O prefeito de Campinas, Dário Saadi, concedeu entrevista ao jornalismo da Jovem Pan Campinas. Na conversa, o chefe do Executivo abordou temas que têm movimentado a administração municipal nas últimas semanas, entre eles a suspensão da licitação dos kits escolares, a mudança na Secretaria de Educação, as obras do Hospital Metropolitano e da Miguel Melhado Campos e o novo edital do transporte público.
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Sobre a decisão do Tribunal de Contas do Estado (TCE-SP) que suspendeu a licitação dos kits escolares, Dário foi direto: “Eu já determinei que esse edital seja adequado, reduzindo o prazo de validade, reduzindo e colocando todas as questões que foram questionadas. Eu não quero questionamento do Tribunal e a determinação do prefeito foi adequar o edital e publicar com as adequações”, afirmou.
O TCE havia apontado problemas como prazo contratual excessivo, falta de comprovação técnica das empresas e ausência de critérios claros de avaliação. O prefeito garantiu que o processo será refeito para atender às exigências do órgão e evitar novos entraves.
Na área da educação, Dário comentou a substituição do ex-secretário José Tadeu Jorge por Patrícia Adolf Lutz, que vinha atuando na rede estadual. O prefeito destacou o perfil técnico e a experiência da nova gestora: “A Patrícia é uma pessoa que tem uma larga experiência na educação. Ela comandava a região oeste de Campinas com mais de 70 mil alunos e tenho certeza que ela fará uma gestão próxima de toda a educação, de todos os profissionais da rede de Campinas”, disse.
Ele explicou que a troca foi motivada por questões pessoais de Tadeu Jorge: “O secretário Tadeu Jorge está com problemas de saúde na família e pediu um tempo para cuidar das suas questões pessoais”, afirmou. Segundo Dário, a nova secretária já iniciou visitas às escolas e seguirá com as metas traçadas pela pasta. “As metas são claras: as dez escolas de ensino de tempo integral, que nós vamos começar as publicações dos editais nos próximos meses, e melhorar os indicadores da educação municipal”, destacou.
Em relação às obras de infraestrutura e saúde, o prefeito informou que o projeto de lei que doa a área para construção do Hospital Metropolitano já está em tramitação na Câmara: “O projeto de lei que doa a área para o Estado fazer a licitação e construção do Hospital Metropolitano já está na Câmara Municipal e deverá ser aprovado rapidamente”, disse.
Dário também atualizou o andamento da duplicação da avenida Miguel Melhado Campos, uma das principais vias de ligação entre Campinas e Vinhedo: “Eu tenho conversado bastante com o governador Tarcísio e ele quer entregar essa obra ainda esse ano. Ele me garantiu que logo logo as obras da Miguel Melhado estão finalizadas e logo logo publicará também a licitação para a construção do Hospital Metropolitano”, relatou.
O prefeito ressaltou que o novo hospital será uma conquista regional. “Foi uma vitória de toda a Região Metropolitana de Campinas, que eu tenho a honra de presidir o conselho hoje, e tenho certeza que vai ajudar muito na situação da saúde da região”, afirmou.
Por fim, Dário comentou o andamento do edital de licitação do transporte público, que havia sido prometido para outubro: “A Emdec deverá finalizar nesse mês de outubro o edital e encaminhará para a publicação. A gente acredita que deveremos ter sucesso nessa licitação”, garantiu.
Segundo ele, o novo edital foi elaborado “baseado nos apontamentos da Justiça, do Ministério Público, do Tribunal de Contas e também ouvindo as consultas públicas”. O prefeito encerrou a entrevista demonstrando confiança: “A gente espera que dessa vez a gente publica e tenha êxito”.
Enquanto isso...

Divulgação/PMC
Campinas vive, mais uma vez, o retrato do fracasso estrutural de seu sistema de transporte coletivo, que parece funcionar à base de remendo. A paralisação desta quinta-feira (23), motivada pelo atraso no pagamento de salários e benefícios, deixou 70% da frota parada entre 4h e 6h da manhã e expôs de forma crua o esfacelamento de um serviço essencial.
A situação beira o absurdo: motoristas sem receber, ônibus parados e uma cidade inteira refém de um modelo falido. A Emdec, mais uma vez, foi obrigada a recorrer à Justiça do Trabalho, pedindo liminar para garantir 100% da frota em operação ou, na pior hipótese, 70% nos horários de pico e 50% nos demais. A empresa também pediu multa de R$ 50 mil por dia ao sindicato em caso de descumprimento. Situação delicada, pois uma categoria protesto pelo seu direito mais básico: salário.
