Douglas Ferreira Pimenta, de 28 anos, trabalhador rural e único sobrevivente do grave acidente que matou dois amigos na rodovia Nelson Nogueira, entre Franca e Ribeirão Corrente, no dia 2 de agosto, concedeu entrevista exclusiva ao Portal GCN/Rede Sampi. Relembrou os momentos mais difíceis após a tragédia.
Ainda em recuperação, ele falou sobre os instantes que antecederam a batida, a troca de lugar com um amigo momentos antes, o socorro que recebeu, a gravidade dos ferimentos e como pretende levar a vida daqui para frente - agora sem consumir bebidas alcoólicas.
Ele ficou 14 dias desacordado e entubado, sofreu fraturas graves na cervical, costela e um ferimento profundo no pé. Mesmo assim, conseguiu sobreviver e já recebeu alta hospitalar no último dia 16 de agosto. Douglas reside em Ribeirão Corrente, mas é nascido em Bastos (SP).
Segundo Douglas, a fé e o socorro imediato foram determinantes para que ainda estivesse vivo. “O que fez com que eu saísse com vida foi Deus primeiramente, e o socorro imediato da doutora Maria Clara. Ela identificou que eu tinha fraturado a coluna, me resgatou e me levou para a UPA Anita, em Franca. Lá eu fui entubado e depois transferido para a Santa Casa. Se não fosse esse atendimento rápido, eu não estaria aqui”, disse.
O que ele se recorda antes da batida
Douglas afirma não se lembrar do momento exato do acidente, mas contou como foram os instantes anteriores.
“A gente saiu de uma área de lazer para comprar bebida em uma adega. Eu estava no banco da frente, mas como meu amigo reclamou das pernas, troquei de lugar e fui para trás. Depois disso, não me lembro de mais nada. Não lembro de rodovia, de poste, nada. Minha memória apagou”, relatou.
As sequelas do acidente
Douglas contou que está em recuperação e precisa usar colar cervical por dois meses devido à fratura na vértebra C2, conhecida como a que dá mobilidade para a cabeça.
“Vou começar a fisioterapia em breve. Não precisei de cirurgia porque a fratura foi isolada, não atingiu a medula. Isso foi muito bom, porque se tivesse pego na medula, eu teria que colocar pino e seria muito mais difícil. Agora é esperar o osso colar certinho”, relatou.
Além da cervical, ele também fraturou três ossos da coluna, uma costela e sofreu um corte no pé esquerdo, que expôs o tendão.
“Levantar eu consigo, andar também, mas evito por causa do curativo. Vou de ambulância deitado na maca para os atendimentos, mas já consigo tomar banho sozinho, só preciso de ajuda nas costas. Estou melhorando bem, graças a Deus”, contou.
Lições e mudanças de vida
Durante a internação, Douglas viveu momentos de extrema dificuldade.
“Eu fiquei entubado 14 dias. Depois que acordei, não podia tomar água. Molhavam uma gaze com água e eu puxava a água dali. Era maravilhoso. Às vezes, a gente tem tudo em abundância e não dá valor, até mesmo na água. Isso me fez enxergar as coisas de outra maneira”, disse, emocionado.
O jovem afirma que o acidente mudou sua visão de mundo. “A gente não sabe o dia de amanhã. Eu perdi dois amigos maravilhosos, pessoas boas que eu vou guardar no peito para sempre. Um deles ia se casar em breve e aconteceu essa fatalidade. Levo isso como aprendizado e decidi que não vou beber mais. Creio que foi um livramento de Deus”, afirmou.
O apoio da família e da namorada
Douglas destacou também a presença fundamental da namorada, que esteve ao seu lado em todos os momentos da internação.
“Graças a Deus, foi ela que foi todos os dias me ver. Minha mãe não teve coragem de me ver entubado, porque é muito triste. Quando acordei, minha namorada continuou indo todos os dias. Ela me ajuda até no banho, quando não consigo me esfregar nas costas. Sou muito grato a ela”, declarou.
Mensagem de gratidão
Mesmo com a dor da perda dos amigos, Douglas reforça a importância de agradecer diariamente pela vida. “Eu queria dizer que a gente tem que agradecer a cada dia por nossas vidas, o quão maravilhoso é estar vivo. Quantas pessoas queriam estar no nosso lugar? É preciso dar valor no agora, porque o amanhã só pertence a Deus”, concluiu.
Relembre o acidente
O acidente aconteceu na tarde de 2 de agosto, na rodovia Nelson Nogueira. O carro em que estavam Douglas e seus amigos Jerson Lordeiro Batista, de 30 anos, e Leonardo de Sousa Lisboa, de 29, bateu violentamente contra um poste de energia. O impacto foi tão forte que os três foram arremessados para fora do veículo. Jerson e Leonardo morreram ainda no local, enquanto Douglas foi socorrido inconsciente, em estado grave, e conseguiu sobreviver após dias de luta pela vida.
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Iraci mattos domingos 08/09/2025bençaode DEUS