Francano patenteia o ‘viagra caipira’


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Pesquisador Márcio Luís Andrade e Silva, 49, mostra pimenta-de-java e molécula extraída no laboratório da Unifran
Pesquisador Márcio Luís Andrade e Silva, 49, mostra pimenta-de-java e molécula extraída no laboratório da Unifran
Um documento que pode significar o surgimento de um produto inovador para o tratamento da disfunção erétil. Com orgulho, o farmacêutico Márcio Luís Andrade e Silva, 49, mostra o título de patente do uso da molécula de uma planta que pode superar o Viagra. Trata-se da cubeba ou pimenta-de-java, uma planta asiática de onde se retira a substância cubebina. A pesquisa foi desenvolvida integralmente na Unifran (Universidade de Franca) por um grupo de pesquisadores coordenado por Márcio.
 
A descoberta da substância se deu por acaso. Em 2000, Márcio coordenava um projeto de pesquisa em que uma molécula retirada da planta cubeba ou pimenta-de-java era modificada e testada contra doenças, como Chagas e esquistossomose (barriga d’água).
 
“Em 2004 uma aluna notou que o rato do experimento estava tendo uma ereção. Em 2009, eu e mais um aluno focamos nessa questão da disfunção erétil e depositamos a patente.” O pedido foi feito nos Estados Unidos, Europa, Japão e Brasil por um sistema internacional de patentes denominado PCT (Tratado de Cooperação em matéria de Patentes). 
 
Segundo o pesquisador, já foram gastos cerca de R$ 100 mil em depósitos e taxas envolvendo o processo de patentes. “Depois da fase de análise técnica em que são feitos questionamentos a respeito da pesquisa, recebi em julho a resposta do pedido nos Estados Unidos. Nossa descoberta foi considerada extremamente inovadora e a patente foi concedida”, disse o farmacêutico.
 
Agora, a tendência é que a concessão ocorra nos outros países. O documento oficial com o número da patente foi expedido em 9 de setembro.
 
“Esse título significa que qualquer pessoa que foi tentar mexer com a descoberta sofrerá a sanção dos Estados Unidos e terá que pagar para poder usufruir”, explicou o pesquisador francano.
 
De acordo com ele, a molécula tem um efeito 50% mais potente que os medicamentos tradicionais como o Viagra. Esse resultado se deve, por exemplo, à ação da substância que inibe uma enzima chamada fosfodiesterase tipo 5 (PDE5), que é responsável por interromper a ereção.
 
Segundo Márcio Luís, os efeitos colaterais de um medicamento feito a partir da cubebina seriam bem menores que os que acontecem com os remédios já existentes. “Não foram constatadas consequências como taquicardia, hiperatividade e confusão mental que existem nesses outros medicamentos. Nossa molécula diminuiu a frequência cardíaca ao em vez de aumentar, o animal fica mais calmo.”
 
Os próximos passos envolvem testes em roedores e não roedores, como cachorros e posteriormente com humanos. No momento, o grupo negocia com uma empresa brasileira para dar seguimento aos testes e viabilizar a produção de um medicamento. “Antes tivemos contato com um laboratório que nos deixou quatro anos aguardando uma resposta final, mas depois desistiram de investir, agora surgiu essa outra empresa.” A projeção é que em cerca de três anos possa ser oferecido um produto no mercado.
 
A planta
A cubeba ou pimenta-de-java é originária da ilha de Java, na Indonésia. Para utilizar a planta, os pesquisadores precisam importá-la da Índia. Ela é usada como condimento e para fins medicinais, envolvendo doenças parasitárias.
 

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