
A Secretaria de Estado da Educação de São Paulo divulgou nessa segunda-feira, 7, o resultado da primeira rodada da consulta pública sobre a implementação do Programa das Escolas Cívico-Militares. De cinco escolas candidatas a implantar o modelo em Franca, três foram classificadas pela comunidade escolar. Outras duas não conseguiram o quórum.
De acordo com o balanço oficial, 70 escolas em todo o Estado foram aprovadas pela comunidade escolar para integrar o programa a partir do segundo semestre de 2025. Outras cinco escolas foram reprovadas, enquanto sete unidades não registraram votos. Além disso, 220 escolas participantes não atingiram o quórum mínimo necessário para aprovação ou reprovação.
Em Franca foram aprovadas três escolas, sendo elas, Carmem Munhoz Coelho (Jardim Boa Esperança), Sudário Ferreira (Parque Vicente Leporace II) e Antônio Fachada (Parque Vicente Leporace I). As escolas Mário D´Elia (Jardim Consolação) e Michel Haber (Jardim Paulistano) também eram cotadas para aderir ao sistema, mas não conseguiram atingir a quantidade mínima de votos para aprovação ou reprovação.
A consulta pública é uma etapa obrigatória para a adesão das unidades ao modelo cívico-militar, que propõe uma gestão compartilhada entre profissionais da educação e militares da reserva. Confira a lista com todas as escolas clicando aqui.
2ª e 3ª rodadas de votação
A segunda rodada acontece via SED (Secretaria Escolar Digital) desde essa segunda-feira, 7, e esta quarta-feira, 9. Caso haja a necessidade de uma terceira votação, o período previsto no calendário é de 15 a 17 de abril. O resultado final será divulgado em 25 de abril. As etapas do processo e a lista de escolas estão publicadas na edição de 28 de fevereiro do Diário Oficial do Estado.
Quem pode votar
• Mãe, pai ou responsável pelos alunos menores de 16 anos de idade;
• Estudantes a partir de 16 anos de idade, ou seus familiares, em caso de abstenção de alunos dessa faixa etária. Não é possível o voto do estudante mais o voto do responsável nesse caso;
• Professores e outros profissionais da equipe escolar.
Como funciona a consulta pública
Para se tornar cívico-militar, na votação, a escola tem que alcançar o quórum mínimo e deve ter, pelo menos, 50% + um dos votos válidos. Cada voto poderá ser computado apenas uma vez. Ou seja, as unidades que tiverem 2ª e 3ª rodadas só poderão contar com os votos de quem não votou na rodada anterior.
Currículo e processo seletivo das escolas cívico-militares
As escolas cívico-militares seguirão o Currículo Paulista, definido pela Secretaria da Educação. A pasta também será responsável pelo processo de seleção dos monitores.
Caberá à Secretaria da Segurança Pública apoiar a Secretaria da Educação no processo seletivo e emitir declarações com informações sobre o comportamento e sobre processos criminais ou administrativos, concluídos ou não, em que os candidatos a atuar como monitores nessas unidades de ensino possam estar envolvidos.
Como funcionará o programa cívico-militar
Segundo a Secretaria da Educação, as Escolas Cívico-Militares não representam uma nova modalidade de ensino, mas sim um modelo de gestão escolar voltado para instituições com baixo IDEB e alunos em situação de vulnerabilidade social. O objetivo é contribuir com a qualidade da educação básica, promovendo um ambiente escolar mais seguro e disciplinado.
A pasta esclarece que não se trata de militarização. Os militares não assumem funções pedagógicas, não ministram aulas nem interferem na gestão escolar, atuando apenas como colaboradores em atividades extracurriculares e na organização da rotina escolar.
A implantação do programa respeita, de acordo com a Secretaria, os princípios democráticos e ocorre somente com a aprovação da comunidade escolar. O projeto político-pedagógico das escolas permanece inalterado, assim como a jornada de trabalho, estrutura funcional, atribuição de aulas e processos de contratação de professores.
O Estado afirma que o uso de uniforme será obrigatório, contribuindo para a identidade e o senso de pertencimento dos alunos. Os militares envolvidos receberão capacitação específica, e sua relação com a equipe pedagógica será de apoio, sem substituição de funções.
Todas as escolas podem aderir ao programa, exceto aquelas com características específicas, como ensino noturno, rural ou conveniado. A educação especial seguirá sendo atendida conforme a legislação vigente, e os servidores terão liberdade para solicitar remoção de escola, conforme os processos normativos da rede estadual.
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Comentários
9 Comentários
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Baltazar 09/04/2025A doutrinação estatal para a formação da Juventude Hitlerista começou exatamente assim.
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Gabriel 09/04/2025O povo achando que ensinar \"disciplina militar\" vai \"salvar a educação\" e \"tirar os jovens do crime\", faz-me rir! A polícia militar é educada na mesma disciplina e nem por isso ela é mais correta ou disciplinada, pelo contrário, prevarica, faz mílicia, achaca os moradores e tem complexo de superioridade. Aliás, o PCC ali do lado oferece a mesma educação com disciplina militar, mas a recompensa pra quem passa pelo processo é cordão de ouro, moto kawasaki e uma posição mais alta naquela sociedade, o que as escolas cívico-militares estão oferecendo pros alunos além de fazer parte da propaganda do Tarcísio?
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Beto Chagas 08/04/2025\"(...) não representam uma nova modalidade de ensino, mas sim um modelo de gestão escolar voltado para instituições com baixo IDEB e alunos em situação de vulnerabilidade social.(...)\", diz o texto sobre como funcionará o modelo. 1) não é modelo novo e, sim, o resgate do fundamentalismo pedagógico do período imperial, com adaptações; 2) instituições com baixo IDEB se devem às péssimas condições de trabalho e má gestão (muitas vezes não é culpa da direção, mas à falta de autonomia administrativa compatível com as características de cada comunidade escolar); 3) ser aluno em situação de vulnerabilidade social não significa baixa capacidade de aprendizagem e, sim, que este é vítima de um sistema social e econômico excluidente, além de que essa afirmação é criminosamente preconconceituosa porque escancara a mentalidade de que pobre vira bandido. Quem sabe o Ministério Público possa fazer alguma coisa pra barrar esse absurdo...
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Juarez 08/04/2025Uai? As escolas da periferia, que segundo dizem têm sérias indisciplinas, violência, etc.,fica fora e as melhores dentro. Assim é fácil obter resultados.
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Alex 08/04/2025Calma Cris! As escolas foram escolhidas mediante consulta pública, onde participaram pais e responsáveis dos alunos menores de 16 anos, os alunos maiores de 16 anos, professores e outros profissionais e quem é você na fila do pão para opinar sobre a criação dos filhos dos outros? O mesmo serve para o José.
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Geraldo Gomes 08/04/2025Mas os pais poderão escolher outro tipo de escola para os seus filhos, né?.
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José 08/04/2025Opaa o carioca Tarcínico implementando 3 bases do neofasci$m0 aqui nas 3 colinas.
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Freitas 08/04/2025Excelente! Quem sabe assim paramos de perder jovens para o crime organizado e tenhamos mais jovens adultos responsáveis, organizados e com um futuro promissor. Além de professores menos estressados e inseguros - todo mundo ganha. Menos os militantes.
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Cristina Neves 08/04/2025É um retrocesso sem fim. É isso que a extrema direita faz, o que é pior, com a anuência do povo que acredita que uma escola cívico-militar irá consertar o problema das crianças. A pessoa quer ter filho, mas não que ter trabalho, acha mais fácil transferir a educação pra escola ???????