Gabrielle Nascimento, estudante de Relações Internacionais e porta-voz do Cari (Centro Acadêmico de Relações Internacionais) da Unesp Franca, afirmou ao GCN/Sampi que as denúncias contra o professor Gabriel Cepaluni não apareceram de forma isolada, mas se acumularam ao longo de semanas, resultando em um ato realizado no dia 2 de setembro no campus da universidade.
De acordo com a estudante, as acusações contra o professor vinham se acumulando desde o início do semestre. “Desde o primeiro dia de aula, já recebíamos denúncias de falas problemáticas e invasivas de teor sexual, além de constrangimentos em sala de aula. Muitas estudantes tinham medo de formalizar denúncias por receio de retaliação acadêmica”, contou.
Segundo Gabrielle, os relatos contra o docente surgiram de forma isolada no início, mas ganharam força durante uma assembleia do curso, quando alunas compartilharam seus testemunhos. “Esses relatos foram encaminhados para a Unesp, para o departamento, conselho e direção. Nosso objetivo era que a Unesp afastasse preventivamente o professor e conduzisse as investigações para apurar os casos e, se fosse o caso, condená-lo. A postura de assédio é inadmissível”, afirmou.
Ela explicou que o Centro Acadêmico organizou uma assembleia no dia 21 de agosto para reunir os relatos. “As estudantes relataram casos que sofreram ou testemunharam. Por isso foi elaborado o dossiê, entregue ao departamento e à direção da Unesp duas semanas antes do ato”, afirmou.
Gabrielle contou que, até o dia do ato, em 2 de setembro, a universidade ainda não havia se manifestado sobre o afastamento preventivo do professor. “A manifestação foi para demonstrar à Unesp que tínhamos um problema político-pedagógico no curso e impedir que as alunas vitimadas voltassem ao mesmo ambiente em que foram assediadas”, explicou.
O professor ministrava as disciplinas de Política Externa (3º ano) e Relações Comerciais Internacionais (4º ano).
A estudante informou que havia pelo menos 11 relatos coletados em um dossiê entregue à universidade. “Estudantes vinham contar os relatos para a gente e não conseguiam terminar de falar porque rompiam em choro de tanto constrangimento. A gente entendeu que não era possível aceitar mais uma aula desse professor”, completou.
Segundo o relato, o professor teria feito em sala de aula comentários sobre os corpos de algumas alunas, dizendo que não poderia falar muito, pois essas mesmas alunas poderiam tentar tirar vantagem dos elogios dele. Em outras duas ocorrências, Cepaluni teria feito comentários impróprios sobre os corpos das alunas fora da sala de aula.
Confusão no campus
A porta-voz disse que, quando Cepaluni chegou ao local, a expectativa era de diálogo. “Ele viu a palavra de ordem que estava sendo puxada pelos estudantes: ‘aquele que é abusador não merece se chamar de professor’. Ele chega, coloca as coisas na sala e depois sai e assume uma postura extremamente provocativa: dançou na nossa frente, agitou os braços e começou a gravar o rosto dos estudantes.”
Gabrielle contou que o professor chegou a deixar o bloco dos alunos após ser orientado a procurar a administração, mas acabou voltando — o que, segundo ela, aumentou a tensão no local. “Ele começou a xingar estudantes, empurrar, dar cotoveladas e gravar nossos rostos. Em determinado momento, ele se jogou contra os estudantes. Três alunas foram atingidas com empurrões e cotoveladas, e uma levou um soco na mandíbula. Essa estudante fez exame de corpo de delito e há registro de violência.”
Ela afirma ainda que o exame de Cepaluni não teria constatado lesões. “Diferente do que ele vem dizendo, no exame dele não consta violência. No dela, sim. Nossa postura foi de autodefesa. Tentamos retirar ele de cima das estudantes”, declarou.
Acusações recebidas como "socos"
Gabrielle afirmou que as acusações de que Cepaluni foi “recebido a socos” na universidade não correspondem aos fatos. “Nossa postura desde o início foi política e de denúncia do assédio sexual e moral, não de violência. O professor assumiu uma postura provocativa e violenta com os estudantes.”
A estudante também criticou a repercussão do caso. “Repudiamos fortemente as veiculações mentirosas que têm acontecido, com várias acusações falsas pelo professor, alegando motivação política de perseguição e omitindo os casos de assédio. Estamos preocupados com a forma como isso tem sido deturpado, inclusive com exposição de rostos de estudantes e ataques nas redes sociais”, afirmou.
“Desde o início, o nosso propósito nunca foi o da violência. O nosso propósito vem sendo a defesa das estudantes vitimadas de assédio e pela instauração de processo administrativo e afastamento preventivo daqueles que são acusados desse tipo de comportamento", completou.
Ela também criticou a utilização do caso por grupos de extrema direita. “Essas versões caluniosas que ele tem veiculado contribuem para uma narrativa que busca desmoralizar e privatizar a universidade pública. Precisamos combater isso e apresentar a nossa versão”.
Ao comentar o significado da manifestação, a porta-voz destacou que o ato representa uma posição clara do corpo estudantil. “Isso é um problema de assédio na universidade. Isso é uma coisa grave que a gente precisa combater”, finalizou.
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Comentários
4 Comentários
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Valeska 16/10/2025Mas para isso não contém com o apoio da câmara de vereadores de Franca,para a tristeza das mulheres mas fiquem espertos elas são a maioria do eleitorado -
Oliveira 16/10/2025Sempre a UNESP envolvida em confusão, sempre essa turminha, do paz e amor, apoio irrestrito a esse professor, esses professores sofrem demais.... -
Claudia 15/10/2025Essa e uma luta mesmo,quanto tantas outras, racismo, homofobia,entre outras. Devem sim fazer denuncia,se todos unirem fica mais fácil. Mas ai vem alguns e acabam com essa luta. Nao da . -
francano 15/10/2025VEREADOR DE 01 MANDATO SOMENTE. VERGONHOSO, O LEGISLATIVO DE FRANCA LUTA CONTRA O POVO.