Datas incentivam um mundo solidário e justo

16/10/2022 | Tempo de leitura: 3 min

A FAO, órgão da ONU para a alimentação e a agricultura, escolheu hoje, dia 16 de outubro e aniversário de sua criação ocorrida em 1945, como o Dia Mundial da Alimentação, visando destacar a importância dos gêneros alimentícios à qualidade de vida das pessoas em todo o planeta. E nessa trilha, é preciso que se criem políticas específicas, já que a fome é uma causa da pobreza, não apenas sua consequência.

Atualmente, globaliza-se a miséria e não o progresso; a dependência e não a soberania; a competitividade e não a solidariedade, consolidando-se um sistema de tal forma que, para que poucos tenham muito, é necessário que muitos tenham pouco. Esse quadro de desigualdades é uma afronta à dignidade da pessoa humana e impede de construirmos um mundo fraterno e justo, onde todos possam indistintamente satisfazer suas necessidades fundamentais.

No entanto, se quisermos uma sociedade onde o viver e o convívio sejam os valores máximos, faz-se necessário um esforço maior em dar a todos iguais possibilidades de participação. A fome se revela num agravo à consciência ética da humanidade. Não por acaso a Declaração Universal dos Direitos do Homem dispõe que o alimento é condição indispensável à vida e à cidadania, ao que se poderia acrescer, também à liberdade. Assim, permanecem plenamente atuais as palavras de Adlai Stevenson, que "um homem com fome não é um homem livre". E seja qual for o entrave que tolhe a liberdade dos indivíduos, é sempre um empecilho ao desenvolvimento dos seres humanos e à plenitude da vida.

A data se constitui por isso, num bom momento para nos conscientizarmos da necessidade de reduzir a pobreza, criarmos redes de proteção social para produtores e consumidores, programas de desenvolvimento rural e o estabelecimento de condições socioeconômicas que melhorem o acesso a alimentos, através de uma reforma do sistema de comércio agrícola para que ele seja não só livre mas também justo.

Hoje também celebramos o Dia Mundial Para a Erradicação da Miséria, instituído pela ONU, que procura lembrar à opinião pública as dimensões da penúria, que deixa bilhões de habitantes sem alcance das mínimas condições de uma vida digna. Em nosso país, inclusive, erradicá-la se constitui um dos fundamentos da República Federativa, por disposição expressa da Constituição Federal.

E sexta-feira próxima, 21 de outubro, é o Dia do Lixeiro, profissional que tem papel relevante na sociedade, por ser o responsável pela limpeza das cidades, recolhendo todo o lixo produzido, seja ele reaproveitável ou não. Infelizmente, muitas pessoas desprezam esse ofício, mas não percebem que o seu exercício é fundamental ao desenvolvimento da humanidade. Se não fosse esse trabalho, viveríamos em condições anti-higiênicas e o mundo seria um enorme chiqueiro, ou melhor, um lixão. Precisamos valorizá-lo, pois os que o exercem, executam até serviços arriscados, lidando muitas vezes com materiais que podem ameaçar a saúde. Devemos por isso, homenagear esses seres humanos que tratam da limpeza pública, deixando o preconceito de lado, já que uma sociedade que não vive o amor e o respeito ao próximo está longe de aprender a conviver com os semelhantes.

Essas celebrações lembram que todos são iguais perante a lei e assim, precisamos renovar a nossa convicção de que os indivíduos são criados à imagem e semelhança de Deus e que na última raiz da defesa dos direitos fundamentais estão dignidade e a vocação social do homem à comunhão e participação como pessoa, como ser para a comunidade, como criador de relações sociais profundamente marcadas por elas.

JOÃO CARLOS JOSÉ MARTINELLI é advogado, jornalista, escritor e professor da Faculdade de Direito do Centro Universitário Padre Anchieta de Jundiaí. É ex-presidente das Academias Jundiaienses de Letras e de Letras Jurídicas. É autor de diversos livros (martinelliadv@hotmail.com).

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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