Antes de se tornar uma República, o Brasil era um Império; curiosamente, o único país independente do continente americano governado por um imperador
O feriado nacional de 15 de novembro tem seu fundamento na história política de nosso país e especialmente em capítulo que se tornou fundamental para a mudança de regime de governo que nos definiria pelos 130 anos seguintes. Entretanto, segundo pesquisas de comportamento divulgadas nessa data no ano passado, mais da metade do povo brasileiro ignora o motivo do feriado e, entre os que sabem citá-lo, há pouco conhecimento dos fatos. Isso é lamentável e denuncia a falta de informação em vastas camadas da população.
Antes de se tornar uma República, o Brasil era um Império; curiosamente, o único país independente do continente americano governado por um imperador. A independência havia sido conquistada em 7 de setembro de 1822, através da assinatura do decreto por Dona Leopoldina e da ação de Pedro I. Em outras palavras, era um estranho Império, dependente em tudo de Portugal, pois as decisões político-administrativas eram tomadas de forma unilateral pelo imperador Pedro II. Esse estado de coisas perdurou tranquilamente até o último quartel do século XIX, período marcado por uma série de mudanças sociais e econômicas.
Com a escravidão proibida por lei assinada pela princesa Isabel, filha de Pedro II, o Império perdeu o apoio dos escravocratas. Os republicanos, que ansiavam acabar com a monarquia, compartilhavam os mesmos ideais dos abolicionistas. Eram apoios substanciais que o imperador perdia rapidamente. A eles se juntaram os da Igreja, irritada com interferências profanas nas atividades do clero, e os dos militares descontentes com a proibição de se expressarem em artigos na imprensa. Por fim, a classe média formada por jornalistas, médicos, comerciantes, etc, em constante crescimento, mostrava-se desejosa de conquistar um espaço maior nas decisões políticas. Todos estes fatores reunidos foram determinantes para o fim das bases de sustentação da monarquia no Brasil.
Foi assim que em 15 de novembro de 1889, o marechal Deodoro da Fonseca declarou o fim do período imperial, formou um governo provisório, assumiu-se o primeiro presidente da história do Brasil. Era um golpe de Estado. O primeiro do país, que viveria outros.
O imperador não reagiu; confessava-se cansado depois de 58 anos de vida pública. Exilado para a Europa no dia 16 de novembro, morreu dois anos depois, em Paris. Seus funerais, com honras de chefe de Estado, foram seguidos por milhares de pessoas. Era homem culto, incentivador das ciências e das artes, diplomático e estudioso. Suas últimas palavras: ”Deus que me conceda esses últimos desejos - paz e prosperidade para o Brasil”. Mais do que nunca, esses votos fazem sentido e precisariam ser atendidos.
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