Tudo de novo


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Novo ano, porém tudo se repete. Outra vez o mesmo. Tudo de novo, como no ano passado e nos anteriores: as resoluções que duraram menos do que uma noite de verão! Os propósitos abandonados. A inércia a dominar a rotina, tudo muito igual, tudo na mesma. Então, por que celebrar? Há motivos para comemorações? Algum significado na data que os povos costumam festejar como se fora um acontecimento invulgar? A sensação de mesmice pode contaminar os menos otimistas.

Só que há mudanças concretas. O calendário indica outra contagem. O aniversário é um confronto inevitável: mostra que a idade avança. O tempo não para, nem retrocede. É implacável. Há quem diga que um novo ano significa um ano a menos daquilo que se resta para viver.

Seja como for, um sopro de entusiasmo ajuda a seduzir grande parte das mentes, como se a convenção de se iniciar novo período de doze meses sinalizasse real mudança na vida humana.

Refazem-se as listas com os objetivos a serem perseguidos. Limpam-se gavetas. Rasgam-se agendas e calendários. Pode ser algo mágico. Pois mudar de atitude não depende da folhinha. Está no recôndito da consciência, único instrumento que pode impulsionar a vontade.

Que tal reduzir as pretensões e se satisfazer com pequenas atitudes? Mudanças radicais nem sempre são possíveis. Esquemas consolidados impõem uma sequência previsível e pouco afeiçoada a mutações. Toda modificação é traumática. Os italianos têm um ditado muito eloquente: “Qui lascia la strada vecchia, per la nuova, sa il qui lascia, non sa il qui trova”. Valerá a pena enfrentar desafios?

Em regra, o ser humano comum resiste a surpresas. Prefere seguir a meta programada. O comodismo é um comando forte. Por que mudar? Para que? O hábito, ou o costume, passar a constituir uma segunda natureza.

Quem muito cogita, não agita. Permanece, passivamente, deixando que a vida o leve. E ela leva mesmo...

Aceitar a dádiva gratuita da existência como um privilégio. Quantos aqueles que começaram 2019 e não chegaram a 2020?

Aqui estamos, com a graça de Deus. Mais um ano pela frente.

Feliz 2020 para todos!

 

José Renato Nalini
Reitor da Uniregistral, docente, conferencista e autor de Ética Ambiental
 

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