BAURU

Praça concentra moradores em situação de rua e prefeitura age

da Redação
| Tempo de leitura: 3 min
Guilherme Matos/JC
Morador em situação de rua que vivia na barraca agora está com a família no Octávio Rasi
Morador em situação de rua que vivia na barraca agora está com a família no Octávio Rasi

A presença de moradores em situação de rua na Praça Washington Luiz, no Centro de Bauru, tem incomodado os frequentadores do Santuário Nossa Senhora Aparecida e vizinhos. Entre as principais queixas estão o acúmulo de lixo e o uso de entorpecentes no local. O caso provocou uma ação do projeto "Ajude de Verdade", da Secretaria Municipal de Assistência Social (SMAS) da Prefeitura de Bauru.

Denúncias enviadas ao JC informaram que alguns moradores em situação de rua, sob efeito de drogas, tornavam-se violentos, entravam no templo e até agrediram verbalmente algumas das funcionárias do local. O morador em situação de rua Reginaldo Ferreira da Silva, 36 anos, contesta as acusações. Ele explica que, em conjunto com outras pessoas, procura manter a ordem e a limpeza no local. Porém, alguns usuários de entorpecentes acabam desrespeitando o ambiente. "Por conta de duas ou três pessoas que agem dessa forma, todos nós acabamos pagando e sendo mal vistos", explica.

Uma mulher que vive no local, Cristiana Aparecida da Silva, 42 anos, diz que tem interesse em deixar o local. No entanto, tem encontrado dificuldades para encontrar vagas femininas no albergue de Bauru. "Toda vez que a abordagem vem, eu peço vagas para ir para o albergue ou casa de passagem, mas dizem que não há vagas", afirma.

Natália Assis, 41 anos, que também vive no local, relata dificuldades de mobilidade. Ao JC, ela conta que tem interesse em ir ao Centro POP e utilizar outros serviços da Prefeitura de Bauru. No entanto, ela não consegue levantar do chão e, por isso, não consegue acessar seus direitos. "Eu queria uma cadeira de rodas. Não precisava nem ficar usando, só para chegar até o Centro POP", lamenta a mulher.

A reportagem esteve no local no dia 11/3 e pediu uma nota de posicionamento da Prefeitura de Bauru e esclarecimentos a respeito dos relatos de falta de vagas. O Executivo informou que o projeto "Ajude de Verdade" esteve no local no dia 17 e teria solucionado o problema. Num total de 10 moradores, 5 foram acolhidos, uma pessoa orientada e outras quatro teriam recusado o acolhimento.

Lúcia Rosim, titular da Secretaria de Assistência Social, divulgou um vídeo em suas redes sociais com as ações na praça Washington Luiz. No post, ela narra a história de um dos moradores que estava no local. Ele morava em uma barraca e estava doente, morando na rua há anos. Ela afirma que foi um longo processo para que o homem aceitasse atendimento. Ele deixou o local em uma ambulância do Samu. Posteriormente, o filho do homem foi localizado e ele está com a família.

AVALIAÇÃO

Glauber Woida, assistente social especialista em gestão de políticas e professor de Serviço Social e Processo de Trabalho da Instituição Toledo de Ensino (ITE), avalia que a indignação da população não se dá apenas pela presença dos moradores de rua, mas pela falta de soluções eficazes. "A população de Bauru é caridosa, tenta ajudar. Mas o que percebo é uma frustração com a ineficiência das políticas públicas. São sempre as mesmas pessoas na rua há anos, sem mudança real em suas vidas", explica.

O projeto "Ajude de Verdade" busca coordenar esforços para atendimento e reinserção social dessa população. Segundo Woida, a nova gestão da Secretaria de Assistência Social tem provocado mudanças notáveis. Sob o comando de Lúcia Rosim, a equipe técnica foi mobilizada para atuar diretamente com os moradores de rua. "A secretária conseguiu algo que ninguém antes fez: tirou os técnicos do gabinete e levou para a rua. Profissionais que há anos não tinham efetividade agora estão trabalhando diretamente com essa população", afirma Woida. Ele destaca que a aproximação da gestão com os serviços de saúde tem sido um diferencial, especialmente no atendimento de pessoas com transtornos relacionados ao álcool e drogas.

Apesar dos avanços, ainda é cedo para confirmar a efetividade do programa. "A finalidade da política de assistência social é garantir a proteção social. No sistema público, isso envolve três tipos de segurança: segurança de autonomia e renda, segurança de acolhida e segurança de convívio familiar e comunitário. ", pondera Woida.

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