São 35 anos de carreira, cerca de 50 discos lançados e uma intensa agenda de shows. Composições que viraram clássicos na voz de Elis Regina, Roberto Carlos e de cantores das novas gerações.
E uma pergunta no ar: onde está o cantor e compositor Antônio Carlos Belchior? Na edição do último domingo, o Fantástico (Globo) exibiu uma reportagem na qual os produtores tentaram, em vão, descobrir o paradeiro do músico, que há dois anos simplesmente desapareceu sem deixar pistas. Ontem, por telefone, o instrumentista francano Diego Figueiredo, que trabalhou com Belchior durante quase cinco anos, comentou o sumiço do cantor.
Segundo a matéria exibida na atração global, familiares e amigos de Belchior não têm notícias desde 2007. Sua última aparição pública foi em abril deste ano, em Brasília, onde ele deu uma "canja" em um show de Tom Zé, documentada em vídeo.
Diego Figueiredo, que trabalhou com Belchior de 2002 até o início de 2007, recorda que a última vez que encontrou o amigo foi no ano passado. "Encontrei com ele na Festa Nacional da Música, em Canela (RS), que reuniu artistas de todo o Brasil, e depois não tive mais notícias dele", diz e completa: "Não é que ele está desaparecido, ele está sumido. Ele parou com os shows, diminuiu a sua vida artística. Ninguém sabe dele... eu sei que ele está no Brasil, está em São Paulo, eu acho... mas já faz um ano que não falo com ele", ressaltou.
O instrumentista não consegue entender o que aconteceu, já que no período que trabalhou com Belchior, eles faziam uma média de 15 shows por mês e participavam ativamente de programas de televisão. "Naquela época ele era um cara super ativo e eu era muito amigo dele. A gente tinha muitos projetos, um deles era lançar um DVD, e de repente ele foi se distanciando de todo mundo...", disse Diego.
O francano acredita que esse distanciamento começou quando Belchior conheceu sua nova empresária chamada Edna. "Eles estavam sempre juntos e depois disso ele começou a se distanciar, não sei se foi exatamente por isso, mas eu lembro que nessa época (início de 2007) a gente começou a perder o contato". Se o relacionamento deles era só profissional, ninguém sabe.
"Eu queria saber o que aconteceu. Ele é uma pessoa tão inteligente, um cara superculto, determinado. Ele conhecia tudo da área musical e da literatura. Sabia aonde queria chegar, o que ele queria naquele momento da vida”, disse o músico, que avalia o trabalho do colega: “para um artista da MPB, do nível dele, que fazia 15 shows por mês, era um privilégio porque ninguém faz isso hoje".
E esse sumiço. Pode ser uma "jogada de marketing"? "É estranho... vai saber se ele está fazendo isso para voltar. Mas acho que não porque no ano passado ele apareceu no Programa do Jô (Globo). Acho que pode ser um descontrole, algum problema emocional...", supõe Diego, que atualmente trabalha com a equipe que era de Belchior. "Torço para que ele volte para fazer novos trabalhos e continuar sua carreira de sucesso", finaliza.
<b>ESPECULAÇÃO</b>
A matéria do Fantástico repercutiu, e segundo a página "Território da Música", do site Terra, Belchior pode estar imerso em um "projeto ambicioso e exaustivo". No texto, o jornalista Eduardo Guimarães cita uma entrevista do cantor concedida ao Centro Cultural Banco do Nordeste, de Fortaleza, em agosto de 2007, em que ele afirmou que estava dando andamento ao projeto de traduzir o poema épico "A Divina Comédia", de Dante Alighieri.
O livro traz 14.233 versos em língua toscana - dialeto que se assemelha ao atual italiano - e que precisariam ser traduzidos para o português.
Parentes de Belchior também comentaram a reportagem. Para o site G1, Ednardo Nunes, um primo do cantor que mora em Campinas, disse que esta situação "deve fazer parte provavelmente do projeto dele". "Eu quero acreditar que nós vamos ter uma surpresa muito em breve", afirmou.
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