a cura mas um dos cânceres da sociedade atual brasileira.