Um suplemento publicado pela Prefeitura de Franca no primeiro dia de janeiro de 1975 foi apresentado pelo prefeito Hélio Palermo quase em tom de desabafo. O chefe do executivo chamava a atenção para as contas da administração, as dificuldades de caixa e lembrava que a situação econômica difícil na época atingia a todo o Brasil.
Com 120 mil moradores, Franca tinha acabado de comemorar seu sesquicentenário (150 anos). A cidade, que pretendia se modernizar, punha em prática projetos como a construção de uma moderna sede para a Prefeitura e tocava obras para o tão sonhado aeroporto.
Ao mesmo tempo, questões básicas, como o saneamento e o fornecimento irregular de água na cidade eram preocupações constantes.
A obtenção de dois empréstimos junto à Caixa Econômica Federal poucos anos antes permitiu que o fornecimento fosse ampliado com serviços de captação no córrego Pouso Alegre e Bananal, deixando sem conclusão a obra mais importante no Rio Canoas.
O surgimento de novos bairros só fez o problema aumentar. As vilas São Sebastião, Raycos, jardins Santa Luzia e Califórnia estavam em processo de ocupação, mas as reclamações de novos moradores em relação à falta de água era preocupante, assim como a insuficiente rede de esgotos nestes e em outros pontos da cidade.
A Prefeitura de Franca, na tentativa de minimizar o problema, colocou dois caminhões-pipa para percorrer diversos bairros, procedimento que não atendia a demanda. A esperança estava na conclusão dos trabalhos para captação de água no Rio Canoas, que poderia finalmente levar água a regiões de Franca, como o Jardim Seminário, Parque Progresso, São Jorge e Vila Europa, que não tinham abastecimento.
A inauguração do novo serviço de DDD (Discagem Direta a Distância) chegava com promessas de ampliação das linhas de telefone em Franca, em 1976. Assim, a novidade vinha acompanhada da importância respectiva, marcada pelas presenças do ministro Severo Gomes, da Indústria e Comércio, e do governador do Estado de São Paulo, Paulo Egydio Martins.
Neste mesmo ano, o bancário Maurício Sandoval Ribeiro é eleito prefeito de Franca, com 16.976 votos, pelo partido da Arena, tendo como vice o professor José Chiachiri Filho. No total, entre candidatos da Arena e do MDB, seis nomes disputaram a Prefeitura naquela eleição.
Enquanto a cidade crescia, problemas novos iam surgindo. Assim era pública a discussão sobre como lidar com os menores infratores que permaneciam nas ruas de Franca.
Uma campanha, que mobilizou diversas autoridades, pretendia viabilizar a criação da Casa dos Meninos, para, inicialmente, abrigar 15 menores identificados pelo serviço social da Prefeitura.
As notícias dos menores, em seus “ensaios de marginalidade” como a imprensa chegou a dizer na época, e envolvidos em pequenos crimes, eram notícia constante nos jornais e emissoras de rádio. Assim, a instituição idealizada pelo juiz Rubens Zumstein teria a função de abrigá-los e educá-los durante um tempo determinado pela Justiça para sua internação.
Em 1981, um boletim do serviço de rádio patrulha da Polícia Militar mostrava as estatísticas do trânsito e da violência em Franca. Foram quase oito mil atendimentos, dos quais perto de duas mil ocorrências de trânsito, com 297 atropelamentos.
Dentro do documento, um número salta aos olhos: nada menos que 331 tentativas de suicídio foram registradas pela polícia naquele ano, em que 95% foram cometidas por mulheres com idades entre 16 e 30 anos. Outro apontamento mostra que 32 pessoas foram assaltadas durante o ano todo e 57 casas foram roubadas ou furtadas no perímetro urbano de Franca.
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