POLÍTICA

Flávio Paradella: Uma moderna primeira-dama

Por Flávio Paradella | Especial para a Sampi Campinas
| Tempo de leitura: 6 min
Reprodução/FPX Cast
Maria Giovana Fortunato fala sobre vida ao lado de Dário Saadi, o papel de primeira-dama, a política nacional e sua convivência com uma doença incurável.
Maria Giovana Fortunato fala sobre vida ao lado de Dário Saadi, o papel de primeira-dama, a política nacional e sua convivência com uma doença incurável.

A primeira-dama de Campinas, Maria Giovana Fortunato, vive em 2025 uma virada pessoal e política. Empresária, sanitarista, ex-vereadora e ex-candidata à Prefeitura de Americana, ela é dona de uma trajetória própria antes de assumir o posto ao lado do prefeito Dário Saadi, com quem se casou neste ano. Em entrevista ao FPX Cast, ela falou abertamente sobre o relacionamento, a nova função pública, a política nacional e o impacto de seu diagnóstico de esclerose múltipla.

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Maria Giovana lembrou o primeiro encontro com Dário durante uma eleição — ocasião que marcou o início de uma ligação discreta, mas crescente. “A gente gostou muito de conversar, mas nós dois tínhamos uma postura muito respeitosa. Conversávamos abertamente… será que vai ser uma cabeça muito diferente? Será que uma coisa é uma conversa banal, outra coisa é um convívio?”, contou.

Ela destacou que a diferença de idade — “Nós temos 29 anos de diferença, eu sou o casal com a maior diferença de idade que conheço” — nunca foi um obstáculo real. “A gente tinha uma preocupação entre nós mesmo lá no início… e a gente não teve nenhuma dificuldade nesse sentido”, afirmou.

Ao se tornar primeira-dama, ela admite que ainda se adapta. “Nunca me imaginei ocupando esse espaço na política. A vida me colocou nesse lugar… tenho muita honra de estar hoje nessa posição, porque tenho muita honra de estar ao lado do Dário”, disse.

E completou: “Eu acho que eu sou uma primeira-dama do meu tempo, diferente.”

Apesar da nova rotina, ela mantém o foco no que considera sua missão como gestora e sanitarista: “Colocar o cuidado no centro do poder.”

A “fadiga” com Lula e Bolsonaro

Maria Giovana afirmou que evita falar sobre Jair Bolsonaro por motivos pessoais. “Eu perdi uma pessoa muito importante… no momento em que ele imitava as pessoas sufocando. Desde então, eu o coloquei num lugar que não é do campo político para mim”, relatou.

Mesmo assim, ela comentou a crise institucional que marcou o julgamento do caso do 8 de janeiro. “Eu entendo que foi um julgamento de golpe de Estado, com muitas provas robustas. E eu acho que o povo brasileiro está pedindo pelo fim da impunidade”, afirmou.

A primeira-dama avaliou que há desgaste nos dois campos políticos. “No caso do Lula também, esse sentimento de… foi impune. Agora também… poxa, que palhaçada. Agora vai eleger outro, aí solta esse, aí volta outro… Está faltando um país um pouco mais sério.”

Em sua visão, o Brasil está preso a uma disputa repetitiva: “Eu gostaria muito de ver o país caminhar para algo além de Lula e Bolsonaro. E quanto tempo a gente vai ficar nisso?”

O diagnóstico que mudou tudo

Em um dos momentos mais fortes da entrevista, Maria Giovana revelou que, no fim de 2022, enfrentava uma fase de exaustão física e emocional. “Eu falei: chega, alguma coisa está muito errada. Eu estava numa fila de transplante de fígado. Chega.”

A aproximação com Dário coincidiu com o início desse processo de investigação de saúde. “Ele citou que eu tinha fibromialgia e sugeriu que eu investigasse esclerose múltipla. Ele traz o meu diagnóstico. Tenho esclerose múltipla. E foi a melhor coisa que me aconteceu.”

Hoje, ela afirma que o tratamento estabiliza a doença e devolve qualidade de vida. “Eles (medicamentos) seguram de 80% a 90% a progressão da doença. Você consegue praticamente levar uma vida normal.”

