A semana será mais curta, mas promete ser tensa e barulhenta na Câmara Municipal de Campinas. A votação do pedido de Comissão Processante (CP) contra a vereadora Mariana Conti (PSOL) foi adiada para quarta-feira, dia 29, após o Legislativo antecipar o feriado do Dia do Servidor Público para a segunda (27), cancelando a sessão ordinária.
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Com o novo cronograma, a expectativa é de plenário novamente lotado e de um novo capítulo do confronto ideológico que tomou conta da Casa nas últimas semanas. Mariana já convocou militantes e apoiadores para acompanharem a sessão, o que deve repetir o cenário de provocações e discussões acaloradas entre parlamentares e público — um espetáculo que, na última ocasião, beirou o ridículo, com cenas de empurra-empurra verbal entre a esquerda e a direita.
O pedido de abertura da CP foi apresentado pelo vereador Nelson Hossri (PSD), que acusa Mariana de ter cometido “infração político-administrativa” ao se licenciar do mandato para integrar uma missão humanitária internacional à Faixa de Gaza. Ocorre que a licença foi autorizada pela própria Câmara, e o afastamento, não remunerado, está previsto na Lei Orgânica do Município e segue o mesmo princípio do artigo 56 da Constituição Federal.
Mesmo assim, o pedido segue no sistema legislativo e deve ser lido e votado na sessão de quarta. A tendência é que a base governista evite o confronto direto, mas a pressão política promete transformar o plenário em arena.
No começo do mês, quando se pensava que o pedido seria lido, o plenário virou um verdadeiro ringue político. Militantes pró-Mariana provocaram vereadores da direita, que, por sua vez, reagiram de forma infantil e raivosa, transformando a discussão institucional em um circo de gritos e ironias. Por fim, como a vereadora seguiu afastada, a procuradoria entendeu que a leitura teria que ser adiada.
Agora, com o retorno da vereadora ao plenário após a detenção em águas internacionais por forças israelenses e fim da licença, a votação da CP tende a reacender as polarizações e testar, mais uma vez, a capacidade (ou a falta dela) do Legislativo de lidar com divergências políticas sem recorrer à histeria.
A quarta-feira, portanto, promete não apenas tensão, mas também uma amostra — talvez a mais nítida — de como a política campineira em uma guerra narrativa, em que as CPs viraram armas de retaliação e o plenário, um palco de performance para redes sociais.
Francisco Sellin

Divulgação/CMC
A Câmara Municipal de Campinas aprovou por unanimidade o Projeto de Resolução que dá o nome de “Francisco Sellin” à Galeria de Ex-Presidentes da Casa. A proposta, apresentada pela vereadora Débora Palermo (PL), presta homenagem a um dos políticos mais respeitados da história recente da cidade.
Francisco Sellin, que faleceu em 1º de março de 2025, aos 89 anos, teve uma trajetória marcada pelo serviço público e ao trabalho comunitário. Ex-policial rodoviário, foi eleito seis vezes vereador e presidiu o Legislativo campineiro no biênio 1997–1998.
Durante a votação, a vereadora Débora Palermo ressaltou o simbolismo da homenagem. “A denominação da galeria é uma forma de eternizar o legado de Francisco Sellin, que dedicou sua vida à cidade de Campinas com ética, coragem e profundo respeito à população”, destacou a parlamentar.
- Flávio Paradella é jornalista, radialista e podcaster. Sua coluna é publicada no Portal Sampi Campinas aos sábados pela manhã, com atualizações às terças e quintas-feiras. E-mail para contato com o colunista: paradella@sampi.net.br.