POlÍTICA

Flávio Paradella: Rafa Zimbaldi é expulso do Cidadania

Por Flávio Paradella | Especial para a Sampi Campinas
| Tempo de leitura: 4 min
ALESP
Deputado estadual Rafa Zimbaldi foi expulso do Cidadania, partido alega dupla filiação após Zimbaldi assumir presidência do União Brasil em Campinas.
Deputado estadual Rafa Zimbaldi foi expulso do Cidadania, partido alega dupla filiação após Zimbaldi assumir presidência do União Brasil em Campinas.

executiva estadual do Cidadania em São Paulo oficializou, nesta quarta-feira (5), a expulsão sumária do deputado estadual Rafael Zimbaldi de seus quadros partidários. A decisão foi assinada pelo presidente estadual da legenda, deputado federal Alex Manente, e teve como base a suposta filiação de fato e de direito ao União Brasil, partido em que Zimbaldi efetivamente preside a executiva municipal provisória em Campinas desde novembro do ano passado.

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De acordo com o Ato nº 01/2025, a medida se apoia no artigo 9º, inciso II, alínea “d”, do estatuto do Cidadania, que determina o cancelamento automático da filiação em caso de vínculo com outro partido político. O documento também cita a legislação eleitoral e a jurisprudência do TSE, que proíbem uma dupla filiação, tornando a permanência do deputado no Cidadania juridicamente insustentável, de acordo com o diretório estadual.

A decisão ressalta que o fato é “público e notório”, amplamente divulgado pela imprensa e confirmado por registros oficiais do União Brasil. Por esse motivo, não foi instaurado processo disciplinar, uma vez que se trata de “fato objetivo e incontroverso”.

O partido determinou o cancelamento imediato da filiação de Zimbaldi no sistema FILIA/TSE e comunicará a medida à Justiça Eleitoral, ao Diretório Nacional, ao Diretório Municipal de Campinas e à Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), onde o parlamentar exerce mandato. O objetivo é atualizar a representação partidária da sigla na Casa.

A Secretaria Executiva Estadual também foi orientada a anexar documentos e reportagens que comprovem a atuação de Zimbaldi no União Brasil, reforçando a decisão.

A expulsão ocorre em meio a um processo de reestruturação do Cidadania em Campinas, iniciado após a destituição do antigo diretório municipal — também determinada por Alex Manente.

Com base no recurso protocolado por Rafael Zimbaldi, segue abaixo a reformulação jornalística completa da reportagem, agora incorporando a defesa apresentada, conforme solicitado anteriormente e seguindo as diretrizes editoriais obrigatórias:

Zimbaldi acusa Manente de perseguição


Reprodução

O deputado estadual Rafael Zimbaldi apresentou recurso interno ao Diretório Estadual do Cidadania-SP contra sua expulsão sumária do partido. A coluna teve acesso ao recurso.

No documento, Zimbaldi rebate duramente os argumentos e sustenta que nunca se filiou ao União Brasil, afirmando que não há nenhuma comprovação oficial registrada no sistema FILIA do Tribunal Superior Eleitoral. O parlamentar denuncia falta de contraditório, ausência de processo disciplinar e o uso de um ato unilateral e autoritário que, segundo ele, fere tanto o estatuto da legenda quanto a Lei dos Partidos Políticos (nº 9.096/1995).

Em sua petição, o deputado afirma que foi surpreendido com a decisão por mensagem de WhatsApp, sem qualquer comunicação formal prévia ou abertura de procedimento interno. Segundo o documento, a suposta filiação ao União Brasil foi apenas “alegada” por Manente, sem a devida comprovação documental. “Expulsar um deputado estadual sem ouvi-lo mostra arrogância, prepotência e desrespeito à democracia”, diz o recurso.

“Não sou ditador, sou legalista”, respondeu Manente em mensagem reproduzida no recurso, ao justificar que o estatuto do Cidadania prevê a desfiliação automática em casos de dupla filiação.

Zimbaldi contesta essa interpretação. O recurso afirma que não há prova de filiação oficial ao União Brasil; a Justiça Eleitoral é quem deve apurar eventual duplicidade, não o partido; não houve abertura de processo disciplinar conforme exigido no Estatuto e na Lei 9.096/1995; a decisão viola os artigos 6º, 10, 11 e 40 do Estatuto, que garantem voz, defesa e regras de deliberação; e que o caso se trata de uma “perseguição política de quem quer ganhar tudo no tapetão”.

O parlamentar conclui pedindo a nulidade do Ato nº 01/2025, alegando que a medida é “ilegal, precipitada e midiática”, adotada sem provas, sem respeito ao devido processo legal e sem previsão estatutária específica. Ele solicita que a presidência estadual do partido esclareça formalmente quais documentos e dispositivos legais embasam a expulsão automática e por qual razão a decisão teria substituído a competência da Justiça Eleitoral.

O posicionamento


Reprodução

A deputado estadual Rafa Zimbaldi entrou em contato com a coluna e enviou o seguinte posicionamento: “Fui surpreendido com a notícia da minha expulsão do partido Cidadania. Sempre atuei com respeito ao estatuto da legenda e à federação com o PSDB, mantendo postura ética e coerente com os princípios partidários.

A decisão, tomada sem qualquer oportunidade de defesa, revela um ato político de perseguição motivado pelo meu posicionamento como político de direita.

Considero essa atitude um grave desrespeito à democracia por parte daqueles que engendraram minha expulsão de forma arbitrária e unilateral.

Isso é inadmissível em qualquer organização política brasileira democrática. O mínimo que se espera de um partido é o respeito ao contraditório e à ampla defesa, pilares fundamentais do Estado de Direito”.

  • Flávio Paradella é jornalista, radialista e podcaster. Sua coluna é publicada no Portal Sampi Campinas aos sábados pela manhã, com atualizações às terças e quintas-feiras. E-mail para contato com o colunista: paradella@sampi.net.br.

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