SABATINAS GCN

Cortez quer fim do contrato com a São José e tarifa zero

Por Higor Goulart | da Redação
| Tempo de leitura: 8 min
Denise Silva/GCN
Guilherme Cortez (PSOL) passou por sabatina no GCN/Sampi nesta segunda-feira, 2
Guilherme Cortez (PSOL) passou por sabatina no GCN/Sampi nesta segunda-feira, 2

O candidato do PSOL à Prefeitura de Franca, Guilherme Cortez, discordou das críticas que recebeu de ser "vaidoso" durante as tentativas de formar uma união de partidos em torno de uma candidatura única deste campo ideológico na cidade. O comentário de Cortez aconteceu durante sua entrevista ao GCN/Sampi, realizada nesta segunda-feira, 2.

Ao longo de 50 minutos de entrevista, o deputado estadual rebateu que tenha comportamento personalista e afirmou estar na única coligação (que reúne mais de um partido, além das federações) de esquerda na cidade. Além disso, defendeu propostas para as minorias, revogação do contrato com a empresa São José e políticas públicas para população em situação de rua.

Guilherme Cortez é o sexto entrevistado na série de sabatinas promovida pelo portal GCN/Sampi e pela rádio Difusora com os candidatos à Prefeitura de Franca. A transmissão ocorreu ao vivo pela Difusora, com exibição simultânea pelo portal GCN e nas redes sociais.

"Não sou vaidoso"

Adversários de esquerda têm dito nos bastidores políticos que a vaidade e o personalismo de Cortez teriam sido os maiores entraves à construção de uma candidatura única na cidade. Na semana passada, o também candidato a prefeito Tito Flávio, do PCB, verbalizou esta crítica durante participação na sabatina do GCN/Sampi e Difusora. Tito criticou Cortez, especialmente por ter lançado o próprio nome antes de encerradas as conversas com os demais partidos. 

Cortez discordou. Segundo ele, sua chapa foi a única capaz de unir mais de um partido de esquerda. "Eu sou o único candidato da esquerda nesta eleição que possui uma coligação. Não sou o candidato de um único partido ou de uma federação", afirmou.

Em relação ao petista Rafael Bruxellas [desistente da candidatura], Cortez revelou que havia a possibilidade de uma pesquisa para saber qual seria o candidato da esquerda no município. "A ideia era encontrar o nome com mais potencial para chegar ao segundo turno e levar a esquerda para lá pela primeira vez na história", disse. Ele assegurou que, se o nome do Bruxellas estivesse melhor posicionado, ele retiraria a sua candidatura. 

Sobre as críticas à sua candidatura, o deputado arrematou: "Se eu fosse vaidoso, não teria sido eleito deputado estadual com 45.094 votos. A lógica das pessoas é curiosa: muitos candidatos estão lá atrás nas pesquisas, disputando várias eleições consecutivas, e eu que sou vaidoso”, ironizou.

"João Rocha é quase uma peça de museu"

Para Cortez, a disputa deste ano é entre o "passado, presente e futuro". O candidato do passado, neste caso, seria João Rocha, que deseja conduzir a cidade a um momento político que, para Cortez, já não existe mais.

"Dá para contar quantas vezes o João Rocha vai falar que foi vice-prefeito lá em 1989. Ele é uma pessoa que está com a cabeça parada. É quase uma peça de museu", disse Cortez. "O João Rocha quer que a gente volte pra uma época que não existe, pra antes de eu nascer. Ele representa o atraso, como que tudo pode voltar atrás. O ódio, o preconceito, a violência que o bolsonarismo representou no Brasil e que eles querem trazer pra Franca agora".

Em relação ao presente, Cortez citou que a cidade enfrenta um momento de desânimo e falta de perspectiva, apesar de ter alcançado já seus 200 anos. Além disso, afirmou que o atual prefeito, Alexandre Ferreira, cumpre o papel de zelador da cidade sem se atentar às necessidades econômicas. “Muitos jovens estão pensando em deixar a cidade porque não veem futuro aqui”.

