Cidade cresce e problemas aparecem


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Francal nasceu em Franca e trazia grandes autoridades para nossa cidade na década de 1970
Francal nasceu em Franca e trazia grandes autoridades para nossa cidade na década de 1970
Um suplemento publicado pela Prefeitura de Franca no primeiro dia de janeiro de 1975 foi apresentado pelo prefeito Hélio Palermo quase em tom de desabafo. O chefe do executivo chamava a atenção para as contas da administração, as dificuldades de caixa e lembrava que a situação econômica difícil na época atingia a todo o Brasil. 
 
Com 120 mil moradores, Franca tinha acabado de comemorar seu sesquicentenário (150 anos). A cidade, que pretendia se modernizar, punha em prática projetos como a construção de uma moderna sede para a Prefeitura e tocava obras para o tão sonhado aeroporto.
 
Ao mesmo tempo, questões básicas, como o saneamento e o fornecimento irregular de água na cidade eram preocupações constantes. 
 
A obtenção de dois empréstimos junto à Caixa Econômica Federal poucos anos antes permitiu que o fornecimento fosse ampliado com serviços de captação no córrego Pouso Alegre e Bananal, deixando sem conclusão a obra mais importante no Rio Canoas. 
 
O surgimento de novos bairros só fez o problema aumentar. As vilas São Sebastião, Raycos, jardins Santa Luzia e Califórnia estavam em processo de ocupação, mas as reclamações de novos moradores em relação à falta de água era preocupante, assim como a insuficiente rede de esgotos nestes e em outros pontos da cidade.
 
A Prefeitura de Franca, na tentativa de minimizar o problema, colocou dois caminhões-pipa para percorrer diversos bairros, procedimento que não atendia a demanda. A esperança estava na conclusão dos trabalhos para captação de água no Rio Canoas, que poderia finalmente levar água a regiões de Franca, como o Jardim Seminário, Parque Progresso, São Jorge e Vila Europa, que não tinham abastecimento. 
 
A inauguração do novo serviço de DDD (Discagem Direta a Distância) chegava com promessas de ampliação das linhas de telefone em Franca, em 1976. Assim, a novidade vinha acompanhada da importância respectiva, marcada pelas presenças do ministro Severo Gomes, da Indústria e Comércio, e do governador do Estado de São Paulo, Paulo Egydio Martins. 
 
Neste mesmo ano, o bancário Maurício Sandoval Ribeiro é eleito prefeito de Franca, com 16.976 votos, pelo partido da Arena, tendo como vice o professor José Chiachiri Filho. No total, entre candidatos da Arena e do MDB, seis nomes disputaram a Prefeitura naquela eleição.
 
Enquanto a cidade crescia, problemas novos iam surgindo. Assim era pública a discussão sobre como lidar com os menores infratores que permaneciam nas ruas de Franca. 
 
Uma campanha, que mobilizou diversas autoridades, pretendia viabilizar a criação da Casa dos Meninos, para, inicialmente, abrigar 15 menores identificados pelo serviço social da Prefeitura. 
 
As notícias dos menores, em seus “ensaios de marginalidade” como a imprensa chegou a dizer na época, e envolvidos em pequenos crimes, eram notícia constante nos jornais e emissoras de rádio. Assim, a instituição idealizada pelo juiz Rubens Zumstein teria a função de abrigá-los e educá-los durante um tempo determinado pela Justiça para sua internação.
 
Em 1981, um boletim do serviço de rádio patrulha da Polícia Militar mostrava as estatísticas do trânsito e da violência em Franca. Foram quase oito mil atendimentos, dos quais perto de duas mil ocorrências de trânsito, com 297 atropelamentos. 
 
Dentro do documento, um número salta aos olhos: nada menos que 331 tentativas de suicídio foram registradas pela polícia naquele ano, em que 95% foram cometidas por mulheres com idades entre 16 e 30 anos. Outro apontamento mostra que 32 pessoas foram assaltadas durante o ano todo e 57 casas foram roubadas ou furtadas no perímetro urbano de Franca.

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