Uma ‘cidade’ dentro de Franca: complexo Aeroporto em expansão


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EM EXPANSÃO - Imagem mostra trecho da avenida César Martins Pirajá, no Aeroporto, na zona sul de Franca, onde o setor comercial está cada vez mais aquecido
EM EXPANSÃO - Imagem mostra trecho da avenida César Martins Pirajá, no Aeroporto, na zona sul de Franca, onde o setor comercial está cada vez mais aquecido

Basta chegar a uma das pontas da av. César Martins Pirajá, no Jd. Aeroporto, para ter dimensão do que o complexo de bairros, cravado na zona sul, reserva. A região formada pelos Jd. Aeroporto I, II, III e IV, Santa Bárbara e Aviação nasceu no fim da década de 70, se expandiu e ganhou independência. Pode ser considerada uma cidade à parte dentro de Franca. Os moradores podem fazer as compras, calçados e materiais escolares, cortar o cabelo, consertar a bicicleta, comer pamonha, pizza ou pastel e também agendar as aulas na autoescola. Tudo isso e mais um pouco, sem sair daquela região.

O complexo do Aeroporto possui quase seis mil casas, 413 pontos comerciais, 51 indústrias e cerca de 25 mil moradores. Conta com escolas públicas, creches, igrejas e duas Unidades Básicas de Saúde - uma delas 24 horas, a única da cidade.

A babá Cleusa Maria dos Santos, 52, é moradora do Aeroporto III, há 27 anos. Ela só deixa o bairro para pagar contas no Centro. “Costumo comprar tudo aqui, na farmácia, açougue, supermercado porque não compensa sair, pegar ônibus no preço que está a tarifa”, disse ela.

Cleusa mora com o marido, o filho de 24 anos e um neto, que estuda em um escola do bairro. “Quando mudei para cá não tinha nada, era só mato do lado da minha casa. Nem asfalto existia. Com o tempo está melhorando, só falta mais policiamento e a lotérica.”

No complexo Aeroporto ainda é possível ver cenas bucólicas. Crianças nas ruas soltando pipas, andando de bicicleta ou brincando de bola. Os moradores ficam sentados nas calçadas para bater papo e costurar sapatos. A lavradora Marly Salvino, 36, e as vizinhas costumam levar pufes e cadeiras para observar o movimento na rua. “Gosto de morar aqui no Aeroporto. Só acho que precisa de ter uma lotérica e mais médicos.”

Marly, como a maioria dos moradores, faz compras na região. Quem comemora é o comerciante José Antônio da Silva, 47. Ele mora no Pq. Progresso e resolveu montar uma loja de materiais de construção - a Hidro Silva - no Aeroporto III depois de observar o crescimento do bairro quando visitava parentes que moram na área. José Antônio começou num imóvel acanhado na av. César Martins Pirajá há quase oito anos e hoje está instalado num barracão de 180 metros quadrados que construiu no mesmo endereço. Em cima, o imóvel possui três apartamentos que ele aluga. No complexo Aeroporto existem quatro lojas de materiais de construção. “Tem a concorrência, mas há espaço para todos.”

AINDA FALTA
Ter uma lotérica ou correspondente bancário no bairro é um pedido unânime dos moradores. Mas não há expectativa de abertura de uma unidade. A assessoria de imprensa da Caixa Econômica Federal informou que foram abertas quatro novas lotéricas em Franca entre dezembro e janeiro e não há estudos para instalação de novas unidades.

As falhas no sinal dos celulares em alguns pontos é outro fator que irrita os moradores. O Aeroporto “Tenente Lund Presotto” há mais de três anos sem receber voos comerciais é mais uma decepção.

A jovem dona de casa Josiane Carla Salvino, 22, ainda se queixa da fama de violento que o Jardim Aeroporto tem. Diz que enfrenta preconceito. “Falam que o bairro é perigoso, que em cada rua que você passa tem uma pessoa com uma arma na mão, mas não existe nada disso. A gente é muito discriminada. Teve um tempo atrás que existia muita violência, mas hoje em dia você pode sair e deixar a porta do jeito que está e ninguém entra, ninguém mexe.”


 

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