A Ciência e a Religião permaneceram afastadas por muito tempo. A incompatibilidade que se julgou existir entre elas provém apenas de uma observação defeituosa e de um excesso de exclusivismo, de um lado e de outro. Era preciso alguma coisa para preencher o vazio que as separava, um traço de união que as aproximasse. Esse traço de união está no conhecimento das leis que regem o mundo espiritual e suas relações com o mundo corpóreo, leis tão imutáveis quanto as que regem o movimento dos astros e a existência dos seres.
Ciência e Religião não se excluem mutuamente, elas são complementares e devem andar juntas, apoiando-se uma na outra. Assim elas marcharão combinadas e se prestarão concurso mútuo, ajudando a alavancar o progresso da Humanidade. Conforme nos orienta Allan Kardec em 'O Evangelho segundo o Espiritismo': "A Ciência e a Religião são as duas alavancas da inteligência humana; uma revela as leis do mundo material e a outra as do mundo moral. Tendo, no entanto, essas leis o mesmo princípio, que é Deus, não podem contradizer-se".
A partir do século XIX, com as teorias de Max Planck e de Albert Einstein sobre a física quântica,de que matéria é igual a energia e vice-versa, iniciou-se uma aproximação entre a Ciência e a Religião. Começou a acontecer então uma mudança de paradigma e, como toda mudança, existe um período de maturação e aceitação de novos conceitos, para que aconteça uma modificação no posicionamento da comunidade científica e na maneira como ela enxerga o mundo.
A Doutrina Espírita, também oriunda do século XIX, possui um tríplice aspecto: Religião, Filosofia e Ciência e, dessa forma, ela promove esta união entre Ciência e Espiritualidade. Ela também nos fala que tudo acontece no seu tempo certo, conforme nos mostra Allan Kardec: "O estudo das leis da matéria tinha que preceder o da espiritualidade, porque a matéria é que primeiro fere os sentidos. Se o Espiritismo tivesse vindo antes das descobertas científicas, teria sido abortado, como tudo quanto surge antes do tempo".
A Ciência e o Espiritismo andam juntos no caminho da evolução. Um servindo de apoio ao outro de forma que, num futuro, as Religiões e a Ciência se unam numa crença única nas leis naturais, promulgadas por Deus. Nesse tempo, viveremos dias de grande luminosidade das descobertas humanas e cumpriremos a lei de Deus não por medo, mas por entendê-las na sua acepção mais clara e ampla.
O Espiritismo também promove aproximação da Ciência com a Religião pela união da fé com a razão, também chamada de fé raciocinada. Fazendo isso, afastamos os Dogmas e potencializamos a nossa fé. Allan Kardec nos ensina em O Evangelho segundo o Espiritismo: "Fé inabalável só é aquela que pode encarar frente a frente a razão, em todas as épocas da Humanidade".
No livro 'A gênese', Allan Kardec nos orienta que: "O Espiritismo e a Ciência se complementam reciprocamente; a Ciência, sem o Espiritismo, se acha na impossibilidade de explicar certos fenômenos só pelas leis da matéria; ao Espiritismo, sem a Ciência, faltariam apoio e comprovação". Albert Einstein corrobora isto em sua famosa frase: "A Religião sem a Ciência é cega e a Ciência sem a Religião é manca".
Eduardo Battel é médico urologista, expositor Espírita e Coordenador da Liga de Medicina e Espiritualidade da FMJ