Por líderes com mais sabedoria

26/10/2022 | Tempo de leitura: 2 min

Recentemente passei por uma experiência bastante peculiar. Faço parte de alguns grupos no Whatsapp com o tema: economia, design regenerativos. Em meio a 200 pessoas, umas 5 engataram em uma discussão política, por dias, nada regenerativa. A questão chegou num ponto de tamanha intolerância que a administradora do grupo decidiu por desabilitar a permissão de troca de mensagens até o final da eleição. Sem dúvida, a gente precisa de líderes diferentes, que sejam de fato amorosos, gentis e cuidadosos com a sociedade, com a natureza, com nós mesmos. E não estou só falando de políticos.

Nos grupos, depois de alguns dias de discussão, os envolvidos se insultavam com palavras muito baixas. Sei que isso está acontecendo em muitos espaços sociais, sei que estamos inflamados como sociedade numa demonstração do nível de sofrimento coletivo. A violência é uma forma torta de pedir socorro, tamanho o nível de desconexão que estamos vivendo. No início me assustou ver esse tipo de comportamento num lugar em que a tolerância deveria ser a base das nossas conversas e que a regeneração deveria ser o foco, mas o sofrimento que estamos envolvidos é tamanho que chegamos a um nível de cegueira.

Um dos grandes defensores da economia regenerativa é Daniel Christian Wahl, cujo livro Design de Culturas Regenerativas virou uma referência no Brasil. O tema é uma consequência da discussão ecológica que vem tomando força desde 1970. Resumindo, a economia regenerativa prevê a valoração econômica do que os teóricos chamam de capital original: o sol e a terra, ou seja, colocá-los no custo de produção. Observando a natureza e respeitando sua dinâmica, a proposta não é substituir o sistema capitalista, mas usá-lo como base, para imputar os recursos que são essenciais para o desenvolvimento de qualquer bem, permitindo que o mercado se auto-regule mas por meio de relações eficientes e transparentes. O movimento é pautado por princípios universais: integridade, ética, cuidado, compartilhamento, interconectividade, inovação, adaptação.

Segundo o autor, são 8 as bases para o design regenerativo, entre elas o que ele chama de "relacionamento". Ou da interdependência de todos os seres vivos, inclusive Lulistas e Bolsonaristas. Como sociedade, é evidente, nossa dificuldade de compreender nossa relação de dependência de sobrevivência (que é muito mais próxima do que a gente imagina) com o nosso vizinho. Destruir o nosso vizinho é destruir a nós mesmos. Por conta da nossa necessidade de defender nossas próprias verdades fantasiosas, nosso ponto de vista mais regenerativo do que o do outro, mais ético do que o do outro, entramos em pequenas guerras diárias. Nós definitivamente precisamos de líderes mais coerentes, pacíficos e com mais sabedoria no comando de qualquer País. Mas também e principalmente precisamos nos treinar como líderes mais pacíficos, regenerativos, tolerantes, sensíveis, cuidadosos, amorosos dos nossos times, das nossas famílias ou no mínimo das nossas próprias vidas.

Elisa Carlos é mãe da Nina e da Gabi, voluntária no Templo pela paz mundial, especialista em inovação e head de operação da Softex Nacional.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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