A morte do operário aposentado Paulo Maria Francisco, de 61 anos, trouxe um misto de tristeza e revolta para a sua família. Acompanhando o sogro que estava internado na Santa Casa de Franca, o operário passou mal, na manhã da última quinta-feira, 29 de setembro e, de acordo com sua mulher, o hospital negou os primeiros-socorros, afirmando que o mesmo deveria ser atendido primeiro no Pronto-socorro “Álvaro Azzuz” e, se necessário, seria novamente encaminhado para a internação no local. Horas depois, após duas paradas cardíacas, ele não resistiu e acabou morrendo. Inconformada com a situação, a família acusa a Santa Casa de omissão de socorro.
“Meu marido estava acompanhando o meu pai, que inclusive ainda está internado. Um acompanhante entrou em contato comigo, me avisando do mal estar do meu marido, e corri pro hospital. Chegando lá ele estava em uma cadeira, passando mal e sem nenhum atendimento. Um médico, acompanhado de vários estudantes que estão sempre por ali, estavam no quarto e mesmo comigo implorando para ver o que ele tinha, o profissional se negou”, disse Joana da Silva Mota, que completaria no início do próximo ano três décadas de casamento com Paulo.
“Depois de negar o atendimento, o médico me informou que deveria ir para o PS, pois, se necessário, seria encaminhado novamente para o hospital. Cheguei a questionar se meu marido voltaria em um caixão, mas ele saiu e me deixou falando sozinha”, completou.
Segundo boletim de ocorrência, registrado pela família na última segunda-feira, 3, com a negativa de atendimento no hospital o paciente seguiu de táxi para o Hospital Regional, onde tinha convênio. “O médico que nos atendeu no Regional informou que, por pouco, ele não chegou morto na emergência. Imediatamente encaminharam ele para o Hospital do Coração, mas ele não resistiu”, disse.
A família não descarta acionar a Justiça para que o caso seja apurado. O operário, que deixa dois filhos, foi sepultado na sexta-feira, 30, no Jardim das Oliveiras.
“Nada trará meu marido de volta. Se estivesse lendo ou ouvindo essa história de outra pessoa, confesso que teria dificuldades para acreditar. Dói bastante saber que poderia ter um desfecho diferente e quero evitar que mais casos assim aconteçam”, completou, emocionada, Joana.
Outro lado
Em nota, contrariando as afirmações da mulher do aposentado, a Santa Casa de Franca disse que um funcionário do hospital atendeu o paciente e realizou exames de glicemia, pressão arterial, saturação de oxigênio, sendo que, frente à alteração, foi solicitado atendimento pelo médico plantonista do dia, com imediato comunicado à família.
Ainda segundo a nota, no momento em que o paciente era encaminhado pela equipe de enfermagem até o pronto atendimento para avaliação médica, a esposa teria dito que não havia necessidade, pois o mesmo possuía convênio do Hospital Regional de Franca e que o táxi já os aguardava na porta do hospital para leva-los até lá.
“A esposa reiterou de maneira insistente que o levariam para o hospital de convênio. A Santa Casa de Franca destaca ainda que possui toda a estrutura médico-hospitalar para este tipo de caso em questão e, somente não deu continuidade ao atendimento já iniciado por opção da família em levá-lo para o hospital do convênio.”
A Santa Casa disse que não informaria os nomes dos profissionais envolvidos na ocorrência.
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