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Das uvas Cabernets, mãe e filha, a Franc e a Sauvignon

Por Murilo Azevedo Pinto | Jornal de Jundiaí
| Tempo de leitura: 4 min
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Uvas
Uvas

As uvas Cabernet Sauvignon e a Cabernet Franc são muito famosas no mundo do vinho. No entanto, importante salientar que a variedade Cabernet Sauvignon, considerada a rainha das uvas tintas e até mais famosa, não é a rainha por ser melhor, ou mais importante, mas sim porque é a mais difundida no mundo e vai bem em quase todo tipo de terroir.

Originária da região de Bordeaux, no sudoeste da França, ela surgiu de antigos cruzamentos entre as uvas Cabernet Franc (tinta) e a  Sauvignon Blanc (branca). Testes de DNA na Universidade da Califórnia confirmaram essa origem.

Suas principais características são marcadas pelos taninos densos e muito aparentes, por se tratar de uma uva pequena e de casca muito grossa, o que lhe confere uma cor profunda e aromas complexos, como de ameixa, frutas negras e cassis.

Nos vinhedos mais quentes revela traços de azeitona e amora silvestre, enquanto nos mais frios aparecem traços de pimentão. Mas tomem cuidado, porque um vinho com pimentão muito aparente pode ser um defeito.

Por envelhecerem muito bem, os melhores vinhos produzidos com a uva Cabernet Sauvignon desenvolvem outros aromas além dos acima citados, tais como o de couro, tabaco, charuto e defumado. Se o vinho estagiou em madeira, aparecem aromas como chocolate e baunilha. Em alguns casos, como no Chile e Austrália, podem surgir aromas de hortelã e eucalipto.

Por ter estrutura muito intensa e dotada de muito tanino, para não se tornar um vinho muito adstringente, muitas vezes é misturada a uva Merlot, essa um pouco mais macia, mais frutada e menos tânica.

Vale lembrar que a mistura da Cabernet Sauvignon, Cabernet Franc e a Merlot, formam uma famosa combinação conhecida como “corte borladês”, um blend imitado no mundo todo. Mas vale destacar que a Sauvignon amadurece duas semanas depois da Franc e, diante disso, os vinicultores têm excesso de zelo, pois, caso ela seja colhida verde, seus vinhos trarão aromas herbáceos em excesso, podendo se tornar um vinho extremamente desagradável.

Vale o destaque para as principais qualidades da Cabernet Sauvignon, vejam: tem boa capacidade de envelhecer; resistente a pragas; casa-se muito bem com outras uvas; proporciona vinhos de guarda; adapta-se bem ao amadurecimento em barris de carvalho; tem caráter marcante; seus aromas e sabores se destacam; adapta-se bem em vários países e regiões; e é versátil gerando tintos com grande estrutura, passando por tintos leves, saborosos roses e até espumantes!

Vale lembrar também que os intocáveis franceses, como ChateauLafite, Chateau Margaux, ChateauMoutonRotshild, Chateau Latour e Haut Brion, todos eles “Premier Grand Cru Classè”, são exemplares com predomínio de Cabernet Sauvignon. Nada mal hein? E Jancis Robinson, a mulher mais entendida de vinhos no mundo, tem uma ótima definição sobre ela dizendo que: “é a casta mais famosa do mundo para a produção de bom vinho tinto e de longa vida”. Viva!!

Já a uva Cabernet Franc, na verdade, é a Cabernet “original” digamos assim, pois como dito acima, a Cabernet Sauvignon, surgiu depois, sendo considerada a filha da Cabernet Franc, vejamos:

Até pouco tempo, a Cabernet Francera vista como uma uva secundária, utilizada apenas para corte e que se presta apenas para dar cor e outros aromas ao vinho. Nada mais injusto, haja vista ela possuir a potência e a agressividade de uma Cabernet Sauvignon, somada à elegância de uma Merlot, gerando um vinho equilibrado, com aromas de frutas vermelhas e negras, como framboesa, amora, mirtilo e groselha, além de outros secundários e terciários.

A Cabernet Franc é uma uva versátil e se adapta muito bem em diversas regiões do mundo. Nem tanto como a Sauvignon. Seu berço de origem é ninguém menos que o Vale do Loire, ela aparece sozinha e soberana nos grandes vinhos, principalmente nos famosos Chinon.

Importante destacar também que a Cabernet Franc está se despontando nos países do Novo Mundo, principalmente no Chile, Uruguai e Brasil. Isso mesmo! Encontra-se bons exemplares desta uva na Serra Gaúcha e nas terras Hermanas também.

Bom, para quem torce o nariz para a Cabernet Franc, é bom lembrar que os vinhos produzidos com essa variedade, quando bem elaborados, são vinhos de tirar o fôlego! Um clássico exemplo é o famoso Chateau Cheval Blanc, precisa falar mais?

No geral é isso! Não confundam Cabernet Sauvignon com Cabernet Franc ou ainda Sauvignon Blanc, pois já dizia Adilson “Maguila” Rodrigues: uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa! Viva!

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