Como sanitarista, ela transforma a experiência pessoal em reflexão pública: “O diagnóstico não é uma sentença, é um caminho. Eu tive um diagnóstico de uma doença sem cura e enxerguei um caminho.”

Uma primeira-dama com voz própria

Entre vida pública, carreira empresarial, papel institucional e desafios de saúde, Maria Giovana se define por autenticidade e propósito. “Qualquer espaço que a vida te leva a ocupar, você tem que dar o seu melhor”, afirmou.

E, aos 33 anos, deixa claro que não pretende ser apenas um símbolo decorativo de gestão — mas uma agente ativa de um tempo que exige novas formas de cuidado e política.

“Jair é vítima do sistema”, diz Renato Bolsonaro


Reprodução/Redes Sociais

Durante visita a Campinas nesta última semana, o pré-candidato a deputado pelo PL, Renato Bolsonaro, irmão do ex-presidente Jair Bolsonaro, voltou a criticar o processo que levou à condenação e à prisão do ex-chefe do Executivo. Em entrevista à Jovem Pan Campinas, ele classificou a decisão do Supremo Tribunal Federal como “um processo puramente político” e afirmou que não vê, no momento, possibilidade de reversão do cenário jurídico.

Segundo Renato, a condenação é baseada em uma construção artificial. “Quero frisar o seguinte: a condenação não é por golpe de Estado, e sim por um suposto golpe. Criaram uma narrativa. É um processo totalmente sem rito legal, jurídico, sem provas”, declarou.

Ele afirmou que, em sua avaliação, não há evidências que incriminem o ex-presidente. “Jair Bolsonaro, em nenhum momento, existe uma prova concreta de que participou desse suposto golpe, desse fake golpe que criaram para tirá-lo do cenário político em 26”, disse.

O pré-candidato também associou o processo a perseguição política. “Ele vem sofrendo uma perseguição desde o início do mandato. Tudo isso para que fosse isolado e não pudesse participar das eleições. Aí sim é um golpe”, afirmou.

Renato comentou ainda a prisão do ex-presidente no último sábado (22) e disse que a operação não surpreendeu o grupo político. “A velocidade do processo, as justificativas já prontas… todo mundo sabia que ia ser condenado. A surpresa foi só o voto do ministro (Luiz) Fux”, afirmou.

Sobre o episódio da tornozeleira eletrônica, alvo de grande repercussão, ele admitiu ter duvidado inicialmente. “Pelo que eu conheço do meu irmão, não acreditava. Mas, vendo os fatos, ele realmente vem sofrendo perseguição há muito tempo”, afirmou.

Renato Bolsonaro também analisou o crescimento do nome do governador Tarcísio de Freitas como possível substituto de Bolsonaro na disputa presidencial. Segundo ele, esse apoio não é automático.

“Jair Bolsonaro deve pensar muito antes de dar apoio político a alguém, mesmo que seja o Tarcísio. Dependendo de como andar a situação jurídica dele, que até não apoie ninguém”, disse.

Ele criticou o Congresso por, segundo ele, não cumprir compromissos assumidos sobre eventual anistia. “É difícil acordar alguma coisa com esse pessoal. Prometeram pautar a anistia e até agora nada”, disse.

Renato também alertou para riscos institucionais caso Bolsonaro permaneça inelegível. “Se Jair Bolsonaro não participar, muitos países, principalmente os Estados Unidos, não terão como reconhecer a legitimidade das eleições de 26”, afirmou.

Direita fortalecida?

Apesar das tensões políticas, Renato disse não acreditar em enfraquecimento da direita para 2026. “Eu não vejo a direita enfraquecida. Vejo um cenário muito propício. Ninguém tolera injustiça”, declarou.

Ele afirmou que, na avaliação dele, a reação do eleitorado será direta nas urnas. “A correção da injustiça vai ser o voto contra o PT. Estão eliminando adversários, mas isso vai virar um tiro pela culatra”, disse.

O deputado encerrou afirmando que ainda aposta em mudanças. “A esperança é a última que morre e a fé move montanhas. A gente continua com esperança e fé para reverter esse quadro”, afirmou.

  • Flávio Paradella é jornalista, radialista e podcaster. Sua coluna é publicada no Portal Sampi Campinas aos sábados pela manhã, com atualizações às terças e quintas-feiras. E-mail para contato com o colunista: paradella@sampi.net.br.

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