República do ‘carimbaço’


| Tempo de leitura: 2 min
Há alguns anos, o humorístico Zorra Total da TV Globo apresentava um quadro onde o bordão ‘comigo, só no carimbaço’ norteava todas as ações de uma repartição pública. Ou o cidadão esperava a burocracia ou então partia para a propina para conseguir agilizar o seu processo. Ficou pouco tempo no ar, certamente por usar o humor para denunciar um dos maiores entraves ao crescimento do País: a burocracia que muitos chamam de ‘burrocracia’ com toda a razão. Afinal, em pleno século XXI, quando a tecnologia tomou conta de grande parte da vida de todo mundo, ainda se exige uma infinidade de cópias, papéis e documentos probatórios. Por causa disso, mostram estudos que o tempo médio para abrir uma empresa é de 119 dias, contra uma média de 20 dias nos demais países do G20.
 
O que se percebe é que não há nenhuma vontade política de se resolver esta questão. O empreendedorismo é desmotivado pela série interminável de papéis exigida para quase tudo. São comprovantes de residência, de rendimentos, antecedentes criminais e fiscais, formulários em sequência para serem preenchidos e documentos de identidade. Além dos originais, exigem-se cópias e mais cópias que, na maioria das vezes, acabam arquivadas, criando depósitos com toneladas de papéis. No final das contas, não valem para nada. A maioria queda-se em prateleiras, acumulando poeira. Além disso, todos os dados são armazenados digitalmente.
 
Um bom exemplo é a renovação da CNH (Carteira Nacional de Habilitação). Mesmo com a existência do Poupatempo em Franca, onde se pode agendar o atendimento, ninguém demora menos do que duas horas no recinto. Exigem-se cópias da CNH e do comprovante de residência (os originais têm que ser apresentados), passa-se por um guichê que confere todas as informações (começam os carimbos) e o interessado é enviado a outro setor, com uma senha, onde espera ser chamado. Após minutos de espera, é direcionado a um segundo guichê, onde os papéis são novamente conferidos e carimbados. Daí, mais uma espera para tirar a foto e armazenamento das digitais dos dez dedos. Dali espera-se mais para o exame de vista, de onde o interessado se dirige à agência bancária existente dentro do Poupatempo, onde paga as taxas (depois de enfrentar uma longa fila). Saindo do banco, outra fila só para agendar a data de entrega, marcada para quatro dias depois.
 
O mesmo acontece para se abrir uma empresa, só que mais complicado ainda. Passa-se por várias repartições, apresentam-se diversos documentos (com cópias de tudo) e a espera chega a mais de três meses. Algo impensável, quando se vêem computadores por todos os lados. Mesmo assim, o excesso de burocracia não impede que golpes sejam aplicados por estelionatários que se dizem empresários. Para que a vida nacional se torne mais ágil, a desburocratização é necessária. É preciso que exigências de toneladas de papéis e milhares de atos vazios sejam desconsiderados. A burocracia só atravanca a vida do cidadão e do País. Por isso, precisa ser extirpada de vez.
 
email opiniao@comerciodafranca.com.br
 

Fale com o GCN/Sampi!
Tem alguma sugestão de pauta ou quer apontar uma correção?
Clique aqui e fale com nossos repórteres.

Comentários

Comentários