O movimento atingiu motoristas das concessionárias VB1, VB3, Campibus e Onicamp, ou seja, todo o sistema. A Emdec acionou o PAESE (Plano de Apoio entre Empresas de Transporte frente às Situações de Emergência), que colocou 28 ônibus de cooperativas nas ruas — uma solução improvisada, mais paliativa do que efetiva. Afinal, a quinta-feira foi de imagens de passageiros amontoados e revoltados nos pontos.
Os veículos foram direcionados aos eixos de maior demanda, especialmente Amoreiras, Ouro Verde e Campo Belo, para evitar o colapso do deslocamento de trabalhadores da saúde e de serviços essenciais.
Mesmo com o fim do movimento às 6h, a normalização foi lenta, com terminais bloqueados e longas filas em corredores como Ouro Verde, Barão Geraldo e Amarais. Para muitos passageiros, a madrugada virou um caos logístico — gente que perdeu hora de trabalho, exames, compromissos.
É impossível dissociar o episódio da crise financeira e operacional do transporte público em Campinas. As concessionárias apontam queda de receita, aumento de custos e dependência de repasses públicos para manter a frota rodando. O poder público, por sua vez, atua em caráter emergencial — como bombeiro apagando incêndio.
A judicialização do transporte virou prática: a cada paralisação, uma liminar. A cada liminar, uma trégua temporária.
O episódio é particularmente sensível para a gestão Dário Saadi. O transporte coletivo é, atualmente, o ponto mais frágil de seu governo, e a insatisfação popular cresce a cada nova crise. A promessa de modernização e eficiência não saiu do discurso. Enquanto isso, a imagem que fica é a de uma cidade com um sistema decrépito, dependente de improvisos e sem rumo estratégico.
Em resumo: Campinas tem um transporte público que vive de sustos, liminares e paliativos. E, pelo andar do ônibus — ou melhor, pela falta dele —, o passageiro continua sendo o grande sacrificado de uma engrenagem que parece prestes a parar de vez.
PIDS aprovado

Divulgação/CMC
Os vereadores de Campinas aprovaram em segundo turno, durante a 65ª Reunião Ordinária desta quarta-feira (22), o Projeto de Lei Complementar 3/2024, que define as regras de parcelamento, uso e ocupação do solo do Polo de Inovação para o Desenvolvimento Sustentável (PIDS). O território integra o ecossistema de ciência e tecnologia formado por Unicamp, CIATEC e o futuro Hub Internacional para o Desenvolvimento Sustentável (HIDS), além de estar alinhado ao Plano Diretor do município.
Além do texto principal, os parlamentares aprovaram três emendas, entre elas a que limita a altura dos projetos habitacionais de interesse social, buscando equilibrar o crescimento urbano e o perfil da região.
O vereador Paulo Haddad (PSD), líder do governo na Câmara, destacou o processo participativo que antecedeu a votação. “A aprovação do PIDS proporcionará que a região tenha uma ocupação ordenada, com moradias de interesse social, comodidade à população a partir do conceito da cidade de quinze minutos e oportunidade de emprego. O projeto foi amplamente discutido, com muitas sugestões acatadas e será um grande ganho para Campinas”, afirmou.
Segundo o Executivo municipal, o PIDS estabelece parâmetros urbanísticos e ambientais voltados à atração de empresas de alta tecnologia, promovendo pesquisa, inovação e sustentabilidade. O texto divide o território em duas zonas principais: a Zona de Centralidade (ZC-PIDS), voltada ao uso misto e moradia multifamiliar, e a Zona de Atividade Econômica (ZAE-PIDS), destinada a atividades de inovação, pesquisa e serviços de suporte.
A proposta também prevê medidas como a redução da altura máxima de prédios na área de expansão do polo — de 12 para 4 pavimentos —, a criação do Parque Ambiental Anhumas e o incentivo à mobilidade sustentável, com ciclovias e calçadas mais largas.
O projeto foi debatido desde 2024, em 12 encontros regionais em Barão Geraldo e duas audiências públicas na Câmara. Apesar do apoio da base governista, vereadores da oposição manifestaram críticas, alegando que o texto pode favorecer a especulação imobiliária e reduzir áreas verdes da região.
Com a aprovação, o PIDS torna-se uma das principais diretrizes de desenvolvimento urbano de Campinas, integrando políticas de inovação, sustentabilidade e cooperação internacional, em sintonia com os objetivos da Agenda 2030 da ONU.
- Flávio Paradella é jornalista, radialista e podcaster. Sua coluna é publicada no Portal Sampi Campinas aos sábados pela manhã, com atualizações às terças e quintas-feiras. E-mail para contato com o colunista: paradella@sampi.net.br.
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