POPULAÇÃO

Cuidadores de idosos pedem reconhecimento e valorização

Por Nathália Sousa |
| Tempo de leitura: 2 min
Daniel Tegon Polli
Para a função de cuidador de idosos uma capacitação específica é necessária
Para a função de cuidador de idosos uma capacitação específica é necessária

Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) estimam que 30% da população brasileira terá mais de 60 anos em 2050. O envelhecimento da população demandará cada vez mais profissionais dedicados ao cuidado deste público. No entanto, a falta de representação e a desvalorização dos cuidadores de idosos profissionais levam muitos a desistirem da carreira.

Entre as principais reclamações está o desvio de função, já que muitos cuidadores acabam desenvolvendo outras tarefas durante o cuidado, como lavar e passar roupas, lavar louças, entre outras, que caberiam a um diarista.

Docente dos cursos técnicos de enfermagem e de cuidador de idosos do Senac Jundiaí, Marcos Zuim diz que muitos cuidadores reclamam. "Não existe um conselho, o Cofen [Conselho Federal de Enfermagem] e os Corens [Conselhos Regionais de Enfermagem] estão com esse olhar para absorver esse público e passar a ter um conselho de cuidadores de idosos, mas ainda não têm. Esses profissionais serem solicitados para outras atividades é fato, acontece muito", admite.

Zuim diz que há riscos nesse desvio de função, já que o cuidador é responsável pelo idoso, e orienta a imposição dos profissionais. "Se é um idoso acamado, enquanto o cuidador faz as outras coisas, o idoso pode cair do leito, e esse profissional será cobrado por isso. Tem cuidador que se impõe nisso, porque o idoso precisa de dedicação. Dar um banho no leito, por exemplo, demanda um tempo e tem uma série de riscos."

O docente acredita que muitas famílias não dão a devida importância à função. "Tem família que sabe que não precisa de cuidador, precisa de um técnico de enfermagem. Cuidador não pode verificar pressão com estetoscópio, por exemplo. Só pode usar um aparelho digital, mas mesmo assim famílias contratam cuidadores e pedem isso. E, às vezes, o profissional aceita, porque precisa trabalhar."

HUMANOS

Cuidadora de idosos há 23 anos, Claudia Moreira, de 50 anos, já atuava na área da saúde quando decidiu se dedicar à função. "Eu sou auxiliar de enfermagem, veio um respiro de hospital e me engajei como cuidadora. E gostei, fui ficando. Fiz meu nome e já tenho minhas indicações. Infelizmente existe uma desvalorização, querem uma cozinheira, passadeira, faxineira e você não tem aquele cuidado total, para o qual você foi contratada, com o seu paciente."

Para ela, a dedicação e o amor são essenciais. "Necessário ter amor à profissão, respeito com o paciente. Muitas vezes você se torna a família do paciente, porque a família não tem o tempo necessário para aquela pessoa e essa função acaba sendo incumbida a você."

Claudia também vê pessoas que não são cuidadoras exercendo a função. "Falta qualificação, tem muitas pessoas que não têm cursos e se aventuram na profissão. Aí falta empatia, amor, carinho e, muitas vezes, respeito. Tem uma legislação que diz que, a partir de uma certa idade, se o idoso ficar só, é abandono de incapaz. Isso já envolve a Justiça", conta ela sobre a obrigação das famílias.

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