A Comissão Justiça e Paz da CNBB Regional Sul 1 distribuiu carta, nesta sexta-feira, 5, em solidariedade ao padre Júlio Lancellotti, alvo da CPI das ONGs, de autoria do vereador Rubinho Nunes (União). O documento destaca que há anos Lancellotti realiza o verdadeiro trabalho de solidariedade e compromisso com os mais pobres, principalmente com a população em situação de rua.

“Ao fazê-lo, procura realizar em consonância com a sua nobre missão dada por nada mais, nada menos, que o próprio Jesus: ‘Pois, estava com fome e me destes de comer’”, destaca o documento. “O padre Júlio, sem dúvida alguma, é um dos grandes profetas dos dias atuais, no cuidado dos marginalizados, curando suas feridas, mas, também, ao expor as mazelas que produzem centenas de marginalizados todos os dias”, emenda.

O documento afirma que a CPI proposta na Câmara de São Paulo causa perplexidade, já que ao invés de procurar combater a desigualdade, persegue aqueles que o fazem. “O papel do poder público não deveria ser de acabar com os bolsões de pobreza através de políticas públicas eficazes, para que a cidade possa ser mais justa e fraterna para os seus cidadãos?”, questiona o documento. “Quando há ausência do Estado, aí entra o papel da Igreja, do padre Júlio e de outras entidades comprometidas que procuram realizar aquilo que o Estado não faz, por omissão ou ineficiência”, emenda.

A Comissão Justiça e Paz da CNBB Regional Sul 1 afirma, no documento, que Câmara de São Paulo deveria estar investigando a omissão ou a ineficiência da Prefeitura.

“Quando não há o papel atuante do poder público, também se abre brechas para o crime organizado que, infelizmente, leva muitos dos nossos jovens para o mundo das drogas, da violência... Onde está o poder público, que deveria criar caminhos de emprego, lazer, educação para que as pessoas possam ter uma vida com dignidade e perspectivas futuras? Ao invés disso, a Câmara Municipal de São Paulo, através da possível abertura desta CPI, demonstra colocar a culpa da pobreza, da marginalidade, da precariedade habitacional, da falta de emprego num pobre sacerdote idoso, em outros agentes de pastorais e organizações que procuram ajudar o próximo, por valores nobres que brotam da crença e dos valores defendidos, antes de tudo, por Jesus, que pediu aos cristãos, todos e todas, ‘dar a quem tem fome e socorrer os marginalizados’”, finaliza o documento.

Entenda o caso
A CPI das ONGs, de autoria do vereador Rubinho Nunes (União), pode ser instalada assim que a Câmara Municipal de São Paulo retomar os trabalhos, em fevereiro. Ela tem como principal alvo a atuação do padre Júlio Lancellotti na região central da capital, mais especificamente na Cracolândia, e a relação dele com as entidades.