NOSSAS LETRAS

Evocação

Por Zerroberto de Souza | Especial para o GCN/Sampi Franca
| Tempo de leitura: 2 min

Tá lá no “Aurélio”: s.f.: ato ou efeito de evocar. (V.t.d.:1.-Chamar algo ou alguém de algum lugar.2.-Fazer aparecer, chamando por meio de esconjuros, invocações ou exorcismos(as almas do outro mundo, os demônios). 3.-jur.Transferir (uma causa) de um tribunal para outro. 4.-Trazer à lembrança, à imaginação.

Atento-me à última definição: trazer à lembrança, à imaginação.

É diferente de saudade, porque esta implica em uma lembrança com vontade de revivescência, com a nostálgica sensação de alguma perda em razão da ausência, e, mais que tudo, com sentimento de certa impotência.

Também é diferente da sensação conhecida como “dèja vu”, eis que nesta, prepondera a sensação de se ter vivido certa situação em momento ou circunstância incerta, subconsciente, e que talvez nem seja real.

Evocação diz respeito a fatos e coisas certas e objetivamente acontecidas. E ela vem de onde menos se espera.

Uma rua de subúrbio. Uma escola. Uma praça. Uma foto postada por alguém na rede social.

Uma canção que se ouve na madrugada, enquanto insone se liga o rádio em estação aleatoriamente sintonizada.

Tudo serve para trazer à lembrança, momentos, ora da infância, ora do final da puberdade. Ora de liberdades vividas, ora de beijos roubados, com ou sem punição. Não são saudades. São lembranças que se perdem no correr do dia a dia, e que aparecem de repente, em momentos fugidios, e com duração passageira.

Olho à janela e vejo a rua molhada. O reflexo da luz do poste no leito carroçável. A chuva é fina, mas constante e benfazeja.  Não há enxurrada nos meios-fios. Mas sobra a evocação de um tempo em que a madrugada permitia devaneios, sem preocupação com assaltos em cada esquina. Em que as serenatas só eram atrapalhadas pelos cães bravos que habitavam os quintais. Em que a vida se permitia ser vivida.

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