“São Longuinho, São Longuinho, se eu encontrar o objeto que perdi dou três pulinhos”. Quem nunca fez esse apelo ao santo em um momento de desespero a procura de algo que perdeu? O que poucos sabem é que ontem, 15 de março, foi o dia de São Longuinho. Porém, muitos lembram do melhor funcionário do setor de achados e perdidos do céu quando procuram por um objeto desaparecido.

 

O comerciante Maurício Olímpio da Silva, proprietário de uma loja de imagens religiosas em Franca, disse que o santo não é muito lembrado na hora em que um fiel escolhe a quem destinará sua devoção. “Aqui na loja católica ele não é muito procurado. A venda não é muito expressiva.” 

 

Existem duas imagens de São Longuinho: a da fase dele de soldado, com a lança, e dele já convertido, quando se tornou monge, com uma lanterna na mão.

 

A dona de casa Lina Pereira, de 67 anos, possui a imagem do São Longuinho monge que mantém junto com a dezena de outros santos que possui. “Ganhei da minha nora, pois ela sabe que gosto de imagens. Vou rezar um terço para o santo no dia dele.”

 

Não foi preciso pedir ajuda a São Longuinho para o Comércio encontrar pessoas que recorrem ao padroeiro dos objetos perdidos para encontrar seus pertences. “Vivo perdendo as coisas e ele me ajuda, mas aí tenho que pular”, disse a dona de casa Rosângela dos Santos.

 

A doméstica Marli de Oliveira Silva também acredita no poder de busca do São Longuinho. “Tenho muita fé nele. Ensinei para minhas filhas e netas e todo mundo já sabe o que fazer quando perde alguma coisa. Mas não pode ficar devendo pulinhos”, disse a doméstica.

 

O pespontador aposentado Francisco dos Santos disse que sempre ouviu falar na tradição dos três pulinhos. “É um costume antigo. Vivo perdendo a chave do carro, da casa e acredito que ele me ajuda a encontrar”, disse. 

 

Mistério

O Comércio até pediu ajuda a São Longuinho, mas nem com as preces foi possível achar a origem da tradição dos três pulinhos. Mas a história do santo foi contada pelo padre Márcio Rigolin, de Franca. Segundo ele, São Longuinho era um soldado que estava presente na cruxificação de Jesus. O santo teria sido atingido por gotas do sangue de Cristo após um outro soldado feri-lo com uma lança e, nessa hora, teria se convertido ao cristianismo. São Longuinho abandonou o exército e se tornou monge, mas, na época, os cristãos eram perseguidos e o santo foi decapitado. A figura dele aparece na Bíblia nos evangelhos de Mateus, Marcos e Lucas.

 

Segundo um site religioso, São Longuinho foi canonizado pelo Papa Silvestre II, no ano de 999. Há boatos de que o processo de canonização estava atrasado pois alguns documentos haviam se perdido. Segundo a história, o papa na época pediu ajuda ao próprio (futuro) santo para encontrar os papeis e conseguiu.