Deputado estadual em terceiro mandato, o engenheiro Ricardo Madalena (PL) vê com bons olhos a recém-aprovada Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), encabeçada por ele no âmbito da Assembleia Legislativa de São Paulo, para investigar o colapso dos serviços públicos causado por eventos climáticos severos.
Segundo ele, queixas a respeito de concessionárias de energia têm sido frequentes em praticamente todos os municípios que visita mensalmente. "Se nada for feito, a população é que pagará por isso", afirma Madalena sobre a necessidade de melhorias no setor. Segundo o deputado, essas empresas têm de se preparar às já perceptíveis mudanças climáticas.
O parlamentar também lidera um movimento contra a instalação de pedágio nas rodovias paulistas, sobretudo na Raposo Tavares - cuja concessão, diz, não faz sentido. "Tivemos R$ 1 bilhão em investimentos na Raposo nos últimos anos. É uma rodovia que está bem", sustenta.
Madalena esteve em Bauru na semana passada. Além de R$ 300 mil em emendas que indicou a entidades sociais do município, o parlamentar revelou ao JC que também vai repassar outros R$ 300 mil a obras de infraestrutura no Jardim Marambá.
Ele conversou com a reportagem no Café com Política, acompanhado do vereador Arnaldo Ribeiro (Avante), de quem é amigo. A seguir, os principais pontos da entrevista.
JC - O sr. conseguiu o número de assinaturas necessárias para instaurar uma CPI para investigar o colapso em serviços públicos em decorrência de mudanças climáticas. De onde veio o pedido pela investigação?
Madalena - A CPI tramitou em diversas comissões. Resta somente a aprovação na Comissão de Justiça da Assembleia. Vamos apurar as falhas de entes e órgãos públicos em decorrência de causas climáticas, severas e drásticas.
Comecei a costurar a CPI em 2023 e agora que conseguimos aprová-la. O setor de energia hoje é regido pela iniciativa privada, que visa lucro. Isso diminuiu drasticamente o número de colaboradores das empresas, em prejuízo para o setor.
JC - No caso de São Paulo, aliás, a Aneel chegou a acusar a Enel de descumprir o plano de contingência que pretendia ampliar o quadro de funcionários.
Madalena - Exatamente. O anúncio foi para inglês ver e ficar de bem com a opinião pública. Diz que vai tomar providência mas de fato não o faz.
JC - O caso mais emblemático ocorreu em São Paulo, com milhares sem energia durante dias. Mas esse problema parece ser mais amplo. O Ministério Público em Bauru chegou a ajuizar ação contra a CPFL alegando omissão na manutenção da rede. É uma queixa generalizada?
Madalena - Sim, com certeza. É uma avaliação geral. Eu acompanho cidades de todos os portes pelo Estado e percebo críticas na maior parte delas. Até porque hoje nós não temos mais as quatro estações do ano bem definidas. A gente pode estar conversando aqui e daqui a pouco vem um alerta da Defesa Civil sobre chuva intensa e recomendando buscar abrigo. E as concessionárias de energia precisam se adequar a essa nova realidade. Elas devem pensar, acima de tudo, no bem-estar da população. Se nada for feito, afinal, a população é que pagará por isso.
JC - O sr. lidera também um movimento contra novas praças de pedágio em rodovias que o governo quer conceder. O que ocorre neste caso?
Madalena - Há pouco mais de cinco anos nós atuamos para viabilizar quase R$ 1 bilhão em investimentos na rodovia Raposo Tavares, com duplicação e outras obras de infraestrutura. Isso diminuiu drasticamente as mortes na estrada.
O governador Tarcísio, até pelo trabalho com concessões que exerceu no Ministério da Infraestrutura, quer entregá-la à iniciativa privada. Repito com todas as letras: eu sou contra o plano de "pedagiar" a rodovia, principalmente a Raposo. Sobretudo porque nós tivemos R$ 1 bilhão de investimento recentemente.
A rodovia vai bem. Somente nós que apresentamos quesitos na consulta pública da concessão. Foram 24 itens que apontamos.
Mas isso também é uma prerrogativa do governador. Se de fato o plano se concretizar, que se façam os benefícios que requeremos.
JC - O sr. tem bom trânsito tanto na Alesp como no próprio governo de São Paulo. Já é possível fazer um balanço dos 2 primeiros anos de Tarcísio?
Madalena - Eu trabalhei quatro anos e meio com o Tarcísio no Dnit. É uma pessoa série, competente, muito técnica. E que tem a opinião pública ao seu lado. Vejo que o governo tem sido bem sucedido. Mas noto que a classe política tem se queixado, principalmente do lado dos municípios.
Aprovamos um orçamento de R$ 372 bilhões ao Estado. Na gestão passada eram R$ 280 bilhões - R$ 90 bilhões a menos, portanto. E se fez muito mais do que agora. Acho que falta uma interlocução melhor com os municípios, um respaldo maior. Eu sou um deputado municipalista, visito cerca de quase 200 cidades todo mês e noto isso. Mas reforço: o governo vai bem.
Fale com o GCN/Sampi!
Tem alguma sugestão de pauta ou quer apontar uma correção?
Clique aqui e fale com nossos repórteres.