Por fim, Cortez enfatizou que sua candidatura representa o futuro, a juventude e a renovação. “Queremos evitar que a eleição seja decidida entre o ruim e o pior. Se o Alexandre não ganhar no primeiro turno, a disputa tem que se tornar uma escolha real entre a novidade e a mudança, e não entre o ruim e o pior”, afirmou.

"A tarifa zero requer planejamento"

Em relação ao seu eventual governo, o deputado disse que pretende levar adiante a ideia da tarifa zero no transporte público urbano de Franca. Segundo ele, mais de cem cidades no Brasil avançaram com a proposta, que é financiada com os tributos pagos anualmente pela população. O projeto atenderia principalmente crianças, estudantes, mulheres e idosos do município.

Cortez ainda detalhou diferentes modelos de financiamento para a tarifa zero. "Em São Caetano do Sul, a prefeitura criou um fundo municipal de transporte, onde as empresas compensam o vale-transporte investindo nesse fundo." 

Ele também mencionou outras formas, como financiamento através de publicidade nos ônibus, arrecadação de multas e até mesmo buscando recursos específicos com o Governo Federal ou o BNDES.

No entanto, o candidato fez questão de deixar claro que é um processo. "Eu não vou dizer que implementaremos a tarifa zero da noite para o dia, pois isso acabaria frustrando a população. É um processo que requer planejamento e adaptação."

"Vou revogar o contrato com a São José"

Em relação à parceria com a Empresa São José, Cortez prometeu revogar a licitação atual do município. Segundo ele, o contrato não atende às necessidades de Franca, por conta dos aumentos que considera abusivos e irregularidades no acordo.

Guilherme Cortez disse se considerar o único capaz de cumprir essa promessa. Em contraste, mencionou que o atual prefeito, Alexandre, tem feito um discurso conveniente sobre a revogação do contrato, que só seria decidido após as eleições. "Isso não é um compromisso real".

Sobre a substituição da São José, o candidato defendeu a criação de um modelo híbrido de transporte público, semelhante ao que ocorre em Porto Alegre (RS). Ele propõe a criação de um Serviço Municipal de Transporte de Franca, que absorveria parte dos trabalhadores da São José e abriria licitação para outras empresas. "Vamos usar o dinheiro atualmente dado de subsídio para a São José para criar uma empresa municipal", explica.

"Vou dobrar o efetivo da Guarda Civil Municipal"

Sobre a segurança municipal e a atuação da Guarda Civil, Cortez defendeu a integração do trabalho com a Polícia Militar. Além disso, afirma que pretende aumentar o contingente da força de segurança municipal, uma vez que o efetivo não é capaz de realizar a cobertura de todo o município. "A GCM não consegue cumprir adequadamente seu trabalho, porque está com pouquíssimos servidores. Vou buscar a ampliação do efetivo e da estrutura para que a corporação possa ser mais presente."

"Hoje, você tem ali na casa dos 50, 60 [servidores]. Você tem que, no mínimo, dobrar isso para começar a fazer o trabalho", projetou.

Sobre armar o efetivo da GCM, o candidato é claro: "São papéis diferentes. A Guarda Civil Municipal faz um trabalho patrimonial e de polícia cidadã, enquanto o trabalho ostensivo deve ser feito pela Polícia Militar", declarou. Ele também criticou a ideia de substituir a GCM por câmeras, afirmando que a presença física da guarda é essencial para garantir a segurança e coibir crimes.

"Centro POP não pode ser extinto"

Em relação à situação da população em situação de rua, Cortez afirmou que não pretende retirar o Centro POP da região da Vila Formosa. Ele destacou que a retirada do espaço apenas ajudaria a espalhar os moradores de rua pela cidade. "Primeiro, é importante destacar que não se pode simplesmente extinguir o Centro POP. Há candidatos que afirmam que vão acabar com o Centro POP, alegando que essa seria a principal política a ser implementada. No entanto, isso é uma falácia promovida por quem não tem um programa de verdade", explicou.

O candidato ainda ressaltou que o Centro POP faz parte de uma política federal essencial para a população em situação de rua. "Se o Centro POP for extinto, o problema da população em situação de rua se agravará, pois não haverá um centro de referência para auxiliá-los. É fundamental tratar essa questão com seriedade", acrescentou.

