A semana teve de tudo e terminou com um movimento inesperado no tabuleiro político de Campinas. Em um vídeo publicado nas redes sociais, o ex-prefeito Hélio de Oliveira Santos, o “Dr. Hélio”, de 75 anos, aparece ao lado do deputado federal Aécio Neves (PSDB-MG), que anuncia a visita do médico à sede nacional do PSDB, em Brasília, e o convida publicamente a integrar o partido de olho nas eleições de 2026.
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No registro, Aécio — apontado como futuro presidente nacional do PSDB — fala em reforçar as fileiras tucanas com o ex-prefeito. Dr. Hélio, por sua vez, agradece, diz ter sido convidado e abraça efusivamente o deputado, sem confirmar de forma explícita a filiação, mas deixando clara a intenção de voltar ao cenário eleitoral. O gesto recoloca seu nome no radar da política campineira após mais de uma década afastado dos cargos públicos.
Fora da Prefeitura desde 2011, quando teve o mandato cassado em meio ao chamado “Caso Sanasa”, escândalo de corrupção envolvendo a empresa de saneamento, Dr. Hélio passou a ficar recluso e a atuar nos bastidores. Sua biografia, porém, segue diretamente ligada à história recente da cidade.
Nascido em Corumbá (MS), em 1950, Hélio de Oliveira Santos é médico formado pela Unicamp, foi deputado federal por São Paulo e se elegeu prefeito de Campinas em 2004. Em 2008, foi reeleito em turno único, com ampla votação, consolidando-se como uma das principais lideranças locais.
À frente do Executivo municipal, sua gestão ficou marcada por investimentos em saúde (Hospital Ouro Verde), educação (Nave-Mãe) e mobilidade urbana (Túnel Joá Penteado e Rodoviária. Ao mesmo tempo, o governo se desgastou com denúncias de irregularidades em contratos públicos, que culminaram na abertura de comissão processante na Câmara e na cassação do mandato em 20 de agosto de 2011.
Nos anos seguintes, Dr. Hélio enfrentou uma série de processos judiciais relacionados à administração municipal. Parte desses casos foi sendo derrubada ao longo do tempo. Em 2021, a Justiça absolveu o ex-prefeito em uma ação de improbidade ligada às obras do Hospital Ouro Verde. Em fevereiro de 2024, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) anulou a condenação criminal na esfera estadual sobre o mesmo hospital.
Ao longo da carreira, Dr. Hélio passou por diversas siglas — a principal foi o PDT — e até tentou voltar à Prefeitura em 2016 e 2020, mas teve a candidatura barrada em razão questionamentos sobre elegibilidade. O aceno de Aécio Neves recoloca agora o PSDB como possível nova casa partidária para o ex-prefeito, num momento em que a legenda tenta reconstruir espaço político após ser reduzida a pó e perder protagonismo em São Paulo (em todo o país) e reduzir sua presença em cargos majoritários.
O mundo capota

Reprodução/Facebook
A ida de Hélio ao PSDB e sua parceria com Aécio chamam atenção, pois o ex-prefeito tinha o costume de fazer ataques aos tucanos nas redes sociais. Uma rápida checada e já foi possível encontrar uma “pancada” de Hélio. Na postagem, uma imagem de Aécio Neves ao lado de Geraldo Alckmin. O mundo dá voltas de maneira até surreal: hoje Alckmin está no PSB e é vice de Lula e agora Hélio vai para o PSDB do parceirão Aécio.
Caso Otto: PL Campinas e Débora Palermo

Divulgação/CMC
O diretório do Partido Liberal em Campinas e a vereadora Débora Palermo se manifestaram publicamente sobre as denúncias de violência doméstica atribuídas Otto Alejandro, parlamentar do PL, que vem sendo investigado após relatos de agressões físicas, verbais, psicológicas e ameaças de morte feitos por uma mulher que afirma ter sido sua companheira.
Sem citar diretamente o nome do vereador Otto, ambas as manifestações deixam claro o repúdio ao suposto comportamento violento do parlamentar e cobram providências das autoridades competentes. O caso veio à tona após a vítima registrar boletim de ocorrência relatando episódios de violência e ameaças, o que motivou a abertura de inquérito policial e gerou forte repercussão na cidade.
Em nota assinada pela presidente do PL Campinas, Regina Guimarães, e pelo vice-presidente, Professor Alberto, o diretório reafirma que o partido é “plenamente contrário a qualquer forma de violência de gênero” e afirma estar acompanhando o caso em alinhamento com a direção estadual. “Repudiamos profundamente toda e qualquer forma de violência física, psicológica ou moral contra a mulher”, diz o texto, que também defende que o processo siga com seriedade, responsabilidade e respeito ao devido processo legal.
A vereadora Débora Palermo, que também integra o PL, publicou nota de repúdio em suas redes sociais. “Não há espaço para conivência ou silêncio diante de qualquer forma de violência contra a mulher”, declarou. Ela frisou que, embora o acusado pertença ao seu partido, considera obrigação se manifestar diante da gravidade dos fatos, reforçando apoio às vítimas que têm coragem de denunciar e pedindo que as investigações sejam conduzidas com agilidade, transparência e imparcialidade.
As novas manifestações se somam às já feitas anteriormente pela secretária municipal de Políticas para as Mulheres, Alessandra Herrmann, e pela Secretária estadual Valéria Bolsonaro (PL), ambas ressaltando a importância do acolhimento à vítima, o combate à violência de gênero e o compromisso com a apuração rigorosa dos fatos.
Otto Alejandro ocupa a presidência da almejada Comissão de Constituição e Legalidade e é o líder do PL no legislativo.
O vereador nega as acusações.
Comissão Processante (de Novo)
E no fim da tarde desta sexta-feira, a Câmara Municipal de Campinas confirmou o esperado recebimento de um pedido para abertura de Comissão Processante contra o vereador Otto Alejandro (PL), sob acusação de possível quebra de decoro parlamentar. O protocolo foi apresentado por Adriano Vieira Novo, que cita a denúncia registrada na 1ª Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) em 10 de novembro, envolvendo supostos crimes de ameaça, injúria, violência doméstica e dano ao patrimônio.
Segundo o documento, o pedido também menciona o episódio de 13 de julho, quando o vereador foi acusado de danificar o vidro traseiro de um ônibus e ameaçar o motorista na avenida Francisco Glicério.
O requerimento será analisado pela Procuradoria Jurídica da Câmara, que verificará se o pedido cumpre os requisitos do Decreto-Lei 201/67, norma que trata da responsabilidade de vereadores. Caso esteja devidamente instruído, a leitura e a votação sobre a admissibilidade devem ocorrer na sessão ordinária de segunda-feira, dia 17.
- Flávio Paradella é jornalista, radialista e podcaster. Sua coluna é publicada no Portal Sampi Campinas aos sábados pela manhã, com atualizações às terças e quintas-feiras. E-mail para contato com o colunista: paradella@sampi.net.br.