EDUCAÇÃO

Alunos se mobilizam contra fechamento de sala em escola de Franca

Por Leonardo de Oliveira | da Redação
| Tempo de leitura: 3 min
Reprodução/Google Maps
Escola Estadual 'Capitão José Pinheiro de Lacerda'
Escola Estadual 'Capitão José Pinheiro de Lacerda'

Um grupo de estudantes da Escola Estadual "Capitão José Pinheiro de Lacerda", localizada na rua Prof. Laerte Barbosa Cintra, no Residencial Baldassari, em Franca, está se mobilizando para tentar impedir o fechamento de uma sala do 3º ano do Ensino Médio. A decisão, que deve entrar em vigor no segundo semestre de 2025, provocou preocupação entre alunos, professores e pais.

A medida prevê o encerramento da turma 3º B e a junção de seus alunos com os da 3º A, o que resultaria em uma única sala com cerca de 43 estudantes. Para os envolvidos, o impacto vai além da simples reorganização: pode comprometer seriamente o processo de ensino-aprendizagem.

“Vai atrapalhar nossa aprendizagem, porque vai juntar muita gente. O professor não consegue dar atenção para todo mundo, e tem colegas nossos que precisam de acompanhamento especial. Além disso, alguns professores correm o risco de perder aulas ou até ficarem desempregados”, afirmou o aluno Lucas Souza Ribeiro, de 17 anos.

Abaixo-assinado e presença na Câmara

A insatisfação levou os estudantes a redigirem um abaixo-assinado, que já conta com diversas assinaturas de alunos, pais e professores. O documento destaca os prejuízos pedagógicos da decisão e enfatiza que salas menores contribuem para uma educação mais eficaz. Um grupo de representantes da escola pretende comparecer à Câmara Municipal nesta terça-feira, 5, durante a sessão ordinária, para apresentar suas reivindicações.

A escola teria autorizado a participação dos alunos no ato, que não terá caráter de protesto, mas de apelo educacional. "Estamos em um ano decisivo, com vestibulares, Enem e o fim do ciclo escolar. Uma mudança brusca agora pode causar prejuízos irreparáveis para muitos colegas. E estamos acostumados com nosso espaço, nossa rotina, com professores que nos acompanham desde o início. Por isso, essa decisão, se mantida, é injusta e desrespeitosa com todos nós. Que nossa voz possa ser ouvida e que essa sala permaneça aberta, por respeito ao nosso direito à educação de qualidade", afirma Iálita da Silva Oliveira, 17.

Educação Especial e legislação

O documento entregue pelos alunos destaca também os efeitos da medida sobre estudantes da Educação Especial. A Lei nº 15.830, de 15 de julho de 2015, determina limites máximos de alunos por turma para garantir o atendimento adequado a esse público. O fechamento da sala, segundo os signatários, ignora esse dispositivo legal e prejudica diretamente esses alunos.

“O fechamento parece responder apenas a critérios administrativos e políticos, desconsiderando o acolhimento necessário às crianças da Educação Especial e os princípios de qualidade no ensino-aprendizagem”, afirma o texto do abaixo-assinado.

Impacto na equipe docente

Outro ponto citado é o impacto sobre os professores. A junção das turmas pode resultar em mudanças de turno, perdas de carga horária e até deslocamento de docentes para outras unidades escolares ou cidades vizinhas. Essas alterações interferem diretamente na rotina dos profissionais e podem afetar a continuidade e a qualidade das aulas.

Reivindicação

Os estudantes, pais e professores esperam que a Diretoria de Ensino reveja a decisão e busque alternativas que não envolvam o fechamento de turmas. “Superlotar salas não é solução - ao contrário, aumenta os conflitos em sala e prejudica a evolução das habilidades cognitivas, emocionais e sociais dos estudantes”, diz o documento.

O que diz a Secretaria da Educação?

Em nota enviada ao Portal GCN/Sampi, a Secretaria da Educação do Estado de São Paulo informou que a Escola Estadual "Capitão José Pinheiro de Lacerda" contará, no segundo semestre de 2025, com duas turmas de 3ª série do Ensino Médio, cada uma com 38 alunos. A pasta afirma que a reorganização leva em conta o fluxo de matrículas e transferências, estando em conformidade com a Resolução Seduc-SP nº 02/2016, que estabelece o limite de até 40 estudantes por sala.

A Secretaria também garantiu que o atendimento aos alunos da Educação Especial será mantido, sem prejuízo ao suporte pedagógico oferecido. A pasta, no entanto, não mencionou se haverá reconsideração da medida após a mobilização dos estudantes, pais e professores da unidade.

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Comentários

2 Comentários

  • Tiago 07/08/2025
    O ensino atualmente é pessimo e 90% dos alunos não querem saber de aprender nada. Mas quando falam em fechar uma sala, ficam todos preocupados com o prejuízo no ensino. Quem entende isso? Que realmente está por trás disso e a quem interessa de verdade que não feche a sala?
  • Francano Sensato 05/08/2025
    Interessante, esta é a mesma escola com casos GRAVISSIMOS de Bullying e indicadores péssimos de desempenho educacional. Agora querem se manifestar contra o fechamento de turmas? São os alunos mesmo que estão contra o fechamento? Acho que vale a investigação melhor GCN.