Sobre o uso de drogas, Cortez destacou a importância de ampliar a segurança pública para combater o tráfico que afeta a população em situação de rua. "Além disso, a segurança pública deve ser abordada com seriedade. É necessário combater o crime organizado e identificar aqueles que aliciam pessoas em situação de vulnerabilidade. É crucial oferecer tratamento adequado para aqueles que estão em situação de dependência química e garantir que recebam o suporte necessário", afirmou.

"Eu já sofri violência por ser bissexual"

Uma das principais bandeiras da campanha de Cortez é a defesa da população LGBTQIA+. Declaradamente bissexual, o candidato manteve seu compromisso com as minorias. Reforçou ainda a necessidade, que considera urgente, de combater a insegurança que afeta especialmente esses grupos vulneráveis.

"Não porque mereçam mais, mas porque sofrem mais hoje", explicou. Ele citou números alarmantes de feminicídios e recorda um caso recente de invasão em um terreiro de candomblé. Além disso, compartilhou sua experiência pessoal: "Eu mesmo já sofri violência física devido à minha sexualidade."

Ele argumentou que a política deve abraçar a diversidade para ser eficaz. "Eu sempre digo que se Franca for uma cidade melhor para esses grupos vulneráveis, ela será melhor para todos. Muitas vezes, as pessoas têm preconceito e ressentimento. Elas se perguntam por que dar atenção especial a um grupo se há outras necessidades. A verdade é que uma cidade onde ninguém é agredido, assassinada ou discriminada por sua identidade ou cor será uma cidade com mais qualidade de vida e dignidade para todos."

"Vou decretar intervenção na Santa Casa"

Por fim, o deputado enfatizou a necessidade de maior transparência na gestão da Santa Casa. "Primeiro, você tem que cobrar transparência lá. Vamos criar um comitê de cogestão permanente da responsabilidade da Santa Casa com a cidade, junto com a Prefeitura, o Ministério Público, o Governo Estadual e o Governo Federal", disse

"Se a criação desse comitê não for suficiente, ele avisa que estará preparado para tomar medidas mais drásticas: "Se isso não for suficiente, a gente vai decretar intervenção", completou.

Sabatinas

Assista à sabatina completa de Guilherme Cortez no vídeo no início deste texto.

Nesta terça-feira, 3, o GCN entrevista o candidato João Scarpanti (PCO). A sabatina começa às 11h10, transmitida ao vivo pela rádio Difusora e portal GCN/Sampi.

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Comentários

7 Comentários

  • Rafael 04/09/2024
    Tem que ser muito inocente para cair em um papo de tarifa Zero isso não existe , totalmente desesperado com a mesma ideia de engano para o povo que quer vida mansa, traga propostas que valoriza o trabalhador para que ele tenha condições de ter um meio de transporte sem virar refém de vocês políticos, acredito que não chega nem perto de vencer já que Franca não tem tanto analfabeto funcional assim.
  • Alex 04/09/2024
    Acho que a Barbara não acompanha a vida do deputado dela na Alesp. Ele leva várias lapadas diariamente de um tal Guto Zacarias que chega a dar dó do rapaz. KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK
  • Barbara Maricelle Silva Gouveia 03/09/2024
    Guilherme é o melhor candidato. Quero votar em quem respeita as pessoas e se preocupa com nosso planeta. Nunca vou esquecer a \"lavada\" que ele deu no Ricardo Salles aqui em Franca. Não vamos deixar passar a boiada em nossa cidade!
  • Mauricio Fico 03/09/2024
    ESSE CORTEZ É O PIOR CANDIDATO A PREFEITO DE FRANCA,FALA TANTA ASNEIRA,ENTRE ELAS SOBRE A STA CASA,SE ELE POR SER DEPUTADO PORQUE NÃO INTEERDITOU A STA CASA,AGORA VEM COM CONVERSA DE ABOBRINHA.
  • Odair 03/09/2024
    Tarifa zero mas sem proposta de como será custeado, é muito despreparo.
  • Francano 02/09/2024
    Q despreparo...
  • Rogério 02/09/2024
    Vaidoso, etarista esse é o candidato que quer unir a esquerda…. Francamente