Dia Internacional da Não Violência

Gandhi alicerçava seu movimento na religiosidade na paz

02/10/2022 | Tempo de leitura: 3 min
João Carlos José Martinelli

Cognominado o "Mahatma" ("a grande alma"), apóstolo nacional e religioso da Índia, o advogado Mohandas Karamchand Gandhi, estudou Direito em Londres de 1888 a 1891, tendo depois residido na África do Sul, de 1893 a 1914, onde tomou a defesa da comunidade indiana, sujeita a um racismo que as instituições tendiam a legalizar. Seus pais eram descendentes de mercadores e a palavra "gandhi" identificava os vendedores de alimentos e a casta à qual a família pertencia.

A sua doutrina - baseada no hinduísmo, no cristianismo e em alguns pensadores - é exposta em "A Autonomia da Índia" (1909), obra que contém um verdadeiro requisitório a favor da espiritualidade e contra a violência. Após o massacre de Amritsar (1919), quando os ingleses mataram diversos hindus, já vivendo em terras indianas desde 1915, ele se engajou em lutar contra o domínio da Inglaterra, motivo que o levou diversas vezes à prisão, tornando-se líder inconteste do ideal nacional de liberdade.

Transformando-se num fenômeno de massa que conseguia mobilizar também os muçulmanos, seu movimento se alicerçava na religiosidade e na paz, consagrando-se a partir de 1922 à educação popular. Os períodos de intensa militância e jornadas pacifistas eram seguidos de retiros, onde aprimorava seus meios de ação, inspirados no princípio do "Satyagraha", "reivindicação cívica da verdade" por meios não violentos ("ahimsa").

A independência do subcontinente indiano foi obtida em 1947, ao mesmo tempo em que a Índia foi dividida em dois Estados, a União Indiana hindu e o Paquistão muçulmano, um racha que Gandhi considerou inaceitável. Dedicou a partir daí, a reconciliar as duas comunidades, mas, em 30 de janeiro de 1948, foi assassinado por Nathuram Godse, um extremista hindu que acreditava que o líder havia feito muitas concessões ao novo país (Paquistão), embora o criminoso tenha sido seu discípulo.

Em homenagem à dedicação e repercussão de sua causa, e o intenso apreço por princípios fundamentais de Direito, de respeito à dignidade humana e de combate ao imperialismo, a Organização das Nações Unidas (ONU), através de resolução, declarou 2 de outubro, aniversário de Gandhi, o Dia Internacional Da Não Violência. A medida recomenda que todos os Estados-membros e organizações internacionais comemorem a data de uma "forma apropriada", divulgando "a mensagem da não violência a partir da educação e da conscientização pública".

Trata-se de uma iniciativa muito importante, pois a sua figura nos inspira a algumas reflexões. Para se construir um mundo mais fraterno e digno, é preciso, em primeiro lugar, firmar um compromisso sincero com a vida. Um gesto concreto é defender com garra os direitos de cidadania, sobretudo das pessoas mais humildes.

São Francisco, precursor da Prevenção Ecológica - Comemoramos na terça-feira, 4 de outubro, o Dia dos Animais, data escolhida porque a Igreja Católica celebra o Dia de São Francisco de Assis, que amava demasiadamente a natureza, a ponto de chamar o Sol e a Lua de irmãos e enxergar, nos bichos, provas da bondade de Deus. Nascido num povoado italiano, filho de pai rico, muito cedo se entregou ao sacerdócio com tal desprendimento, que sua opção pelos pobres e pelo despojamento inspirou ordens religiosas. Deixou-nos um testemunho de liberdade que ainda ressoa como paradigma de futuro, tanto que o presépio, um dos enfeites natalinos mais tradicionais, também foi por ele criado. Inspirados em seus exemplos, devemos abraçar a causa dos animais, garantindo-lhes vida e respeito.

JOÃO CARLOS JOSÉ MARTINELLI é advogado, jornalista, escritor e professor da Faculdade de Direito do Centro Universitário Padre Anchieta de Jundiaí . É ex-presidente das Academias Jundiaienses de Letras e de Letras Jurídicas. Autor de diversos livros

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