No meio do caminho, tinha uma manifestação

09/11/2022 | Tempo de leitura: 2 min

Depois de finalizado o pleito, pequenas grandes mudanças no governo federal. Lula não é novo no cargo, mas terá um espinhoso desafio pela frente.

O mais triste, tratando-se de Jundiaí, do nosso microcosmos, são as imensas manifestações defronte ao nosso GAC desde o fim do pleito.

Sim. Para nós, algumas daquelas pessoas, que se tornam motivo de chacota para o mundo, são mais do que números. Mais que figurantes numa trágica comédia de erros. Ali temos parentes, amigos. Pessoas que convivem conosco nessa mesma terra querida e que até então não mostravam essa sanha desproporcional motivada por avalanches de notícias falsas. Que não demonstravam tanta intolerância. Triste t<ctk:10>ambém é perceber quantos políticos correm para conseguir tirar alguma vantagem que seja da ignorância dessas pessoas, dessa verdadeira <ctk:-10>massa de manobra.

O Brasil está cada vez mais dividido e dominado pela ignorância. Além disso, a política local, com aqueles oportunistas que estão querendo beber dessa fonte, para benefício próprio.

Figuras históricas e democráticas locais já estão percebendo que, ou se unem, ou serão defenestrados por hordas de arruaceiros sedentos por marchas e toques de clarim das casernas. Pessoas que não aceitam a democracia, o voto ou que querem qualquer diálogo saudável.

E não há exagero em minhas palavras, desafortunadamente.

Os autodenominados patriotas de verdade consideram quaisquer outros que pensem de forma diferente como comunistas. Traidores. Na cabeça deles, ou se é tudo ou nada. E a política, assim como as relações humanas, é feita de nuances.

Eu posso falar isso por experiência própria porque em pleno domingo, como uma brincadeira, postei em minhas páginas um vídeo bem humorado onde a Regina Duarte chorava com a derrota do atual presidente. Nada mais que isso. Não escrevi nenhuma palavra com minha opinião, ou coisa do tipo. Uma prima muito querida disse que, apesar do amor que sentia por mim, achava minha colocação ridícula. Mas...que colocação? Por que o uso da palavra "ridícula" para desqualificar uma simples piada? Não fui respondido. Sei que essa parente me ama de verdade, mas ela não parou para pensar se podia estar machucando gratuitamente a mim, já que eu nada escrevi.

Pois se fossem apenas essas pequenas querelas familiares que se resolvem com um abraço,estaríamos bem. Porém, já passamos desse momento, infelizmente. A coisa é real e é problemática quando dias desses manifestantes jundiaienses entraram em um ônibus de alunos de Etevav e os atacaram, agrediram com a justificativa de que estavam ali "defendendo o futuro do Brasil". Para isso, sangraram um dos adolescentes.

Essa é a Jundiaí que elegeu Bolsonaro presidente no segundo turno com mais de 67% dos votos. A cidade que investe em educação, em lazer, que é uma economia pujante...  mas intolerante com o que pensa de forma contrária? Não posso acreditar nisso. Mesmo tendo provas disso com maus familiares e amigos próximos. Não podemos e não seremos isso. Somos muito mais. Precisamos repudiar atos de violência como esse. Que tal horda golpista seja tratada com os rigores da lei.

Samuel Vidilli é cientista social (svidilli@gmail.com)

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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