O fragmento da bela canção dos mestres maiores da poesia cantada brasileira remete-me a uma sensação de que, no fundo, bem no fundo, o mundo não devia ficar tão espantado quando assiste a auto destrutividade de grandes artistas em todas as áreas.
Volta e meia, nos deparamos e nos assustamos com notícias de suicídios, ataques depressivos, crises existenciais, derrotas vertiginosas para as drogas, alcoolismo, momentos de destempero, mortes na mais tenra idade etc. -tudo ligado a artistas que sempre admiramos e aprendemos a respeitar ao longo de nossas vidas, como fossem alguém de nossas famílias.
Sim! A pessoa que nos toca profundamente com uma canção, como a outra que nos embeleza o dia com um poema. Aquela que nos escancara um sorriso com uma cena engraçada como acolá outra que nos conduz aos mais interessantes devaneios através de sua interpretação. Todas entram em nossas vidas como gente de casa. Gente da família, mesmo.
Eu entendo que a arte é a mais genuína expressão de amor. Não falo dessa arte mesquinha, oportunista e mercenária que tanto se vê. Falo da arte pura. Da arte praticada como um sacerdócio. Daquela em que o artista empenha a alma, muito mais que a própria vida.
Como expressão de amor, é carregada de tristeza. Se expressão de grande amor, de grande tristeza também. Daí a depressão. A fuga para as drogas e o álcool. A agressividade latente ante a incompreensão. Um passo mais e a fatalidade está logo ali.
Pessoa escreveu que o poeta é um fingidor. Não é!
Não há como fingir, quando a vida real se torna etérea.
Porque é nesse momento que se está diante da própria essência.
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