Garimpo Bandeira


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<b>A VILA</B> -  Uma das casas existentes dentro do Garimpo do Bandeira; perto de mil pessoas e 400 famílias vivem no local
<b>A VILA</B> - Uma das casas existentes dentro do Garimpo do Bandeira; perto de mil pessoas e 400 famílias vivem no local
Uma vila com menos de mil moradores localizada em Minas Gerais, na região conhecida por Pontal do Triângulo Mineiro, é o outro lado do comércio de diamantes ligado a Franca. Até agora, a região foi pouco atingida pela Operação Quilate, ação da Polícia Federal realizada em 12 de agosto em sete cidades de dois Estados diferentes e que resultou na prisão de seis pessoas apenas em Franca. PF e Ibama (esse o órgão que fez as primeiras denúncias de exploração ilegal de diamantes) preferem não revelar com exatidão a localização de um garimpo com mais de seis décadas de existência. O chefe do escritório do Ibama de Barretos, Carlos Egberto Rodrigues, se limitou a dizer que o local fica entre as cidades de Colômbia (SP) e Frutal (MG), centro da operação. Com base nesta informação simplificada, a reportagem do Comércio partiu pouco antes das seis horas do sábado para tentar encontrar a área produtora e saber quantos são e como vivem os garimpeiros locais que estão na base da cadeia de exploração de diamantes. No itinerário, foram mais de 800 quilômetros rodados ao longo de um dia, boa parte em estradas de terra. A primeira parada foi na cidade de Guaraci (SP) a 205 quilômetros de Franca, em busca de informações que pudessem levar às áreas de garimpo que existem em toda a região. De lá, a reportagem partiu para Frutal. Até a cidade mineira foram mais 115 quilômetros. No meio do caminho, passamos também por Fronteira, o primeiro município após a travessia do Rio Grande, cortado pela BR 153, a Transbrasiliana, uma rodovia federal em péssimo estado de conservação. A paisagem é rasteira e de transição para o cerrado. Laranjais e canaviais dominam o cenário e vão se alternando a cada quilômetro de chão percorrido. Usinas de cana e a indústria da laranja são a base da economia e os maiores empregadores formais. Aos informais, resta dar conta de vender a grande produção local de abacaxis pérola, oferecidos nos acostamentos por R$ 5 o lote com 30 unidades. Para os motoristas que seguem pela estrada em direção norte, é obrigatório passar por um posto da Polícia Rodoviária Federal. Foi lá que a reportagem obteve as informações necessárias para chegar à área de garimpo que em novembro de 2007 serviu de palco para ações de fiscalização do Ibama, Ministério Público Federal, Polícia Federal e DNPM (Departamento Nacional de Prospecção Mineral), denominadas Operação Diamante Rosa, que acabaram por interditar a atividade no local e serviram de ponto de partida para a ação mais recente. Seguindo por mais 21 quilômetros pela BR 364 chegamos ao Garimpo do Bandeira, um povoado com não mais que 2,5 quilômetros quadrados, 18 ruas e perto de 400 famílias que vivem exclusivamente da extração e comercialização de diamantes. Surgido em 1943, quando a primeira pepita foi encontrada por "seu" Zizico nas águas do Córrego do Matão, dentro da fazenda com o mesmo nome, o povoado chegou a ter quase três mil moradores. Policiamento fixo não há. Segundo o comandante da Polícia Militar de Frutal, cidade de 51 mil habitantes (IBGE/2007), capitão Arnaldo Pereira Júnior, a demanda por segurança pública no local é baixa. "Não sei dizer quando o ocorreu o último homicídio, mas foi há anos". [FOTO2] No Bandeira, nome dado por causa do tamanduá que até hoje existe em grande número, o diamante está ligado ao cotidiano dos moradores. Com receio, muitos deles evitaram falar com a reportagem. Outros, como um homem identificado por Roberto e que lavrava cascalho seco, disseram que a interdição colocou as famílias em situação de depender de donativos e cestas básicas entregues pela Prefeitura de Frutal. Roberto afirmou que não era garimpeiro. Era apenas um pedreiro querendo encontrar sua "pedrinha". "Aqui ninguém vai morrer de fome por causa dessa palhaçada do governo (a interdição), não. De um jeito ou de outro a gente vai comer", disse ele, dando a entender que a atividade, mesmo com a possibilidade de outra ação policial, não cessaria. <p style="text-align: center;"><a target="_blank" href="http://francainsight.wordpress.com/files/2009/08/garimpo-ilegal.jpg"><img class="size-full wp-image-241 aligncenter" title="arte/comércio da franca" src="http://francainsight.wordpress.com/files/2009/08/garimpo-ilegal.jpg" alt="arte/comércio da franca" width="614" height="614" /></a></p>

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