Um grupo de estudantes da Escola Estadual "Capitão José Pinheiro de Lacerda", localizada na rua Prof. Laerte Barbosa Cintra, no Residencial Baldassari, em Franca, está se mobilizando para tentar impedir o fechamento de uma sala do 3º ano do Ensino Médio. A decisão, que deve entrar em vigor no segundo semestre de 2025, provocou preocupação entre alunos, professores e pais.
A medida prevê o encerramento da turma 3º B e a junção de seus alunos com os da 3º A, o que resultaria em uma única sala com cerca de 43 estudantes. Para os envolvidos, o impacto vai além da simples reorganização: pode comprometer seriamente o processo de ensino-aprendizagem.
“Vai atrapalhar nossa aprendizagem, porque vai juntar muita gente. O professor não consegue dar atenção para todo mundo, e tem colegas nossos que precisam de acompanhamento especial. Além disso, alguns professores correm o risco de perder aulas ou até ficarem desempregados”, afirmou o aluno Lucas Souza Ribeiro, de 17 anos.
Abaixo-assinado e presença na Câmara
A insatisfação levou os estudantes a redigirem um abaixo-assinado, que já conta com diversas assinaturas de alunos, pais e professores. O documento destaca os prejuízos pedagógicos da decisão e enfatiza que salas menores contribuem para uma educação mais eficaz. Um grupo de representantes da escola pretende comparecer à Câmara Municipal nesta terça-feira, 5, durante a sessão ordinária, para apresentar suas reivindicações.
A escola teria autorizado a participação dos alunos no ato, que não terá caráter de protesto, mas de apelo educacional. "Estamos em um ano decisivo, com vestibulares, Enem e o fim do ciclo escolar. Uma mudança brusca agora pode causar prejuízos irreparáveis para muitos colegas. E estamos acostumados com nosso espaço, nossa rotina, com professores que nos acompanham desde o início. Por isso, essa decisão, se mantida, é injusta e desrespeitosa com todos nós. Que nossa voz possa ser ouvida e que essa sala permaneça aberta, por respeito ao nosso direito à educação de qualidade", afirma Iálita da Silva Oliveira, 17.
Educação Especial e legislação
O documento entregue pelos alunos destaca também os efeitos da medida sobre estudantes da Educação Especial. A Lei nº 15.830, de 15 de julho de 2015, determina limites máximos de alunos por turma para garantir o atendimento adequado a esse público. O fechamento da sala, segundo os signatários, ignora esse dispositivo legal e prejudica diretamente esses alunos.
“O fechamento parece responder apenas a critérios administrativos e políticos, desconsiderando o acolhimento necessário às crianças da Educação Especial e os princípios de qualidade no ensino-aprendizagem”, afirma o texto do abaixo-assinado.
Impacto na equipe docente
Outro ponto citado é o impacto sobre os professores. A junção das turmas pode resultar em mudanças de turno, perdas de carga horária e até deslocamento de docentes para outras unidades escolares ou cidades vizinhas. Essas alterações interferem diretamente na rotina dos profissionais e podem afetar a continuidade e a qualidade das aulas.
Reivindicação
Os estudantes, pais e professores esperam que a Diretoria de Ensino reveja a decisão e busque alternativas que não envolvam o fechamento de turmas. “Superlotar salas não é solução - ao contrário, aumenta os conflitos em sala e prejudica a evolução das habilidades cognitivas, emocionais e sociais dos estudantes”, diz o documento.
O que diz a Secretaria da Educação?
Em nota enviada ao Portal GCN/Sampi, a Secretaria da Educação do Estado de São Paulo informou que a Escola Estadual "Capitão José Pinheiro de Lacerda" contará, no segundo semestre de 2025, com duas turmas de 3ª série do Ensino Médio, cada uma com 38 alunos. A pasta afirma que a reorganização leva em conta o fluxo de matrículas e transferências, estando em conformidade com a Resolução Seduc-SP nº 02/2016, que estabelece o limite de até 40 estudantes por sala.
A Secretaria também garantiu que o atendimento aos alunos da Educação Especial será mantido, sem prejuízo ao suporte pedagógico oferecido. A pasta, no entanto, não mencionou se haverá reconsideração da medida após a mobilização dos estudantes, pais e professores da unidade.
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Comentários
2 Comentários
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Tiago 07/08/2025O ensino atualmente é pessimo e 90% dos alunos não querem saber de aprender nada. Mas quando falam em fechar uma sala, ficam todos preocupados com o prejuízo no ensino. Quem entende isso? Que realmente está por trás disso e a quem interessa de verdade que não feche a sala? -
Francano Sensato 05/08/2025Interessante, esta é a mesma escola com casos GRAVISSIMOS de Bullying e indicadores péssimos de desempenho educacional. Agora querem se manifestar contra o fechamento de turmas? São os alunos mesmo que estão contra o fechamento? Acho que vale a investigação melhor GCN.