Está em cartaz na cidade um lindo filme feito para crianças. Chama-se A invenção de Hugo Cabret. Foi dirigido por um cineasta famoso, Martin Scorsese. Ele só tinha feito filmes para adultos. Mas aí sua filha de 10 anos lhe pediu para filmar uma história que tinha lido num livro do escritor Brian Selznick. Era a aventura de um menino chamado Hugo Cabret, passada no começo dos anos 1930.
Órfão e pobre, Hugo vive numa estação de trem em Paris e procura por uma chave que possa fazer funcionar o robô que herdou de seu pai. Em busca desta chave ele encontra várias pessoas. Uma delas é a menina Isabelle. Delicada e inteligente, também órfã, criada pelos velhos padrinhos, torna-se grande amiga de Hugo.
O padrinho de Isabelle se chama George Méliès. É um comerciante triste, carrancudo e misterioso. Tem uma loja de consertos de brinquedos dentro da estação. À frente dela passa sempre o Inspetor. Este parece ser muito mau; procura órfãos para enviá-los ao orfanato. Vive acompa-nhado por um feroz cão da raça Doberman. Durante todo o tempo do filme ele persegue Hugo Cabret.
Logo que o pai de Hugo morreu, ele ficou sob as ordens de um tio alcoólatra, que o obrigava a dar corda em todos os relógios da estação. Assim, ele passou a co-nhecer toda grande estrutura do prédio. Tem de fazer o serviço so-zinho porque o tio desaparece. Depois, fica sabendo que ele morreu afogado no rio Sena, que atravessa a cidade de Paris.
Mesmo contando com a amizade de Isabelle, garota que adora mistérios, Hugo passa por muitas situações difíceis. Mas ele é valente, não desiste de seus propósitos, e acaba descobrindo o jeito de o robô funcionar. O robô move o braço, faz um desenho e escreve algumas palavras. Esta descoberta leva Hugo, Isabelle e o público que está acompanhando a história e conhecer as origens do cinema.
Porque Georges Méliès, nós ficamos sabendo logo depois, havia sido um dos pioneiros do ci-nema. Pioneiros são aqueles que fazem algo novo pela primeira vez. Méliès tinha feito quase cem filmes desde que os Irmãos Lumière haviam inventado o cinematógrafo em 1895. Neste ano, no dia 28 de dezembro, eles fizeram a primeira apresentação pública de seu invento, o cinematógrafo.
O cinematógrafo era uma máquina de filmar e ao mesmo tempo de projetar imagens. Os irmãos ( Louis e Auguste) trabalhavam com o pai, que era fotógrafo e fabricante de películas fotográficas. Foi observando a forma de fotografar e o mecanismo da máquina que eles inventaram o aparelho que iria mudar muita coisa no mundo. O primeiro filme exibido por eles tinha menos de um minuto de duração. Ele aparece no filme A invenção de Hugo Cabret.
Este primeiro filmete mostrava um comboio chegando à estação. A exibição durava 50 segundos. Mas era tempo suficiente para muita gente sair correndo. Sabe por quê? As pessoas se assustavam, achavam que o trem sairia da tela e as atropelaria. Elas nunca tinham visto aquilo, não sabiam como funcionava. Mas Méliès, que estava lá, percebeu o grande alcance daquela invenção. Ele era mágico, trabalhava no teatro, sabia o que agradava ao público.
Assim, Mélès deu muito mais valor à invenção dos irmãos Lumière que eles próprios. Até quis comprar o apa-relho, mas não conseguiu. Então, criou o seu próprio cinematógrafo e passou a fazer filmes curtos, que na época eram mudos. Ele inventou um jeito de colorir as imagens no filme e também criou os primeiros efeitos especiais de que se tem notícia. Conseguiu desenhar uma lua atingida por um foguete, transformando a imagem num filme de muito sucesso, chamado Viagem à Lua. Foi em 1908. Isso também aparece em A invenção de Hugo Cabret.
No filme, a história de Méliès termina bem. Na vida real não foi assim que aconteceu. Ele fez muito sucesso até que veio a Primeira Guerra Mundial, que prejudicou os negócios de entretenimento de todo mundo. Sua empresa faliu, ele perdeu seus bens e terminou os dias em 1938, num abrigo para artistas desvalidos. Ao reconstruir sua história, Martin Scorsese procura reconhecer seu valor.
Para saber mais sobre as origens do cinema, assista ao filme A invenção de Hugo Cabret. Antes, conheça a origem da palavra cinema. Ela vem da língua grega, do vocábulo Kinema, que significa “movimento”. Todo filme é feito com milhares de imagens individuais chamadas fotogramas. Quando os fotogramas são projetados de forma rápida e sucessiva, o espectador tem a ilusão de que está ocorrendo movimento. O olho humano não consegue perceber a passagem rapidíssima de um fotograma para outro. Em um segundo passam 24 fotogramas na tela.
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